DEUS QUE VÊ!
Hoje vamos meditar na vida de Agar.
QUEM ERA AGAR?
O nome desta mulher é de origem hebraica e significa
“Estrangeira”. Agar era egípcia e morava com a família de Abraão e Sara; era
serva de Sara - Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; tendo,
porém, uma serva egípcia, por nome Agar (Gênesis 16:1).
Agar pertencia a uma classe social à qual não se dava
muito valor. Como serva, morava de favor, não tinha direito a voz na casa, não
podia expressar suas ideias e nem mesmo a sua vontade lhe pertencia, mas à sua
senhora.
Quanto ao seu estado civil, a Bíblia não diz se era
solteira ou casada. Provavelmente era solteira, pois não há nos demais textos
referentes a ela qualquer menção de uma possível existência de um esposo. Sua
idade também não é mencionada na narrativa bíblica; entretanto, sabemos que por
ocasião do ocorrido em Gênesis 16, Agar era uma mulher que ainda estava em
idade fértil, pois gerou um filho.
Na condição de serva, não teve o direito de escolher se
queria ou não ter filhos, nem de recusar a se deitar com um homem que não era
seu marido e que nem tinha qualquer afeto por ela; e, muito menos teve o
direito de lutar para não ser uma “barriga de aluguel”. Ela teve que se
sujeitar e obedecer - Então, Sarai, mulher de Abrão, tomou a
Agar, egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, depois de ter
ele habitado por dez anos na terra de Canaã (Gênesis 16:3).
O filho não planejado que Agar gerou de Abraão, inicialmente, a ela não pertencia.
A criança que na visão de Sara poderia ser uma bênção passou a ser um grande
problema e motivo de disputa de poder entre Sara e Agar, senhora e serva.
Quando se viu na condição de grávida, Agar desprezou a
sua senhora, porque Sara era estéril - disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me
tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me
edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai. Ele a
possuiu, e ela concebeu. Vendo ela que havia concebido, foi sua senhora por ela
desprezada (Gênesis 16:2,4).
Sara, por sua vez, não suportou a
afronta de sua serva e a humilhou muito. Desesperada, Agar fugiu para o
deserto. Sua alma angustiada e abatida queria estar longe de tudo e de todos.
O DESERTO
Na Bíblia, o deserto é símbolo de luta e
provação. Foi no deserto que o povo de Israel foi provado por Deus e peregrinou
por 40 anos até entrar na Terra Prometida – E comeram os filhos de Israel maná
quarenta anos, até que entraram em terra habitada; comeram maná até que
chegaram aos limites da terra de Canaã (Êxodo 16:35).
Foi rumo ao deserto que o profeta Elias
caminhou, sentou e pediu para si a morte; depois, em uma caverna, Elias se
refugiou em profundo estado de tristeza e depressão. Elias estava sob forte
pressão emocional, pois estava sendo perseguido pelo rei Acabe, teve que ficar
escondido no deserto em período de grande seca, foi alimentado pelos corvos, enfrentou
e matou os 400 profetas do deus baal, o que suscitou a ira da idólatra rainha
Jezabel que, caçava Elias no intuito de matá-lo. Deus estava todo tempo
cuidando de Elias, mas as lutas sucumbiram a sua alma (I Reis 18:1-40; 19:1-18)
- Elias
era homem semelhante a nós, sujeito aos
mesmos sentimentos...” (Tiago 5:17a).
Jesus Cristo, o Filho de Deus, também
passou pelo deserto. Ele foi levado para lá pelo Espírito de Deus a fim de ser
tentado por Satanás (Mateus 4:1-11). O nosso Salvador sabe o que é passar pelo
deserto, Ele bem conhece como nos sentimos quando passamos por lutas e
provações. Jesus Cristo saiu do deserto vitorioso sobre Satanás; Deus foi ao
encontro de Elias naquela caverna triste, úmida e isolada e o restaurou. Elias
saiu do deserto fortalecido e deu continuidade ao seu ministério. O povo de
Israel também saiu do deserto para tomar posse da Terra Prometida.
Deus não está alheio às nossas lutas e provações e nunca
nos abandona. Jesus Cristo nos diz que enquanto estivermos neste mundo teremos
aflições, ou seja, passaremos pelo deserto. Porém, quando temos a Jesus como
nosso Mestre e Senhor, temos a garantia DELE mesmo que sairemos do deserto
vitoriosos, assim como Ele é Vitorioso e vencedor! – Estas coisas vos tenho dito para que tenhais
paz em mim. No mundo, passais por aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o
mundo (João 16:33).
O deserto é um período transitório!
Deus vai ao nosso encontro no deserto e
ouve o clamor de nossa alma. Ele nos ensina, nos anima, nos restaura, faz
promessas e abre nossos olhos para vermos que aquilo que é impossível para nós,
é perfeitamente possível para Ele – Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas
promessas... Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus (Lucas 1:37; 18:27).
“EL ROI” – DEUS QUE VÊ!
O nosso corpo fala a linguagem
silenciosa da comunicação não verbal, afirmam os autores Weil & Tompakow
(1982). Os corpos de Agar e de Elias reagiram à ameaça, à tensão e ao receio
levando-os a buscar uma saída, um escape para a sua situação. A ciência explica
como isso acontece quando estamos diante de situações de extremo stress e como
somos levados a reagir:
“... duas glândulas
supra-renais que se situam acima dos rins, produzem adrenalina, também conhecida como hormônio das “situações de
emergência”. A adrenalina prepara o corpo para a ação, ou seja, em termos biológicos,
para atacar ou fugir. Os principais efeitos da adrenalina no organismo são:
Ø Taquicardia (o coração
dispara e impulsiona mais sangue para os braços e pernas, dando-nos capacidade
de correr mais ou de nos exaltar mais em uma situação tensa, como uma briga);
Ø Aumento da frequência
respiratória e da taxa de glicose no sangue (isso permite que as células
produzam mais energia);
Ø Contração dos vasos
sanguíneos da pele (o organismo envia mais sangue para os músculos
esqueléticos) – por essa razão, ficamos pálidos de susto e também “gelados de
medo”! “ . (citação
e imagem do site: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/sistemasendocrino2.php. Acessado em 12.mai.2015
às 15:55).
Esta informação explica como Agar, mesmo abatida
emocionalmente, teve forças para caminhar rumo ao deserto. E foi no deserto,
enquanto fugia, que Agar teve seu encontro com Deus.
Quando Deus vem ao encontro da alma abatida e ferida,
Ele toma a iniciativa do diálogo. Deus sabe de nossa necessidade de sermos
ouvidos! O mesmo aconteceu com o profeta Elias. No recôndito da caverna Deus
iniciou o diálogo perguntando: “... Que fazes aqui
Elias?” (I Reis 19:9). Temos um Deus que nos ouve!
Junto à fonte no caminho de Sur, o Anjo do Senhor
pergunta para Agar: “Agar, serva de Sarai, donde vens e para onde vais?”
(Gênesis 16:7,8). Agar abriu o seu coração ferido e confessou que
estava fugindo de sua senhora. Tudo o que ela queria naquele momento era a
distância e o isolamento, mas ouviu o Anjo do Senhor ordenando que ela voltasse
para a sua senhora. Era uma ordem contrária à vontade de Agar – Volta para a tua
senhora e humilha-te sob suas mãos” (Gênesis 16:9). O coração
ofendido, magoado e ferido se recusa e luta para não restabelecer a comunhão
quebrada. Deus ensina Agar que, mesmo tendo sido a parte ofendida, ela deveria
tomar a iniciativa de perdoar. É um mandamento bíblico – Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão
de Deus, para que Ele, em tempo oportuno, vos exalte (I Pedro 5:6).
Para quem estava ferida emocionalmente seria difícil
obedecer ao que o Anjo do Senhor estava ordenando. Entretanto, Deus se mostrou
misericordioso com Agar, fazendo com que ela tivesse plena consciência de que
Ele estava vendo a sua aflição. Deus nunca nos pede para fazer algo que não
esteja ao nosso alcance.
Continuando o
diálogo, o Anjo do Senhor fez promessas de bênçãos para Agar a respeito de seu
filho que haveria de nascer. Deus bem sabia que a alma sequiosa de Agar
necessitava ser revigorada. Deus prometeu multiplicar sobremodo a descendência
de Agar, renovou a esperança da jovem mãe e descreveu para ela virilidade e a
força que seu filho teria - Disse-lhe mais o Anjo
do SENHOR: Multiplicarei sobremodo a tua descendência, de maneira que, por
numerosa, não será contada. Disse-lhe ainda o Anjo do SENHOR: Concebeste e
darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael, porque o SENHOR te acudiu na tua
aflição. Ele será, entre os homens, como um jumento selvagem; a sua mão será
contra todos, e a mão de todos, contra ele; e habitará fronteiro a todos os
seus irmãos (Gênesis 16:10-12).
Com
promessas tão significativas, Agar se rendeu a Deus em adoração e louvor - Então, ela invocou
o nome do SENHOR, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei
eu neste lugar para aquele que me vê? (Gênesis 16:13).
Se você está passando por lutas e
provações no deserto árido, saiba que este é um período transitório. Tenha a
certeza de que EXISTE UM DEUS QUE TE VÊ “ EL ROI”. Clame e Ele virá em seu
auxílio, restaurará a sua alma e restituirá a sua alegria. O rei Davi também passou
por desertos em sua vida, mas ele pode enfim expressar: “Esperei confiantemente pelo Senhor: Ele se
inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro. Tirou-me de um poço de
perdição, de um tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou
os passos. E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão
essas coisas, temerão e confiarão no Senhor (Salmo 40:1-3).
Agar obedeceu a Deus, voltou para sua senhora e se
humilhou. Por ter obedecido a Deus, Agar foi abençoada com um filho chamado
Ismael que significa “Deus ouve”. Agar também concedeu perdão a Sara e sua alma
ficou em paz. Os anos se passaram e Deus sempre cuidou de Agar e de Ismael – Deus estava com o
rapaz, que cresceu, habitou no deserto e se tornou flecheiro” (Gênesis 21:20).
Agar teve a felicidade de ver Ismael crescendo e se tornar um homem. Sua
felicidade se completou ao casá-lo, cumprindo a sua missão de mãe – Habitou no
deserto de Parã, e sua mãe o casou com uma mulher da terra do
Egito (Gênesis 21:21).
Aprendemos com a história de Agar a
importância de ouvir e obedecer à voz de Deus. A pessoa que se dispõe a
obedecer a Deus é sempre abençoada! Aprendemos também sobre a importância do
perdão. Mesmo quando somos a parte ofendida, devemos tomar a iniciativa e
conceder perdão. O perdão é indispensável para a saúde do corpo e da alma. – Enquanto calei os
meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o
dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em
sequidão de estio (Salmo 32:3,4). O perdão liberta! – Feliz aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto
(Salmo 32:1).
Como mulheres, esposas e mães,
aprendemos com a história de Agar que Deus quer abençoar os nossos filhos e a
nossa família. Sejamos mulheres, esposas e mães que buscam e amam a Deus acima
de todas as coisas. Deus não falha em cumprir as Suas promessas. Confiemos
NELE!
Referência:
WEIL,
Pierre. TOMPALOW, Roland. O CORPO FALA: a linguagem silenciosa da comunicação
não-verbal. Petrópolis-RJ: Editora Vozes Ltda., 1982.
Referência de imagens:
Imagem 2: Produção
de Adrenalina. Disponível em http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/sistemasendocrino2.php.
Acessado em 12.mai.2015 às 15:55.
Imagem
3: Agar no deserto junto à fonte. Disponível em http://www.flogao.com.br/drikoids/125058324/.
Acessado em 12.mai.2015 às 18:16.
Palestra
proferida por Raquel Alcantara, em 15 de maio de 2015, na Primeira Igreja
Batista de Sobradinho-DF., por ocasião do culto realizado pelo Ministério de
Beneficência, em homenagem ao dia das mães.
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