sábado, 3 de junho de 2017

Imperativos Categóricos da Missão de Deus


IMPERATIVOS CATEGÓRICOS DA MISSÃO DE DEUS



Raquel Sueli de Almeida Alcantara da Silva[1]

           
Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século. (Mateus 28:18-20)

          Introdução:

Vamos iniciar nosso estudo definindo o que é um imperativo e quais os tipos existentes de imperativo.
Imperativo: É um adjetivo que expressa uma ordem, que manda com autoridade; um substantivo masculino que expressa ordem, ditame, dever.
Há dois tipos de imperativo: 1) o categórico e o 2) condicional ou hipotético[2]. Encontramos os dois na Bíblia.
   O imperativo condicional ou hipotético é uma proposição da filosofia que expressa uma ordem que está subordinada à consecução de um fim determinado. Exemplos:

                      a.   Se quiseres ser aprovado, estuda.

              b.  Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (II Crônicas 7:14).

           c.  “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração”. (Jeremias 29:14)

O imperativo categórico é uma proposição da filosofia que expressa uma ordem absoluta, que considera a ação que se vai fazer como objetivamente necessária e que não está subordinada a nenhuma condição exterior ou a contingência subjetiva que possa revocá-lo. Exemplos:

             "Não terás outros deuses além de mim... Não farás para ti imagem esculpida... Não te curvarás diante delas, nem as cultuará... Não tomarás o nome do Senhor em vão... Não matarás. Não adulterarás. Não furtarás. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. Não cobiçarás..."" (Êxodo 20:3a, 4a, 5a, 7a, 13-17a)

             "... Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15).

É sobre estes imperativos categóricos que vamos falar.

               1.   IDE A TODAS AS NAÇÕES

a.   Quem deve ir?
A ordem de ir a todas nações foi dada por Jesus Cristo aos discípulos e a nós a Igreja. Os discípulos fizeram a parte deles na Missão de Deus e o Evangelho chegou até nós.  Esta ordem imperativa categórica de Jesus está sob a nossa responsabilidade nos dias de hoje. Nós somos a Igreja: eu e você.
A nossa resposta deve ser a mesma de Isaías:

“Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim (Isaías 6:8)

Note que Isaías não protelou e nem delegou a responsabilidade para outra pessoa; ele mesmo se colocou à disposição de Deus para fazer a obra.

          b) Quando ir?
Hoje é o dia de ir e anunciar as boas as novas às nações.

“Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração... (Hebreus 3:7, 8a). 

As estatísticas apontam que a população mundial já ultrapassou os 7,5 bilhões de pessoas[3] e que existem 7.097 línguas vivas faladas por estas pessoas ao redor do mundo.
As línguas faladas no mundo estão no plano de Deus. As pessoas precisam ter acesso à Palavra de Deus, nas modalidades oral e escrita em suas línguas maternas, a fim de que Deus fale aos seus corações. Deus se comunica com os povos da maneira que eles entendem: através de suas línguas maternas.

“E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Somos partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judeia, Capadócia, Ponto e Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui residem, tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?” (Atos 2:8-11)

As estatísticas sobre a Tradução da Bíblia apontam que Um bilhão e 500 milhões (1,5) de pessoas no mundo NÃO possuem a Bíblia completa em suas línguas maternas[4]. Isso indica que a tarefa da Igreja ainda não está acabada.
Outras estatísticas sobre a Tradução da Bíblia mostram que

No mundo existem 636 Bíblias Completas traduzidas; 1442 Novos Testamentos e 1145 são porções do Novo e do Velho Testamento. Possivelmente, 3223 Línguas têm alguma porção das Escrituras. Estão em andamento atualmente 2422 programas de tradução/programas linguísticos. A Wycliffe[5] tem estado envolvida na tradução de Bíblias ou de Novos Testamentos em mais de 900 línguas e em pelo menos um dos evangelhos em outras 600.  Estão disponíveis no YouVersion.com  em MAIS de 1000 línguas as 1400 versões existentes. As Escrituras em áudio da Faith Comes By Hearing estão gravadas em mais de 1000 línguas  e o Filme JESUS em mais de 1460 línguas.

O Ide de Jesus inclui a pregação da Palavra de Deus, por pessoas enviadas para esta finalidade. Mas como as pessoas vão ouvir se, quem tem acesso à Palavra da Salvação continua sentada nos bancos das igrejas? Como as pessoas poderão confessar a Jesus Cristo como Salvador se elas não ouvirem e não tiverem acesso à Palavra de Deus?

'' Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!" (Romanos 10:14,15).

Estes questionamentos não são novos. Por volta do ano 55 d.C., data provável em que o apóstolo Paulo escreveu a Primeira carta à igreja de Corinto, ele já advertia os crentes de havia pessoas que ainda não tinham conhecimento de Deus e que isso era motivo de grande vergonha para os cristãos daquela época.

“Tornai-vos à sobriedade, como é justo, e não pequeis; porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; isto digo para vergonha vossa”  ( I Coríntios 15:34).

Diante das estatísticas apresentadas anteriormente pergunto: o que Paulo diria para a Igreja de hoje, a Igreja do século 21?

         c) Para onde ir?

         A abrangência da missão de Deus é TODO o mundo, é até os confins da terra, a começar de onde estamos.

      “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”. (Atos 1:8)

         A missão de Deus é uma tarefa imperativa para ser realizada pela igreja em caráter de simultaneidade, tanto aqui como lá e acolá até aos confins da terra. Para isso, Deus nos equipou de poder pelo Seu Espírito que habita em nós.
          Podemos ilustrar a simultaneidade com a figura abaixo. Cada gota de água que pinga em um volume maior de água se expande. Isso significa “tanto... como...” de Atos 1:8.

          
               2.   FAZEI DISCÍPULOS DE TODAS AS NAÇÕES

Além da pregação da Palavra de Deus, a ordem de Jesus inclui o ensino da Palavra de Deus e o batismo“ensinando-as... batizando-as...”. A obra de Deus não para; ela é contínua e há lugar para TODOS os cristãos. É através da pregação e do ensino da Palavra de Deus que o Espírito Santo faz a obra no coração das pessoas e o Corpo de Cristo, ou seja,  a Igreja, cresce por todo o mundo.
Para ensinar com eficiência a Palavra de Deus há necessidade de pessoas habilitadas. TODO crente, salvo e remido pelo sangue de Jesus Cristo e cheio pelo Espírito está habilitado para pregar a Palavra de Deus e ensinar, mesmo pessoas que aos olhos da sociedade não estejam preparadas academicamente.
O preparo acadêmico e o teológico são bônus na pregação e ensino da Palavra de Deus, mas não são determinantes, pois o crente que anda e vive controlado pelo Espírito Santo é melhor professor que muitos diplomados.
         A ordem de Deus para você e para mim é fazer discípulos:

       "Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo..." (Atos 18:9b).

         Fazer discípulos é investir tempo em vidas:
- desenvolvendo um relacionamento entre o discípulo e o discipulador;
- construindo o aprendizado a partir dos textos bíblicos;
-  acompanhando a vida espiritual do discípulo.
- capacitando os discípulos para que façam novos discípulos;

Fazer discípulos promove a glória de Deus:

“Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos”. (João 15.8)

Uma das características de um discípulo é a produção de frutos. Portanto, enquanto o discípulo não frutificar, ainda não terminou a tarefa do discipulador. 
O discipulador é responsável por incentivar o seu discípulo a fazer outros discípulos.
Jesus Cristo é o nosso maior exemplo de discipulador. Os apóstolos também são exemplos para nós, pois eles também frutificaram os ensinos do Mestre. O apóstolo Paulo é outro grande exemplo de discipulador.
         O discipulador deve estar alerta para não se acomodar somente porque ganhou um ou dois discípulos, pois isso será um mal exemplo para os seus discípulos que também vão estagnar no comodismo e não vão frutificar.
         A dedicação, o exemplo e a paixão pelas almas devem as características que motivam o discipulador. Tais características serão de grande inspiração para os seus discípulos.
          Que todos os crentes são chamados e vocacionados isso é fato. Porém, Entretanto, para ministérios específicos em lugares e culturas inusitados e inóspitas, Deus chama, capacita e envia algumas pessoas. Estes são os missionários que vão além de suas fronteiras.
Nesse caso, há necessidade desses vocacionados se apropriarem de instrumentos, de preparo acadêmico, teológico e prático mais aprofundados que vão ajudar muito no desenvolvimento do trabalho transcultural, ou seja, no trabalho com outras culturas e costumes.
Tanto o trabalho junto a igreja local como o trabalho transcultural são de igual importância para Deus. Tanto os que vão para a linha de frente da batalha como os  que ficam com a bagagem e “seguram as cordas” de diversas maneiras têm parte igual na Missão. No trabalho que fazemos para o Senhor, Ele nos alerta para que façamos o melhor para Ele. Deus abomina quem faz o Seu trabalho relaxadamente. Quem assim procede é considerado uma maldição.

         "Maldito aquele que fizer a obra do SENHOR relaxadamente! ..." (Jeremias 48:10a)

Deus não nos chamou para sermos maldição, mas sim para sermos bênção. O imperativo de Deus é para que sejamos bênção para as nações: “Sê tu uma bênção” (Gênesis 12:2).


Conclusão
Vimos que a Grande Comissão deixada por Jesus Cristo não é uma opção, não é uma tarefa que pode adiada e nem terceirizada. 
A Grande Comissão “Ide e Pregai” é uma ordem, um imperativo categórico dado por Quem tem autoridade no Céu e na Terra e deve ser feita pelos cristãos.
Portanto, é tarefa minha e sua fazer Jesus Cristo conhecido ao Mundo.
Façamos discípulos até que o nosso Senhor venha. Ele prometeu estar conosco até a consumação dos séculos.
A missão da Igreja ainda não acabou.





[1] Missionária da Associação Linguística Evangélica Missionária-ALEM. Pedagoga e Mestre em Linguística formada pela Universidade de Brasília.
[2] SIGNIFICADO DE IMPERATIVO. Disponível em https://www.significados.com.br/imperativo/. Acessado em 24.mai.2017 às 09:39.
[3] POPULAÇÃO MUNDIAL. Disponível em http://www.worldometers.info/br/. Acessado em 24.mai.2017 às 10:29
[4] PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE AS ESTATÍSTICAS DE TRADUÇÃO DA BÍBLIA. Disponível em http://resources.wycliffe.net/statistics/Wycliffe%20Global%20Alliance%20Statistics%202016%20FAQs_PT.pdf. Acessado em 14.mai.2017 às 11:47.
[5] Wycliffe – www.wycliffe.net

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