terça-feira, 26 de maio de 2015

Deus que vê!


DEUS QUE VÊ!


Hoje vamos meditar na vida de Agar. 

QUEM ERA AGAR?
O nome desta mulher é de origem hebraica e significa “Estrangeira”. Agar era egípcia e morava com a família de Abraão e Sara; era serva de Sara - Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; tendo, porém, uma serva egípcia, por nome Agar (Gênesis 16:1).
Agar pertencia a uma classe social à qual não se dava muito valor. Como serva, morava de favor, não tinha direito a voz na casa, não podia expressar suas ideias e nem mesmo a sua vontade lhe pertencia, mas à sua senhora.
Quanto ao seu estado civil, a Bíblia não diz se era solteira ou casada. Provavelmente era solteira, pois não há nos demais textos referentes a ela qualquer menção de uma possível existência de um esposo. Sua idade também não é mencionada na narrativa bíblica; entretanto, sabemos que por ocasião do ocorrido em Gênesis 16, Agar era uma mulher que ainda estava em idade fértil, pois gerou um filho.
Na condição de serva, não teve o direito de escolher se queria ou não ter filhos, nem de recusar a se deitar com um homem que não era seu marido e que nem tinha qualquer afeto por ela; e, muito menos teve o direito de lutar para não ser uma “barriga de aluguel”. Ela teve que se sujeitar e obedecer - Então, Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar, egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, depois de ter ele habitado por dez anos na terra de Canaã (Gênesis 16:3).
O filho não planejado que Agar gerou  de Abraão, inicialmente, a ela não pertencia. A criança que na visão de Sara poderia ser uma bênção passou a ser um grande problema e motivo de disputa de poder entre Sara e Agar, senhora e serva.
Quando se viu na condição de grávida, Agar desprezou a sua senhora, porque Sara era estéril - disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai. Ele a possuiu, e ela concebeu. Vendo ela que havia concebido, foi sua senhora por ela desprezada (Gênesis 16:2,4).
        Sara, por sua vez, não suportou a afronta de sua serva e a humilhou muito. Desesperada, Agar fugiu para o deserto. Sua alma angustiada e abatida queria estar longe de tudo e de todos.

O DESERTO
        Na Bíblia, o deserto é símbolo de luta e provação. Foi no deserto que o povo de Israel foi provado por Deus e peregrinou por 40 anos até entrar na Terra Prometida – E comeram os filhos de Israel maná quarenta anos, até que entraram em terra habitada; comeram maná até que chegaram aos limites da terra de Canaã (Êxodo 16:35).
        Foi rumo ao deserto que o profeta Elias caminhou, sentou e pediu para si a morte; depois, em uma caverna, Elias se refugiou em profundo estado de tristeza e depressão. Elias estava sob forte pressão emocional, pois estava sendo perseguido pelo rei Acabe, teve que ficar escondido no deserto em período de grande seca, foi alimentado pelos corvos, enfrentou e matou os 400 profetas do deus baal, o que suscitou a ira da idólatra rainha Jezabel que, caçava Elias no intuito de matá-lo. Deus estava todo tempo cuidando de Elias, mas as lutas sucumbiram a sua alma (I Reis 18:1-40; 19:1-18) - Elias era  homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos...” (Tiago 5:17a).
        Jesus Cristo, o Filho de Deus, também passou pelo deserto. Ele foi levado para lá pelo Espírito de Deus a fim de ser tentado por Satanás (Mateus 4:1-11). O nosso Salvador sabe o que é passar pelo deserto, Ele bem conhece como nos sentimos quando passamos por lutas e provações. Jesus Cristo saiu do deserto vitorioso sobre Satanás; Deus foi ao encontro de Elias naquela caverna triste, úmida e isolada e o restaurou. Elias saiu do deserto fortalecido e deu continuidade ao seu ministério. O povo de Israel também saiu do deserto para tomar posse da Terra Prometida.
Deus não está alheio às nossas lutas e provações e nunca nos abandona. Jesus Cristo nos diz que enquanto estivermos neste mundo teremos aflições, ou seja, passaremos pelo deserto. Porém, quando temos a Jesus como nosso Mestre e Senhor, temos a garantia DELE mesmo que sairemos do deserto vitoriosos, assim como Ele é Vitorioso e vencedor! – Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo (João 16:33).
        O deserto é um período transitório!
        Deus vai ao nosso encontro no deserto e ouve o clamor de nossa alma. Ele nos ensina, nos anima, nos restaura, faz promessas e abre nossos olhos para vermos que aquilo que é impossível para nós, é perfeitamente possível para Ele – Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas... Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus  (Lucas 1:37; 18:27).



“EL ROI” – DEUS QUE VÊ!
        O nosso corpo fala a linguagem silenciosa da comunicação não verbal, afirmam os autores Weil & Tompakow (1982). Os corpos de Agar e de Elias reagiram à ameaça, à tensão e ao receio levando-os a buscar uma saída, um escape para a sua situação. A ciência explica como isso acontece quando estamos diante de situações de extremo stress e como somos levados a reagir:

“... duas glândulas supra-renais que se situam acima dos rins, produzem adrenalina, também conhecida como hormônio das “situações de emergência”. A adrenalina prepara o corpo para a ação, ou seja, em termos biológicos, para atacar ou fugir. Os principais efeitos da adrenalina no organismo são:
Ø  Taquicardia (o coração dispara e impulsiona mais sangue para os braços e pernas, dando-nos capacidade de correr mais ou de nos exaltar mais em uma situação tensa, como uma briga);
Ø  Aumento da frequência respiratória e da taxa de glicose no sangue (isso permite que as células produzam mais energia);
Ø    Contração dos vasos sanguíneos da pele (o organismo envia mais sangue para os músculos esqueléticos) – por essa razão, ficamos pálidos de susto e também “gelados de medo”! “ . (citação e imagem do site: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/sistemasendocrino2.php. Acessado em 12.mai.2015 às 15:55).





Esta informação explica como Agar, mesmo abatida emocionalmente, teve forças para caminhar rumo ao deserto. E foi no deserto, enquanto fugia, que Agar teve seu encontro com Deus.
Quando Deus vem ao encontro da alma abatida e ferida, Ele toma a iniciativa do diálogo. Deus sabe de nossa necessidade de sermos ouvidos! O mesmo aconteceu com o profeta Elias. No recôndito da caverna Deus iniciou o diálogo perguntando: “... Que fazes aqui Elias?” (I Reis 19:9). Temos um Deus que nos ouve!
Junto à fonte no caminho de Sur, o Anjo do Senhor pergunta para Agar: “Agar, serva de Sarai, donde vens e para onde vais?” (Gênesis 16:7,8). Agar abriu o seu coração ferido e confessou que estava fugindo de sua senhora. Tudo o que ela queria naquele momento era a distância e o isolamento, mas ouviu o Anjo do Senhor ordenando que ela voltasse para a sua senhora. Era uma ordem contrária à vontade de Agar – Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos” (Gênesis 16:9). O coração ofendido, magoado e ferido se recusa e luta para não restabelecer a comunhão quebrada. Deus ensina Agar que, mesmo tendo sido a parte ofendida, ela deveria tomar a iniciativa de perdoar. É um mandamento bíblico – Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele, em tempo oportuno, vos exalte (I Pedro 5:6).
Para quem estava ferida emocionalmente seria difícil obedecer ao que o Anjo do Senhor estava ordenando. Entretanto, Deus se mostrou misericordioso com Agar, fazendo com que ela tivesse plena consciência de que Ele estava vendo a sua aflição. Deus nunca nos pede para fazer algo que não esteja ao nosso alcance.
Continuando o diálogo, o Anjo do Senhor fez promessas de bênçãos para Agar a respeito de seu filho que haveria de nascer. Deus bem sabia que a alma sequiosa de Agar necessitava ser revigorada. Deus prometeu multiplicar sobremodo a descendência de Agar, renovou a esperança da jovem mãe e descreveu para ela virilidade e a força que seu filho teria - Disse-lhe mais o Anjo do SENHOR: Multiplicarei sobremodo a tua descendência, de maneira que, por numerosa, não será contada. Disse-lhe ainda o Anjo do SENHOR: Concebeste e darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael, porque o SENHOR te acudiu na tua aflição. Ele será, entre os homens, como um jumento selvagem; a sua mão será contra todos, e a mão de todos, contra ele; e habitará fronteiro a todos os seus irmãos (Gênesis 16:10-12).



        Com promessas tão significativas, Agar se rendeu a Deus em adoração e louvor - Então, ela invocou o nome do SENHOR, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê? (Gênesis 16:13).
        Se você está passando por lutas e provações no deserto árido, saiba que este é um período transitório. Tenha a certeza de que EXISTE UM DEUS QUE TE VÊ “ EL ROI”. Clame e Ele virá em seu auxílio, restaurará a sua alma e restituirá a sua alegria. O rei Davi também passou por desertos em sua vida, mas ele pode enfim expressar: “Esperei confiantemente pelo Senhor: Ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro. Tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos. E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no Senhor (Salmo 40:1-3).
Agar obedeceu a Deus, voltou para sua senhora e se humilhou. Por ter obedecido a Deus, Agar foi abençoada com um filho chamado Ismael que significa “Deus ouve”. Agar também concedeu perdão a Sara e sua alma ficou em paz. Os anos se passaram e Deus sempre cuidou de Agar e de Ismael – Deus estava com o rapaz, que cresceu, habitou no deserto e se tornou flecheiro” (Gênesis 21:20). Agar teve a felicidade de ver Ismael crescendo e se tornar um homem. Sua felicidade se completou ao casá-lo, cumprindo a sua missão de mãe – Habitou no deserto de Parã, e sua mãe o casou com uma mulher da terra do Egito (Gênesis 21:21).
        Aprendemos com a história de Agar a importância de ouvir e obedecer à voz de Deus. A pessoa que se dispõe a obedecer a Deus é sempre abençoada! Aprendemos também sobre a importância do perdão. Mesmo quando somos a parte ofendida, devemos tomar a iniciativa e conceder perdão. O perdão é indispensável para a saúde do corpo e da alma. – Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio (Salmo 32:3,4). O perdão liberta! – Feliz aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto (Salmo 32:1).
        Como mulheres, esposas e mães, aprendemos com a história de Agar que Deus quer abençoar os nossos filhos e a nossa família. Sejamos mulheres, esposas e mães que buscam e amam a Deus acima de todas as coisas. Deus não falha em cumprir as Suas promessas. Confiemos NELE!


Referência:
WEIL, Pierre. TOMPALOW, Roland. O CORPO FALA: a linguagem silenciosa da comunicação não-verbal. Petrópolis-RJ: Editora Vozes Ltda., 1982.
Referência de imagens:
Imagem 1: Deserto. Disponível em www.kantinhodafe.blogspot.com
Imagem 2: Produção de Adrenalina. Disponível em http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/sistemasendocrino2.php. Acessado em 12.mai.2015 às 15:55.
Imagem 3: Agar no deserto junto à fonte. Disponível em http://www.flogao.com.br/drikoids/125058324/. Acessado em 12.mai.2015 às 18:16.


Palestra proferida por Raquel Alcantara, em 15 de maio de 2015, na Primeira Igreja Batista de Sobradinho-DF., por ocasião do culto realizado pelo Ministério de Beneficência, em homenagem ao dia das mães.

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