quinta-feira, 10 de maio de 2018

A Missão dos Doze



A MISSÃO DOS DOZE




Texto Base: Mateus 10:1-23



INTRODUÇÃO:
Depois de ser batizado (Mateus 3:13-17), Jesus foi levado ao deserto pelo Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, para ser provado pelo Diabo. Humanamente falando, Jesus não tinha necessidade de passar por esta experiência, mas Deus colocou o Seu Filho à prova a fim de que tivéssemos um exemplo a ser seguido.




“Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. (Hebreus 4:15)

Jesus foi tentado em sua natureza humana, porém Ele não pecou. Nas áreas em que foi tentado, a Palavra de Deus foi a arma utilizada por Jesus para derrotar o Diabo.
Jesus Cristo saiu do deserto vitorioso e deixou-nos o exemplo de que nós também podemos ser vencedores, mas para isso, é necessário que estejamos fortalecidos pelo Espírito Santo de Deus e tenhamos uma vida de oração e leitura da Palavra assim como Ele. Passada a provação, Jesus foi para a região praiana da Galileia e deu início ao seu ministério público.

"Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mateus 4:17).



I.            JESUS CHAMA E CAPACITA OS DOZE  (10:1-4)


É interessante observar que a escolha de todos os discípulos de Jesus foi direcionada e amparada pelo Pai; após Jesus passar uma noite em oração no monte, Ele passou a chamar cada um.






Naqueles dias, retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos: (Lucas 6:12,13).

A chamada dos primeiros quatro primeiros discípulos de Jesus está registrada em Mateus 4:18-22 e Lucas 1:16-20 e aconteceu no local de trabalho deles: na praia.

Caminhando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram. Passando adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco em companhia de seu pai, consertando as redes; e chamou-os. Então, eles, no mesmo instante, deixando o barco e seu pai, o seguiram.

... e deste texto aprendo que:

1.    Jesus valoriza as nossas experiências de vida e ensina que elas são muito úteis no exercício do ministério apostólico.
2.    Todos nós somos chamados para testemunhar, mas para ministérios específicos, Deus chama pessoas específicas.
3.    Jesus chama pessoas que estão ocupadas, trabalhando! O ofício de pescador requer do profissional, além dos conhecimentos relativos à arte da pesca, a responsabilidade, a força, a persistência, a perseverança, a fé e a coragem para enfrentar diariamente o perigo, os embates das ondas e a fúria do mar. 
4.    Jesus conhece muito bem aqueles que Ele separa e chama para realizar Seu trabalho aqui na terra.
5.    Deus conta com pessoas preparadas, envolvidas em trabalhos, pessoas que têm objetivos, destemidas, responsáveis e que vivam pela fé.
6.    Deus move o coração dos vocacionados para responder, de imediato a Jesus, respondendo SIM ao chamado.
7.    O chamado de Deus é claro e objetivo.
8.    O trabalho que estamos realizando quando Deus nos chama para o ministério, pode muito bem ser realizado por outras pessoas.
9.    Os pais não devem impedir, nem ofuscar e nem desviar seus filhos do chamado missionário, mas encorajá-los a obedecer a Deus.
10. O chamado de Deus é para a família. Acerca disso, vamos falar mais adiante.

       A.   Breve histórico da vida dos discípulos:



Simão Pedro, André, Tiago e João eram pescadores e estavam trabalhando com seus pais. Jesus os chama para serem "pescadores de homens". Quando chamados, todos eles deixaram imediatamente as redes e seguiram Jesus.

Caminhando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram.  (Mateus 4:18-20)

SIMÃO é um nome de origem hebraica e significa "ele ouviu". Simão teve seu nome acrescentado para Pedro, nome de origem grega que significa "pedra, rochedo". Pedro foi um líder de grande influência na Igreja Primitiva. Não encontramos nenhuma menção no Novo Testamento sobre a morte de Pedro de Pedro, porém livros históricos registram que ele sofreu martírio em Roma por ordem do imperador. Conta-se que na hora de ser morto, pediu que fosse crucificado de cabeça para baixo, por não se julgar digno de morrer como Seu Mestre e Senhor.

ANDRÉ também é um nome de origem grega e significa "homem", "másculo, viril". André era um dos discípulos João Batista e conheceu Jesus através de João Batista que o apresentou como sendo "O Cordeiro de Deus". André seguiu Jesus até a casa onde Ele estava morando. Ao retornar para sua casa, contou ao seu irmão Pedro que havia encontrado Jesus e estado com Ele. André levou Pedro até Jesus (João 1:35-42). Assim sendo, quando Jesus os chamou na praia, tanto André como Pedro já sabiam era Jesus e não hesitaram em segui-LO prontamente.
Sobre André:
Diz a tradição que André viveu seus últimos dias na Cítia, ao norte do mar negro. Mas um livreto intitulado: Atos de André (provavelmente escrito por volta do ano 260 d.C) diz que ele pregou primariamente na Macedônia e foi martirizado em Patras. Diz ainda, que ele foi crucificado numa cruz em forma de “X”, símbolo religioso conhecido como Cruz de Sto. André [1].

TIAGO, o filho de Zebedeu é de origem grega do hebraico Ya’aqov, Iago e significa  ‘suplantador‘ ou ainda ‘o que segura o calcanhar‘. Também pode ser lido como ‘aquele que ultrapassa‘. A interpretação deste nome implica em atitudes que estão relacionadas à Fé como forma de superação, tornando-a o único método para perpassar as adversidades, quaisquer que sejam elas [2].  Este Tiago foi o primeiro dos apóstolos a ser morto, por Herodes. Sua morte está registrada no livro de Atos.

"Por aquele tempo, mandou o rei Herodes prender alguns da igreja para os maltratar, fazendo passar a fio de espada, a Tiago, irmão de João" (Atos 12:1,2)

JOÃO, o filho de Zebedeu e irmão de Tiago significa  agraciado por Deus‘ ou ‘Deus é cheio de graça‘. Outra interpretação possível é ‘dádiva de Deus‘. O nome pode ser entendido como uma referência ao amor e ao perdão que o Senhor concede por meio da fé daqueles que nela perseveram pelo ministério [3]. João é o autor do quarto evangelho e do livro de Apocalipse. Foi o último dos discípulos a morrer. Ainda sobre João:
Diz a tradição que ele cuidou da mãe de Jesus enquanto pastoreou a congregação em Éfeso, e que ela morreu ali. Preso, foi levado a Roma e exilado na Ilha de Patmos. Acredita-se que ele viveu até avançada idade, e seu corpo foi devolvido a Éfeso para sepultamento [4]Jesus deu o apelido a Tiago e a João de "filhos do trovão":

"Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, quer dizer: filhos do trovão" (Marcos 3:17)

MATEUS, também chamado de Levi (Lucas 5:27-29) foi chamado por Jesus enquanto trabalhava. Mateus trabalhava para o governo romano cobrando impostos do povo palestino. Esses cobradores eram chamados de publicanos, uma classe social odiada pelo povo dado à fama de serem corruptos cobrando impostos acima do que a lei permitia. O valor superfaturado ia para os bolsos dos publicanos tornando-os ricos às custas da miséria do povo. Um bom judeu não se associava com publicanos (Mt 9.10-13). No entanto, Jesus rompe este paradigma e vê em Mateus um potencial para ser Seu discípulo. Ao se aproximar de Mateus, Jesus dirige a ele a palavra e ordena que O siga. Mateus não vacilou. Deixou aquele emprego que dava a ele "vantagens" e seguiu a Jesus. O evangelista Lucas vai além em seu relato (5:27-27) e diz que Levi "deixou tudo" para seguir a Jesus.
Mateus e Levi são nomes hebraicos. Mateus significa "presente, dádiva de Deus" e Levi significa "ligado, vinculado, unido".
Segundo a tradição, Mateus morreu de morte natural na Etiópia ou na Macedônia[5].
A chamada de Filipe, de Bartolomeu (Natanael), de Tomé; de Tiago, o filho de Alfeu; de Tadeu; de Simão, o zelote; e de Judas Iscariotes são mencionados em Marcos 3:18. Judas, o filho de Tiago é mencionado em Lucas 6:16.

FILIPE é o prenome grego Φίλιππος [Fílipos], latinizado em Philippus, composto de φιλέω [filéo], "querer, amar com afeto de amizade", e ἵππος [híppos], "cavalo", portanto, significa "amigo dos cavalos" ou "aquele que gosta de guerras" e sugere a capacidade de ser fiel em qualquer circunstância, mostrando sempre a lealdade como principal característica [6].
Além de André, o evangelista João menciona o chamado missionário de Filipe e de Natanael. Filipe era da cidade de Betsaida, a mesma cidade de André e Pedro. Jesus o chamou e Filipe também O seguiu sem vacilar; além disso, anunciou a Natanael que havia encontrado Jesus (João 1:43-51). Felipe também morreu de morte natural.

BARTOLOMEU, também chamado de NATANAEL, creu em Jesus depois do Mestre ter dito que o vira debaixo de uma figueira antes mesmo de Filipe o chamar. Admirado, Bartolomeu exclamou: "Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel" . Sobre Bartolomeu:
Creem alguns estudiosos que Bartolomeu era o sobrenome de Natanael. A palavra aramaica bar significa “filho”, por isso o nome Bartolomeu significa literalmente, “filho de Talmai”. A Bíblia não identifica quem foi Talmai. Supondo que Bartolomeu e Natanael sejam a mesma pessoa, o Evangelho de João nos proporciona várias informações acerca de sua personalidade. Jesus chamou Natanael de “israelita em quem não há dolo” (Jo 1.47). Diz a tradição que ele serviu como missionário na Índia e que foi crucificado de cabeça para baixo [7].

TOMÉ também era chamado de Dídimo (Jo 20.24 – "Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus"). Dídimo é a palavra grega para “gêmeos” assim como a palavra hebraica t’hom significa “gêmeo”. Sobre Tomé:
Diz a tradição que Tomé finalmente tornou-se missionário na Índia. Afirma-se que ele foi martirizado ali e sepultado em Mylapore, hoje subúrbio de Madrasta. Seu nome é lembrado pelo próprio título da igreja Martoma ou “Mestre Tome” [8].

TIAGO, o filho de Alfeu. Sobre ele:
Muitos estudiosos creem que Tiago era irmão de Mateus, visto a Bíblia dizer que o pai de Mateus também se chamava Alfeu (Marcos 2:14). Outros creem que este Tiago se identificava como “Tiago, o Menor”, mas não temos prova alguma de que esses dois nomes se referiam ao mesmo homem (Marcos 1:40). Se o filho de Alfeu era, deveras, o mesmo homem Tiago, o Menor, talvez ele tenha sido primo de Jesus (Mateus 27:56; João 19:25). Alguns comentaristas da Bíblia teorizam que este discípulo trazia uma estreita semelhança física com Jesus, o que poderia explicar por que Judas Iscariotes teve de identificar Jesus na noite em que foi traído. (Marcos 14:43-45; Lucas 22:47-48). Dizem as lendas que ele pregou na Pérsia e aí foi crucificado. Mas não há informações concretas sobre sua vida, ministério posterior e morte [9].

TADEU é a identificação que Mateus e Lucas dão a este discípulo (Mateus 10:3 e Lucas 3:18). Lucas o menciona como “Judas, filho de Tiago” (Lucas 6:16; Atos 1:13). João distingue um dos discípulos como Judas, "o que não era o Iscariotes" (João 14:22). Sobre Tadeu, ou Judas, a história diz que
Judas foi a Abgar depois da ascensão de Jesus, e permaneceu para pregar em várias cidades da Mesopotâmia. Diz outra tradição que esse discípulo foi assassinado por mágicos na cidade de Suanir, na Pérsia, que o mataram a pauladas e pedradas [10].

SIMÃO, é identificado como zelote. Segundo a história:
Esse apelido pode significar tanto a cidade de origem, como a sua participação na seita ultra-nacionalista e não religiosa chamada de Os Zelotes, ou zeladores, conservadores das tradições hebraicas que lutavam para a libertação de Israel dos Romanos. Como os outros apóstolos, também percorreu os caminhos da Palestina pregando o evangelho. Da mesma forma que Felipe, parece ter ido primeiro ao Egito, seguindo a tradição sinóptica de que Jesus enviava seus discípulos aos pares. No entanto, parece ter voltado através da África do Norte, Espanha e Bretanha, chegando a Ásia Menor. Deste ponto pode ter viajado com Judas pela Mesopotâmia e Síria, juntado-se a outros Apóstolos orientais na Pérsia. Segundo uma notícia de Egésipo, o apóstolo teria sofrido martírio durante o império de Trajano, contando já com a avançada idade de 120 anos.

         JUDAS ISCARIOTES é identificado como o traidor de Jesus Cristo. Dentre os discípulos, ele era o único que não era galileu. Judas Iscariotes era filho de Simão de Queriote, cidade próxima a Hebrom (Josué 15:25) segundo João 6:71 e 13:26).  Após trair Jesus, tocado pelo remorso, Judas procurou devolver o dinheiro que ganhou para trair Jesus e buscou resolver sua situação tirando a sua própria vida através do enforcamento (Mateus 27:5). Triste fim teve este discípulo. Judas Iscariotes teve muitas oportunidades para ser um discípulo de verdade, mas preferiu colocar seus interesses acima de Deus e de Sua obra.

Jesus chamou doze discípulos. A palavra "discípulo"  vem do grego μαθητης (máfitis) e  significa “aprendiz, pupilo, aluno, discípulo” [11].
Mas por que Jesus chamou 12 discípulos? Segundo pesquisadores, o número 12 na Bíblia tem um significado simbólico e diferem de numerologia.

Os significados simbólicos dos números na Bíblia que acabamos de considerar não são o mesmo que numerologia, que envolve a busca de significados ocultos em números, combinações ou totais numéricos. Por exemplo, cabalistas judeus analisaram as Escrituras Hebraicas usando uma técnica chamada gematria, que procura um código oculto nos equivalentes numéricos das letras. A numerologia é uma forma de adivinhação, algo que Deus condena [12]. — Deuteronômio 18:10-12.
O número 12 é o resultado de 4 vezes 3, isto é, um número bem completo. Encontramos para o número 4 a simbologia da terra com os quatro pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste. O número 3 nos liga a realidade divina em sua Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Unindo céu e terra multiplicando 4 x 3 teremos o número 12. O número 12 englobando a Terra (4) e o céu (3) multiplicado indica o número perfeito. Portanto nos livros do Antigo Testamento encontramos o número 12 na nomeação das 12 tribos de Israel. No livro do Apocalipse encontramos os anciãos são 24, isto é, 2 X 12 (Ap 4:4). Os que serão salvos (Ap 7:4) serão 144.000, isto é 12 X 12 X 1000! Enfim podemos considerar o número da totalidade (Ap 21:12-14). Muitos chegam a pensar que Jesus escolhe 12 discípulos (apóstolos), para dar entender que com o grupo estava nascendo o Novo Israel, o novo Povo de Deus. Jesus foi sábio em formar seu grupo de discípulos (apóstolos) com 12 pessoas.
De forma que o número 12 encontrado nos livros sagrados falam da totalidade perfeita, na economia de Deus. O número 12 é a perfeição na ciência e no conhecimento. Somente Deus pode ser entendido como perfeição absoluta.


     B.   Capacitados com autoridade Espiritual para serem embaixadores
Com sua equipe já formada, Jesus passa a capacitá-los para a obra missionária dando a eles autoridade sobre o mundo espiritual e físico das pessoas.

"... Deu-lhes Jesus autoridade sobre os espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades". (10:1b)

·         Doença e enfermidade:

Ambas palavras não são sinônimas. Segundo o teólogo Luis Roldan [13],

A doença: É algo que todos nós estamos sujeitos, isso porque vivemos em um corpo físico, de carne e osso, aonde temos células que podem ficar doentes, morrerem, podemos ser atingidos por ações de vírus e bactérias ou de um mal funcionamento de algum sistema do nosso corpo, ou de um órgão. As doenças são de cunho patológico, a sua causa é física, isso afeta nosso corpo e até mesmo nossa mente. Não tem por sua causa algo espiritual.
A enfermidade: É de cunho espiritual, ou seja, tem sua causa em uma ação espiritual demoníaca. Podemos ver nos quatro evangelhos que Jesus quando curava um enfermo, sempre saia um ou mais demônios do corpo do indivíduo, ou primeiro Jesus expulsava o demônio e consequentemente a cura acontecia instantaneamente. Isso porque aquele demônio que ali estava, era um espírito de doença, ou seja, um demônio que atua na saúde das pessoas causando males. Claro que os males atingem o corpo físico, a mente, a psiquê da pessoa, por isso muitos acham que é apenas um doença normal, mas a raiz de tudo isso é uma ação espiritual.
Assim sendo, podemos entender porque Isaías diz que – "Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido" (Isaías 53:4).
Prosseguindo em nosso estudo vemos que os discípulos foram investidos de autoridade para representar Aquele que os estava enviando. Eles foram enviados como embaixadores de Deus. Que grande responsabilidade! Nós também somos chamados e enviados como embaixadores conforme o apóstolo Paulo nos assegura em II Coríntios 5:20 – "De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois rogamos que vos reconcilieis com Deus".
O embaixador é uma pessoa autorizada a comunicar os interesses de um grupo a representantes de outro. Nós somos investidos de autoridade por Deus Pai, Filho e Espírito Santo para comunicar a mensagem de Boas Novas de Salvação às pessoas do mundo a fim de que elas se reconciliem, ou seja, façam as pazes com Deus.
É requerido de todo embaixador que ele esteja em sintonia com quem está representando, por isso, Jesus convoca seus embaixadores para que tenham uma vida de oração pela seara (mundo) e pelos trabalhadores.
Diferentemente do que muitas pessoas pensam, Jesus não romantiza e nem floreia o campo missionário; pelo contrário, Ele é muito claro aos seus discípulos e a nós sobre a realidade que vamos viver em Sua obra "Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos... porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas..." (10:16a, 17b).
Portanto, "orar é a missão possível que nós podemos fazer. Salvar, chamar, capacitar e enviar é a missão impossível que só Deus pode fazer. Façamos o possível e deixemos os impossíveis com Deus" (Raquel Alcantara, 01/05/2018)  e "Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara."  (9:38)


II.         INSTRUÇÕES PARA OS EMBAIXADORES EM MISSÃO (10:5-8)


As instruções que Jesus dá aos seus discípulos são verdadeiras aulas de diplomacia, boas maneiras, ética e cidadania.

A.   Em relação ao público alvo:

Os vs. 5 e 6 tratam do público alvo. Os discípulos deveriam pregar, preferencialmente, aos judeus não convertidos, aos quais são considerados como "ovelhas perdidas da casa de Israel". É também uma alusão ao povo de Deus. Isso nos ensina que, apesar de Israel ser o povo escolhido de Deus, a salvação dos pais não garante a salvação dos filhos. A salvação é uma decisão pessoal.
O comentarista Champlin [14] diz


... as ovelhas sempre precisam dos cuidados de um pastor para que precisam sobreviver... por sua própria natureza, a ovelha tem pouquíssima iniciativa, que chega às raias da fraqueza; e assim sendo, elas tendem a perder-se ou ser guiadas erradamente com grande facilidade. As ovelhas também quase não sabem se defender. Essas debilidades das ovelhas sugerem o quanto o povo de Deus deve depender de Deus, para que seja guiado pelo caminho, pois o homem é moralmente fraco.

B.   Em relação ao tema da mensagem:

No v. 7 "e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus"  temos o tema da mensagem que deviam pregar: a proximidade do reino de Deus. E o que é o Reino de Deus? É o reino espiritual de Jesus Cristo na vida das pessoas que O aceitam como Salvador e no mundo futuro sem a presença do pecado e de Satanás.
A mensagem deve ser pregada em todo tempo, continuamente, daí a ênfase nas palavras de Jesus "e, à medida que seguirdes, pregai...".
Paulo também recomendou a Timóteo sobre a importância de pregar a Palavra de Deus – "prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina" (II Timóteo 4:2).

C.   Em relação à prática da mensagem e do princípio da gratuidade

No v. 8  "Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai"  Jesus menciona a prática da mensagem e o princípio da gratuidade no ensino do caminho da Salvação.  A autoridade dada aos discípulos para a realização da missão era sobre a lepra, uma doença física que segregava e excluía a pessoa do convívio social (purificai leprosos), sobre a morte (ressuscitai mortos) e sobre as  enfermidades (curai enfermos, expeli os demônios).
Além disso, Jesus ensina que seus embaixadores deviam prestar serviços gratuitos na pregação da mensagem de salvação. Assim como eles haviam recebido gratuitamente de Jesus Cristo a bênção da salvação, deviam compartilhá-la a todos os povos de todos os tempos. Esta também é a nossa missão nos dias de hoje. 


III.       PROVISÃO PARA A MISSÃO (10:9-15)

A.   Dinheiro
No v. 9 "Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos;"  Jesus instrui como os seus embaixadores deviam se portar enquanto viajavam em Missão e sobre a provisão para a viagem.
Eles não deveriam prover com antecedência determinado valor e nem adiar sua partida para a Missão por causa do dinheiro. Não deviam perder o foco da Missão. É fato que o dinheiro é necessário, mas temos que estar cientes de que o dinheiro pertence a Deus e Ele dará a provisão no tempo certo e à sua maneira. Jesus queria ensinar seus discípulos e a nós a não colocarmos nosso coração na "segurança aparente" que o dinheiro dá. Ele estava ensinando sobre o perigo da avareza.
No sermão do monte, Jesus já havia advertido sobre o perigo de colocar o coração nos bens terrenos, como o dinheiro, visto que ele faz de nós pessoas dependentes e inseguras, pois quando há escassez ou falta do dinheiro as nossas emoções e a nossa vida espiritual tendem a ficar abaladas e estagnadas até ao ponto de perder a fé em Deus que tudo nos supre.

Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. (Mateus 6:19-21)

Outros fatos temos a considerar. Naquele tempo as estradas não eram favoráveis aos caminhantes e não havia meios de transporte que pudessem dar um pouco mais de segurança. Os viajantes andavam à pé por estradas rochosas, montanhosas, cheia de pedregulhos, desniveladas e, além disso, havia muito perigo de ladrões e salteadores. Jesus mesmo ilustrou este perigo na parábola do bom samaritano em Lucas 10:30 – "Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto".
Além disso, em nenhum momento Jesus ensina sobre o voto de pobreza; pelo contrário, a proibição de não levarem dinheiro ou coisas de valor consigo tem como objetivo livrá-los de perigo que poderiam custar as suas vidas. Jesus está ensinando seus discípulos a confiarem nEle e em Deus e a terem fé na provisão do Senhor. 

B.   Bagagem
No v. 10 "nem de alforge , para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento"  Jesus fala sobre a bagagem para a viagem. Ela deveria ser a mais essencial possível, por dois motivos: 1) a bagagem é alvo da cobiça de ladrões e 2) a bagagem pode ser um empecilho na caminhada, principalmente para os andarilhos.
O dicionário [15] define alforge como um saco fechado em ambas as extremidades e com uma abertura no centro, de modo a formar duas bolsas (uma de cada lado); usa-se para distribuir o peso dos dois lados. 
As túnicas faziam e fazem parte das vestimentas dos povos do oriente, conforme relato [16]:

A túnica como vestimenta no Oriente.
A túnica é uma vestimenta muito usada no Oriente. Feita de tecido fino e leve, e sendo espaçosa internamente, é usada como vestimenta, para enfrentar o calor escaldante do clima de deserto que estas populações vivem.
Assim encontramos no Egito, nos países árabes, e nas nações que vão até a India. A túnica vestida pelos homens tem cor clara e é muito larga, a fim de refletir melhor os raios solares e permitir que o ar circule por baixo da roupa com mais facilidade... Assim como muitos outros trajes típicos dos muçulmanos, a túnica tem sua origem nas tribos de beduínos que habitavam o Oriente Médio no século VI.
                  
Quando paravam a caminhada, os discípulos poderiam lavar a túnica e secá-la rapidamente ao sol. Quanto às roupas íntimas, Jesus não diz nada. Mas segundo pesquisadores, era costume usar um tipo de tanga para cobrir as partes íntimas.

Vestuário:
guarda-roupa dos indivíduos daquela época eram bem diferente das que temos hoje, as roupas eram bem básicas. Uma tanga que possivelmente era usado de baixo de uma túnica e também usava-se algo para cobrir a cabeça. Calçados e casacos eram opcionais. [17]

Quanto às sandálias, Jesus não ensina que deviam andar descalços, mas a recomendação é a mesma quanto à túnica, apenas levar o que estava calçado nos pés, visto que um par excedente poderia acarretar em peso na bagagem vindo a retardar a viagem e o pior, causar dores no corpo do viajante devido ao excesso de peso.
O bordão era uma vara maciça cuja extremidade era em formato de gancho e usada para dar apoio. Jesus também dispensou este item aos seus discípulos, provavelmente seguindo o mesmo princípio em relação à túnica e às sandálias.

C.    Alimento
Em relação à provisão do alimento do obreiro, Jesus diz: "...porque digno é o trabalhador do seu alimento". Deus usa pessoas para proverem o sustento de todos nós, ministros ou não do evangelho. Em relação aos missionários enviados por Jesus, Deus havia de levantar o sustento para os Seus.
A Bíblia nos dá vários exemplos de que Deus envia provisão nas situações mais inusitadas:

1)   Corvos foram enviados por Deus para levar comida ao profeta Elias quando ele estava fugindo da ira da rainha Jezabel que queria matá-lo. Na Bíblia, o corvo é considerado uma animal imundo e era proibido aos judeus comer este animal – "... Das aves, estas abominareis... todo corvo, segundo a sua espécie..." (Levítico 13a, 15a). O corvo é uma ave que tem hábitos alimentares necrófagos, ou seja, comem cadáveres, carnes apodrecidas. Entretanto, Deus usou este animal impuro para prover o alimento a Elias.


2)   Uma viúva pobre, em tempo de seca e fome em Israel foi instrumento de Deus para alimentar o profeta Elias - "Mas, passados dias, a torrente secou, porque não chovia sobre a terra. Então veio a palavra do SENHOR, dizendo: Dispõe-te, e vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e demora-te ali, onde ordenei a uma mulher viúva que te dê comida" (I Reis 17:7-9).



3)   Deus usou o lanche de um menino, cinco pães e dois peixinhos, para alimentar fartamente uma multidão:
Então, Jesus, erguendo os olhos e vendo que grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pães para lhes dar a comer? Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que estava para fazer. Respondeu-lhe Filipe: Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço. Um de seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, informou a Jesus: Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente? Disse Jesus: Fazei o povo assentar-se; pois havia naquele lugar muita relva. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil. Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre eles; e também igualmente os peixes, quanto queriam. E, quando já estavam fartos, disse Jesus aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca. (João 6:5-12)



Poderíamos citar aqui outros exemplos, mas vamos mencionar o que o rei Davi chegou a declarar: "Fui moço e já, agora,  sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão" (Salmo 37:25).
Portanto, nosso Deus é o Deus que cuida, que vê as nossas necessidades, que ouve a nossa oração e provê "... abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos" (Efésios 3:20).
Champlin comenta que "Jesus ensina aqui, claramente, que os ministros devem receber o sustento físico daqueles que são beneficiados por seu ministério". O apóstolo Paulo cita as palavras de Jesus em I Coríntios 9:14 – "Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho". O apóstolo Paulo ensina o jovem pastor Timóteo a respeito do sustento do obreiro – "Pois a Escritura declara: não amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: o trabalhador é digno do seu salário" (I Timóteo 5:18).
Assim sendo, os que são beneficiados pelos ministros de Deus têm a grata oportunidade de liberalmente participarem no sustento daqueles que Deus chamou para uma obra específica. É uma tarefa que não deve ser um considerada um peso, mas um privilégio e uma bênção. Há igrejas que se engajam e são bênção; Mas, infelizmente, ainda há outras igrejas que impõem um peso desnecessário sobre o obreiro de Deus; e, assim o fazem retendo a sua mão de abençoar, cobram do obreiro como se ele fosse um empregado ou terceirizam um trabalho que é propriamente o seu de acordo com a Palavra de Deus. Tais igrejas se tornam avarentas e, consequentemente, não são abençoadas por Deus, não crescem, não se desenvolvem, se definham, morrem fecham as portas e são motivos de escândalo e tropeço para o mundo.
Que Deus sensibilize os nossos corações, a IGREJA, para que não sejamos remissos e nem omissos na Missão de Deus.


IV.        A HOSPEDAGEM E POSTURA DO DISCÍPULO (VS.11-15)

Ainda como parte das instruções aos seus discípulos, Jesus trata da postura deles ao entrar e sair em alguma cidade ou casa e sobre o devido respeito que deviam manter durante o acolhimento.
Algumas regras éticas são explicitadas:

1)   Local de Hospedagem:
"E, em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, indagai quem neles  é digno; e aí ficai até vos retirardes" (10:11).
 Os discípulos não deviam se hospedar em qualquer lugar. O comentarista bíblico Champlin (idem) informa que:
as regras sociais no oriente, acerca da hospitalidade, abririam muitas casas aos discípulos, mas Jesus queria que estes procurassem certos indivíduos que mostrassem simpatia pelo seu ministério e seus propósitos... Jesus indicou que só as pessoas que simpatizassem pelo trabalho dos discípulos – provavelmente conhecidas como pessoas piedosas – seriam dignas de receber a visita dos enviados de Jesus... talvez tais pessoas pudessem ajudar muito no trabalho e assim seriam desejáveis como hospedeiras dos discípulos, que tinham sido encarregados de uma missão religiosa.


Deus nos ensina que a hospedagem é uma prática cristã muito importante para os cidadãos do Reino de Deus. Há pessoas que não gostam de hospedar e, portanto, perdem a bênção de serem abençoadas. A hospedagem abençoa tanto o hospedeiro como o hóspede. Temos na Bíblia vários exemplos de pessoas que foram bons hospedeiros como Abraão (Gênesis 18:1-15) que hospedou bem os anjos que o visitaram para informar que Sara daria um filho a ele; e, Marta e Maria que hospedavam Jesus quando ele passava em Betânia (Lucas 10:38-42). A hospitalidade é incentivada na Palavra de Deus – "praticai a hospitalidade" (Romanos 12:13b). A hospitalidade é uma prática de amor fraternal e Deus nos alerta para o perigo de negligenciar esta prática – "Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos"  (Hebreus 13:2).

2) Permanência: enquanto hóspedes, os missionários de Jesus deviam permanecer fixos na casa que os acolhera; não deviam pular de casa em casa, pois esta atitude mostrava falta de respeito e consideração com o hospedeiro, falta de compromisso com a obra e com quem os tinha enviado, podendo até chegar ao descrédito do obreiro, da obra e de quem os havia enviado, que neste caso era Jesus Cristo.

3)   Educação e Bênção:
"Ao entrardes na casa, saudai-a" . (v.12,13)
A hospitalidade requer reciprocidade. Fomos chamados para abençoar, então nada mais recomendável do que, ao entrar na casa que os estava hospedando, os missionários de Jesus abençoassem a casa trazendo para dentro dela a Paz do Senhor.
A paz é ordenada pelo Senhor:
- "Quando te aproximares de alguma cidade para pelejar contra ela, oferecer-lhe-ás a paz" (Deuteronômio 20:10)
- "Aparta-te do mal e pratica o que é bom; procura a paz e empenha-te por alcança-la" (Salmo 34:14)
- "Quanto ao mais, irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco" (II Coríntios 13:11)
- "... vivei em paz uns com os outros" (I Tessalonicenses 5:13b).
A paz é a essência do caráter de Jesus Cristo e de Deus "Porque Ele é a nossa paz" (Efésios 2:14a).

4)   Atitude em caso de rejeição:
"se, com efeito, a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz; se, porém, não o for, torne para vós outros a vossa paz.e alguém não vos receber, nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que menos rigor haverá para Sodoma e Gomorra, no Dia do Juízo, do que para aquela cidade".  (vs. 13,14,15)
Jesus previne seus missionários de que eles poderiam encontrar obstáculos à pregação da Palavra de Deus. Haveria cidades e casas que não os receberiam e, nestes casos, a atitude deles deveria ser sempre pacífica. Não deviam desdenhar, nem exercer juízo com suas próprias forças e nem imprecar sobre a casa ou cidade, mas simplesmente "sacudir o pó" de seus pés. O comentarista Champlin explica que

Os judeus tinham forte preconceito contra a "poeira dos pagãos", tanto que se estes tocassem em algum sacrifício, este deveria ser imediatamente queimado. Essa poeira era considerada a putrefação da morte. Lê-se que era costume, entre as autoridades religiosas, ao deixarem algum lugar ocupado pelos gentios, sacudirem o pó dos pés, adquirido nas caminhadas de um lugar para o outro. Assim também, os lugarejos ou cidades que rejeitassem os ministros e o ministério de Cristo, foram reputados por pagãos por Jesus, ainda que seus moradores fossem judeus.

Deus deseja abençoar, mas a casa ou a cidade que rejeita a Palavra e a paz que Deus oferece acaba por empobrecer.
Sodoma e Gomorra foram duas cidades extremamente pecaminosas e pervertidas, entretanto, Deus executou Seu juízo sobre elas. Os missionários de Jesus deveriam entregar para Deus a cidade que os havia rejeitado, pois é Deus quem é o juiz e Ele sabe muito bem como aplicar o juízo sobre todos quantos O rejeitam.


V.           RISCOS E PREVENÇÕES  NA MISSÃO (10:16-18)

Após instruir seus missionários, Jesus passa a adverti-los quanto ao que poderiam sofrer enquanto estavam em Missão.


1)   Dissimulação e Traição:  "Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos" (v.16a)– uma ovelha sem os cuidados do pastor fica vulnerável e não sabe se defender diante do perigo. Neste caso, imaginem a ovelha no meio de uma matilha de lobos: será estraçalhada até a morte.  Também pode significar dissimulação e traição. Os discípulos eram judeus e foram enviados ao seu próprio povo para pregar o Evangelho. Eles iam encontrar vários tipos de pessoas: aquelas que aceitavam e bom grado a mensagem, mas também os que fingiam a aceitação ao evangelho e até mesmo aqueles que os apunhalariam pelas costas entregando-os aos tribunais para serem presos e mortos.
Sabedor destas possibilidades e de outras mais, Jesus os aconselha "...sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas" (v. 16b). As serpentes são animais perigosos ao ser humano. Venenosas ou não, causam medo e repugnância. As serpentes sentem a temperatura do ambiente através das escamas que cobrem seu corpo. Apesar de não terem ouvidos externos, as serpentes possuem orelhas internas que capturam ondas sonoras de sua pele, músculos e ossos. Assim sendo, elas estão sempre atentas ao que acontece ao seu redor e, quando se sentem ameaçadas, atacam ligeiramente e desaparecem.
As pombas são quase que animais domésticos, parecem frágeis e vulneráveis, mas elas estão sempre alertas para voarem quando sentem alguma ameaça e isso se deve à sua excelente visão.

2)  Prisão, açoites e condenação humana: "E acautelai-vos dos homens; porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas; por minha causa sereis levados à presença de governadores e de reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios" (vs. 17,18)
Os tribunais a que Jesus se refere, não é o sinédrio[18], mas a um tribunal  composto por sete juízes, estabelecido de acordo com Deuteronômio 16:18 – " Juízes e oficiais constituirás em todas as tuas cidades que o SENHOR, teu Deus, te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com reto juízo".
A sinagoga também, segundo Champlin (idem), tinha autoridade para infligir diversas punições , tanto por crimes como por faltas religiosas... o castigo de açoite era aplicado na própria sinagoga.
Vê-se que os líderes religiosos que deviam ensinar a Palavra de Deus, se julgavam acima de Deus aplicando, eles mesmos, o juízo. Por isso, Jesus deixa seus ministros bem conscientes de sua decisão de segui-LO. Jesus não floreia e nem romantiza o ministério. Ele mostra tal como realmente é: uma batalha que se trava entre Deus e Satanás incessantemente.
Esse é o preço do discipulado, portanto, só mesmo o amor a Deus para levar um obreiro ou missionário a enfrentar um ministério como o que Jesus estava e está propondo ainda hoje. A Palavra de Deus está repleta de pessoas que disseram SIM para Deus, mas que sofreram com aprisionamento, passaram por açoites e foram condenados pelos homens (Hebreus 11).
Que dizer de José do Egito (Gênesis 37 e 39) que foi vendido por seus irmãos e depois lançado na prisão por causa de uma mentira? Ele pagou o preço de ser fiel a Deus. Paulo e Silas também foram presos e açoitados por pregarem a Palavra de Deus defenderem a fé em Cristo (Atos 16:16-23). O próprio Jesus foi açoitado por se revelar ao mundo como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 19:1).
Jesus assegura aos seus discípulos que o árduo trabalho deles teria uma recompensa: serviria de testemunho para o próprio povo de Israel como para os gentios.
Com exceção de Judas Iscariotes, os discípulos de Jesus não recuaram em sua missão. Permaneceram fieis, espalharam a mensagem, foram martirizados e nós hoje somos o fruto do penoso trabalho deles e de Jesus Cristo.
Ainda hoje, muitos pastores e missionários têm realizado árduos trabalhos, debaixo de muitas lutas e perseguições. A repercussão destes ministérios têm sido o meio pelo qual Deus tem salvado a vida de milhares de pessoas onde o Evangelho é reprimido e proibido.


VI.        PALAVRAS DE TESTEMUNHO PROVIDAS PELO ESPÍRITO (10:19-20)

Esta palavra de Jesus foi dada a mártires, aos santos em Cristo, muitos deles em estado de perseguição. Esta palavra ficaria gravada no coração daqueles homens simples, mas determinados a obedecerem o seu Mestre. Jesus estava dando a eles um RX do que seria o futuro deles e nosso também.
Da mesma forma como Jesus disse para não nos preocuparmos com o que comer, beber e vestir  em Mateus 6:25 – "Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?" , assim também Ele diz que a ansiedade não deve dominar o mártir, mas sim a fé de que é Deus quem fala, quem luta, quem olha e zela por ele. É o Espírito Santo quem colocará na boca as palavras de defesa. As palavras inspiradas por Deus desarmam os intentos humanos deixando os algozes boquiabertos e mudos.
Um exemplo desta verdade é o apóstolo Paulo. Ele foi levado ao rei Agripa e diante desta autoridade teve oportunidade de se defender. Paulo, então, pronunciou um eloquente discurso de defesa em Atos 26 que quase persuadiu o rei Agripa a se tornar um cristão. Agripa não professou a fé em Cristo, pois não queria perder o seu prestígio, todavia, Agripa emudeceu diante das palavras que o Espírito Santo colocou na boca de Paulo.

VII.      RESISTÊNCIA À MISSÃO (Mateus 10:21-23)

Ainda como parte das admoestações, Jesus agora fala sobre a importância da perseverança diante das perseguições que haviam de acontecer enquanto estavam em Missão.
Jesus tinha experiência de resistência entre seu próprio povo e cidade. Em certa ocasião Ele estava em Nazaré (Mateus 13:53-58; Lucas 4:16-30), a cidade onde havia crescido. Após ler as Escrituras em Isaías 61:1,2 e fazer um sermão afirmando que as Escrituras haviam se cumprido em Sua pessoa, foi expulso de sua cidade, levado até o alto de um monte onde o plano era matá-Lo atirando-O ribanceira abaixo. Este relato está em Lucas 4:16-30. Os intentos dos líderes religiosos foram frustrados, pois ainda não era a hora de Jesus morrer. Ele saiu da cidade e prosseguiu Sua Missão. Quando este fato aconteceu, seus discípulos estavam com Ele e foi uma grande lição que certamente eles se lembrariam quando estivessem passando por situação semelhante no ministério.
Jesus também diz que a perseguição pode vir em forma de homicídio no lugar de onde nós menos esperamos: dentro da família – "Um irmão entregará à morte outro irmão, e o pai, ao filho; filhos haverá que se levantarão contra os progenitores e os matarão"  (v. 21).
Jesus menciona o fratricídio, que é o crime de assassinato contra o irmão; o filicídio, que é o crime de assassinato contra o (a) filho (a); o parricídio e o matricídio que são crimes de assassinato contra o pai e a mãe.


CONCLUSÃO

Destruir a família é o alvo de Satanás desde o Jardim do Éden. Já vimos em lição anterior que a família é "célula matter" da sociedade, portanto, destruindo a família, Satanás crê que destruirá as nações e o mundo. Satanás ignora que Deus é Quem tem todo o poder sobre o mundo e sobre o próprio Satanás.


Como dissemos no início, a obra missionária começa na família. Na Missão dos Doze havia famílias envolvidas. Nós temos uma Missão a cumprir no mundo, todavia, o nosso campo missionário começa dentro de nosso lar.
Mais uma vez, Jesus revela o que aguarda seus servos no ministério: morte, ódio e perseguição e alerta os seus discípulos, e a nós também, para a necessidade de sermos perseverantes até o fim, com prudência, Não podemos evitar a perseguição que pode levar à morte, mas quando sabemos que ela pode estar às portas, deslocar do local é uma atitude de prudência, pois insistir em permanecer em lugares vulneráveis com a finalidade de se tornar um mártir não é uma decisão sábia, mas uma imprudência que não glorifica a Deus e não faz da pessoa um mártir, mas um insano.
Que Deus nos ajude a cumprir a Grande Comissão com excelência a partir de nossa Jerusalém até aos confins da terra. Amém!
        


Raquel Sueli de Almeida Alcantara da Silva.
Estudo Bíblico ministrado na Escola Bíblica Dominical, Classe Mateus, da Primeira Igreja Batista de Sobradinho-DF, em 06 de maio de 2018.




[1] RESUMO SOBRE A VIDA DOS APÓSTOLOS. Disponível em http://cleofas.com.br/resumo-sobre-a-vida-dos-apostolos/. Acessado em 30.abr.2018 às 21:16.
[2] SIGNIFICADO DO NOME TIAGO. Disponível em https://www.nomesbiblicos.com/tiago/. Acessado em 30.abr.2018 às 22:17.
[3] SIGNIFICADO DO NOME JOÃO. Disponível em https://www.nomesbiblicos.com/joao/. Acessado em 30.abr.2018 às  22:22.
[4] Idem anotação n. 1
[5] COMO MORRERAM OS 12 DISCÍPULOS DE JESUS? Disponível em http://novotempo.com/radio/a-morte-dos-discipulos/. Acessado em 10.mai.2018 às 17:39.
[6] FILIPE. Disponível em https://www.nomesbiblicos.com/filipe/. Acessado em 30.abr.2018 às 22:05.
[7] Idem anotação n.1
[8] Idem anotação n.1
[9] Idem anotação n.1
[10] Idem anotação n.1
[11] QUAL A DIFERENÇA ENTRE DISCÍPULO E APÓSTOLO. Disponível em https://defendendoafecrista.wordpress.com/2016/10/18/qual-a-diferenca-entre-discipulo-e-apostolo/. Acessado em 30.abr.2018 às 20:17.
[12] O QUE OS NÚMEROS SIGNIFICAM NA BÍBLIA? A NUMEROLOGIA TEM BASE BÍBLICA? Disponível em https://www.jw.org/pt/ensinos-biblicos/perguntas/significado-biblico-dos-numeros/. Acessado em 07.abr.2018 às 09:40
[13] QUAL A DIFERENÇA ENTRE DOENÇA E ENFERMIDADE? Disponível em https://estudos.gospelmais.com.br/qual-a-diferenca-entre-doenca-e-enfermidade.html. Acessado em 02.mai.2018 às 20:14.
[14] CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Volume I, São Paulo: MILENIUM Distribuidora Cultural Ltda, 1983.

[15] ALFORGE. Disponível em https://www.dicio.com.br/alforje/. Acessado em 05.mai.2018 às 10:04.
[16] A TÚNICA COMO VESTIMENTA NO ORIENTE. Disponível em http://www.abiblia.org/ver.php?id=9216. Acessado em 03.mai.2018 às 21:48.
[17] COMO ERAM OS VESTUÁRIOS NOS TEMPOS BÍBLICOS. Disponível m http://estudodedeus.com.br/vestuario-nos-tempos-biblicos/. Acessado em 05.mai.2018 às 10:17.
[18] SINÉDRIO: "O Sinédrio era uma assembleia religiosa judaica do tempo de Jesus. Os membros do Sinédrio governavam e julgavam o povo judeu de acordo com a Lei de Moisés e as tradições judaicas. Jesus foi julgado pelo Sinédrio antes de ser crucificado. Era composto por 71 lideres importantes na sociedade, que conheciam as leis judaicas. Eles se reuniam em Jerusalém para tomar decisões e julgar crimes religiosos. O chefe do Sinédrio era o sumo-sacerdote, o líder de todos os sacerdotes do templo. No tempo de Jesus, os judeus viviam debaixo do domínio romano. Além das leis do império romano, os judeus obedeciam às leis de Moisés, que estão no Velho Testamento, e às regras da tradição. O Sinédrio apenas julgava os crimes contra as leis judaicas. Os gentios não eram julgados pelo Sinédrio". – Disponível em https://www.respostas.com.br/o-que-significa-sinedrio/. Acessado em 05.mai.2018 às 16:43.