1. A MULTIDÃO PROCURA POR JESUS –
6:22-24
v. 22- "No dia
seguinte, a multidão que ficara do outro lado do mar notou que ali não havia
senão um pequeno barco e que Jesus não embarcara nele com seus discípulos,
tendo estes partido sós".
"no dia seguinte" – Esta referência reporta ao relato de João
6:16-21 - Jesus andando sobre o mar. É uma expressão muito usada por João que
mostra a dinâmica do ministério de Jesus.
"a multidão que ficara do outro do mar" - Esta multidão é a
mesma que participou do milagre da multiplicação dos pães e peixes, realizado
por Jesus, narrado em João 6:1-15. Após o milagre, a multidão permaneceu em
Tiberíades. Na tarde do mesmo dia, os discípulos desceram para o mar,
embarcaram e foram para Cafarnaum. No dia seguinte, ao perceber que Jesus e
seus discípulos já não estavam mais no local a multidão buscou meios de encontrá-Lo.
Para onde Jesus teria ido se Ele não havia embarcado com os discípulos? Como?
Isso nos leva a pensar
os motivos que levam as pessoas a buscarem por Jesus.
Em 6:2, João nos diz o
motivo que levou a multidão a seguir Jesus: "... porque tinham visto os
sinais miraculosos que Ele operava na cura dos enfermos".
Vejamos no mapa este
cenário:
Observe os pontos em
vermelho. Contornando-se a orla marítima, Tiberíades fica a 16,1 km de
Cafarnaum. Os discípulos foram pelo mar a Cafarnaum e nessa travessia aconteceu
o relato de João 6:16-21.
Quais seriam os motivos
pelos quais as pessoas buscam Jesus ou buscam a Deus?
v. 23: Entretanto, outros barquinhos
chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde comeram o pão, tendo o Senhor dado
graças. v. 24: Quando, pois, viu a
multidão que Jesus não estava ali nem os seus discípulos, tomaram os barcos e
partiram para Cafarnaum à sua procura.
A notícia do milagre da multiplicação dos pães correu pela região e outros
barquinhos chegaram ao lugar do acontecimento milagroso. Curiosidade? Talvez!
Em 6:10, João menciona que foram alimentados quase cinco mil homens e agora
em 6:23 temos o relato da chegada de mais barquinhos, ou seja, a multidão
aumentou. Em 6:22, menciona que havia apenas um barquinho onde estava a
multidão e agora, com a chegada de mais barquinhos, as pessoas se uniram,
tomaram os barcos e foram para Cafarnaum à procura de Jesus.
A multidão estava decidida. Por isso, não pouparam esforços e nem
trabalho, para conseguir seu objetivo.
Nos dias atuais, quais são os esforços que as pessoas têm feito para buscar
a Deus? Em Jeremias 29:13 encontramos a promessa de Deus a todo aquele que O
busca com o motivo e a razão corretos: "Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso
coração".
2.
JESUS CONHECE A
NATUREZA DO CORAÇÃO HUMANO (6:25-27)
v. 25: E, tendo-o encontrado no outro lado
do mar, lhe perguntaram: Mestre, quando chegaste aqui?
A alma ansiosa indaga,
questiona, busca respostas imediatas e concretas; não espera para ouvir a voz
de Deus. Quem é o homem para questionar quando e como Deus faz as coisas? Jesus não respondeu à multidão; Ele conhecia o
coração de cada uma daquelas pessoas; sabia o que realmente as motivava a
procurá-Lo. O profeta Jeremias (17:9,10) afirma que o coração humano é enganoso e que somente Deus o conhece –
"Enganoso é o coração, mais do que todas as
coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR,
esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um
segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações".
A pergunta curiosa das pessoas ficou sem resposta.
Deus não está em busca de curiosos, mas de discípulos comprometidos com Ele! O importante
naquele momento não era questionar Jesus, mas ouvir Jesus.
v. 26: Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em
verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque
comestes dos pães e vos fartastes; v.
27. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a
vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou
com o seu selo.
Jesus declara às pessoas o real
motivo delas O buscarem e faz advertências. Antes da multiplicação dos pães, as
pessoas procuravam por Jesus em busca de cura para as suas enfermidades.
Depois, as pessoas foram levadas a procurá-Lo por causa da "comida que
perece". Essas evidências mostram que o coração humano também é inconstante, imediatista e inclinado para
as coisas terrenas e não celestiais. Tiago alerta que a inconstância é uma característica do homem falta de sabedoria e de
ânimo dobre, ou seja, do homem "... que não tem firmeza e nunca sabe o que
deve fazer" (Tg. 1:8 - NTLH). O imediatismo
traz consigo a necessidade de satisfação pessoal custe o que custar e a
impulsividade. O imediatismo grita no
coração das pessoas a fim de que elas satisfaçam à desenfreada paixão carnal.
Uma vez saciada a paixão carnal, o imediatismo gera a culpa, a depressão, o
arrependimento, o desejo de vingança e morte. O imediatismo leva a pessoa
ladeira abaixo. A Bíblia nos dá vários exemplos de ações humanas imediatistas.
Dentre eles, menciono dois: Esaú, que na ansiedade de satisfazer sua
fome, vendeu seu direito de primogenitura (Gênesis 25:27-34), e, Siquém
que viu a jovem Diná, filha de Jacó, e a desejou ardentemente, vindo a
estuprá-la e em seguida a rejeitá-la. Este triste fato evoluiu para o desejo e
concretização de vingança dos irmãos de Diná que, ardilosamente, mataram não
somente Siquém, mas todos os homens da cidade dos Siquemitas, incluindo o rei
Hamor, pai de Siquém (Gênesis 34).
Sabedor de sua natureza pecaminosa,
o rei Davi clamava a Deus – "Não
permitas que meu coração se incline para o mal, para a prática da perversidade
na companhia de homens que são malfeitores: e não coma eu das suas
iguarias" (Salmo 141:4). Esta deve ser a nossa oração também!
Jesus ensina às pessoas que O
procuravam sobre o trabalho. Ele diz que o trabalho visa o suprimento do
alimento para o físico e é importante; mas além deste trabalho, há um trabalho
que permanece para a eternidade. Por ocasião da cura do paralítico no tanque de
Betesda, Jesus respondeu aos líderes religiosos o propósito de Sua vinda e
ministério ao afirmar que "... O meu pai trabalha até agora, e eu também
trabalho" (João 5:17). A saúde da
alma é tão importante quanto a saúde física. Jesus ensina que a vida terrena é
transitória e breve, portanto, precisamos sim cuidar do corpo que Deus nos deu
para vivermos nesta terra, porém devemos também cuidar da alma, pois é ela que
vai adentrar a eternidade ("Todos
vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão" –
Eclesiastes 3:20; "Pois nào
deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.
Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria,
na tua destra, delícias perpetuamente"- Salmo 16:10,11) . Jesus ensina
também o princípio da mordomia do corpo e da alma e a "... prioridade do
espiritual sobre o material - Deuteronômio 8. 3; Mateus 4. 4; 6. 33 -; em Jesus há fartura
de alimento espiritual; só o Filho tem a aprovação do Pai para reconciliar a
criatura com o Criador por Sua morte e ressurreição (Mateus 17:5)" "[2]
3.
CRER É MAIS IMPORTANTE QUE
FAZER (6: 28-30)
v. 28: Dirigiram-se, pois, a ele,
perguntando: Que faremos para realizar as obras de Deus? v. 29:
Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele
foi enviado. v.30: Então, lhe
disseram eles: Que sinal fazes para que o vejamos e creiamos em ti? Quais são
os teus feitos?
O diálogo entre Jesus e a multidão
continua. Os ensinos de Jesus, o Mestre dos mestres, continuam focados na
dicotomia entre: espiritual x terreno
- crer x fazer.
Apesar de haver declarado "Este
é verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo...", as pessoas ainda
não sabiam realmente quem era Jesus. Elas estavam demasiadamente focadas no que
podiam ver e seus corações não estavam prontos para ver e apreender os ensinos
de cunho espiritual que Jesus estava ensinando. Isso nos leva a refletir em
mais duas características da alma pecaminosa; a incredulidade e a cegueira
espiritual. Ambas caminham de mãos dadas e juntas trabalham para levar a
alma empedernida à perdição eterna – "Quanto,
porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos,
aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte
que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda
morte" (Apocalipse 21:8).
É natural do ser humano a crença de
que deve "fazer algo" para buscar a Deus. No folheto evangelístico
"É tão fácil ser salvo", o Pr. Gerson Rocha escreve: "Deus já
preparou a salvação dos pecadores. É como um banquete: É só aceitar o convite e
dele participar. Jesus disse: "Vinde
a mim... e achareis descanso para as vossas almas..." (Mateus
11:28-30). Se você crê que a salvação está pronta, como um banquete, é só
apropriar-se dela...".
Crer é o caminho a seguir. Crer é
acreditar, é dar um passo de fé entregando sua vida a Deus para O qual TODAS as
coisas são possíveis – "... mas para
Deus tudo é possível... Porque para Deus não haverá impossíveis em TODAS as
suas promessas... os impossíveis dos homens são possíveis para Deus... de fato,
sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se
aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o
buscam" (Mateus 19:26; Lucas
1:37; 18:27; Hebreus 11:6).
Jesus
responde às pessoas que a parte que cabe a elas é apenas CRER Naquele que Deus enviou. É interessante notar que, mesmo sendo
Deus, Jesus não usava desta prerrogativa para se impôr às pessoas. Ele nos
ensina uma boa lição de ética. Em alguns momentos pontuais "Jesus afirmou
categoricamente EU SOU O FILHO DE DEUS (Marcos 14:61-62; João 9:35-37;
10:36)"[3].
A cegueira espiritual das pessoas
era tão grande que questionavam Jesus a ponto de testá-Lo. A pergunta desafiadora tem um fundo de ironia
e desdém em relação a Jesus. – "Que sinal fazes para que o vejamos e creiamos em ti?
Quais são os teus feitos?" (v. 30).
Na mente finita do ser humano há uma
sede pelo fazer, preferencialmente por fazer algo vísivel, que impacte, que faça
brilhar os olhos e mexer com as emoções das pessoas. A multidão queria ver para
crer. Mas Deus, em Seu infinito amor quer, primeiramente, creiamos e, como
consequência, veremos! – ("Respondeu-lhe
Jesus: Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus?" - João
11:40).
No relacionamento com Deus, quem
deve estar no controle de nossas vidas e da situação é DEUS e não nós. Deus não
faz sinais maravilhosos com o propósito de agradar as pessoas, mas O faz para
manifestar ao mundo o Seu poder, Sua glória e Sua pessoa. – ("Porque Deus, que disse: Das trevas
resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação
do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo".- II Coríntios 4:6).
"Crer em
Jesus Cristo como Senhor e Salvador é obra que Deus aprova. Quem não crê no que
viu como crerá no que deseja ver?"[4]
4. JESUS, O PÃO DO CÉU (6:31-36)
v. 31: Nossos pais comeram o maná no
deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer pão do céu.
v. 32: Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em
verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu; o verdadeiro pão do
céu é meu Pai quem vos dá.
v.33 Porque o pão de Deus é o
que desce do céu e dá vida ao mundo.
v.34 Então, lhe disseram:
Senhor, dá-nos sempre desse pão.
v.35 Declarou-lhes, pois,
Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em
mim jamais terá sede.
v.36 Porém eu já vos disse
que, embora me tenhais visto, não credes.
Continuando
o discurso de Jesus com a multidão, vemos as pessoas recorrendo ao Antigo
Testamento, na parte histórica que todo judeu bem conhece. O povo rememora a
história após a saída dos judeus do Egito e o período em que seus pais
peregrinaram no deserto. Lembraram que o maná, o pão do céu, foi dado a eles
como provisão (Êxodo 16:4).
Posso
inferir a fala do povo a Jesus como algo assim: "Mestre, Moisés provou ser
um líder enviado e designado por Deus para dirigir o povo e foi por meio de
Moisés que o maná foi enviado por Deus do céu. E então Rabi (Mestre)? Que sinal o senhor vai fazer para que nós o vejamos e
assim creiamos em ti? Quais são os teus feitos?". Estariam
essas pessoas "determinando" o que Jesus devia fazer? Uma coisa eu sei: Jesus não satisfez a este desejo
provocador da multidão. Como sempre, Ele as ensinou com amor.
Faz-se
aqui, necessário falarmos um pouco do Maná que serviu de alimento ao povo de
Israel no deserto por 40 anos (Deuteronômio 8:2-3). No deserto, os israelitas
estavam em peregrinação rumo à Terra Prometida; não podiam plantar e nem colher
e dependiam totalmente da provisão de Deus. Este é um dos ensinamentos que
tiramos desta situação. À semelhança do povo de Israel no deserto, estamos
transitoriamente nesta vida terrena e dependemos de Deus para todas as coisas,
à começar pela vida e ar que respiramos.
Para
dirigir o povo nessa jornada Deus estava à frente conduzindo o povo por meio de seu servo Moisés. A
evidência da presença de Deus se manifestava na nuvem durante o dia e a coluna
de fogo durante à noite que, se deslocavam e paravam em determinados lugares –
("O SENHOR ia adiante deles, durante
o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa
coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite".
– Êxodo 13:21). O povo nunca sabia quanto tempo permeneceria
em cada lugar; sabiam apenas que quando a nuvem ou a coluna de fogo se moviam,
era o momento de desmontarem o acampamento, reunir as famílias, os pertences e
os animais e, partirem rumo ao desconhecido.
Não ter o controle e as rédeas da situação
angustia a alma do ser humano. Este é mais um ensinamento de Deus para nossas
vidas. Por meio desta situação "aparentemente instável" Deus nos
ensina que devemos depender DELE em todo e qualquer momento, tempo e lugar onde
pisar a planta de nossos pés. Assim como Deus nunca abandonou o povo de Israel,
Ele também não nunca nos abandonará – ("Nunca se apartou do povo a coluna de nuvem durante o dia, nem a coluna
de fogo durante a noite".- Êxodo 13:22).
O
maná era algo novo que os israelitas
não conheciam. O significado da palavra "maná" em hebraico, vem da
pergunta "o que é isto?" (Êxodo 16:15). Esta palavra, no entanto, tem
uma mensagem simbólica na Bíblia.
·
Tipo e
antítipo na Bíblia
Segundo o Pr. Rodrigo Oliveira[5],
"A tipologia é o estudo das figuras e símbolos da Bíblia, com
os quais Deus procura mostrar, por meio de coisas terrestres as coisas
espirituais. Visto a incapacidade da mente humana de compreender as coisas
divinas, nos mesmos termos encontramos no Antigo Testamento Deus falando das
glórias celestiais através de coisas terrestres, ou sejam, TIPOS, ou o que
revelam o ANTÍTIPO. Não se pode conhecer o ANTÍTIPO,
sem antes conhecer o TIPO". Veja exemplos práticos na Bíblia":
" “Sim, ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que nem tu nem teus pais conhecíeis; para te dar a entender que o homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor disso vive o homem”. (Deuteronômio 8.3). - "Em Deuteronômio, vemos que as Escrituras dizem que o homem não vive de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor. E segundo o texto, o que saía da boca do Senhor? O maná! Agora veja, Jesus usa estas mesmas palavras ao ser tentado pelo Diabo no deserto, E O INTERPRETA ao dizer: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus. Ele substitui a expressão “maná” por “Palavra de Deus”, que era o significado desta figura, que não tinha a imagem exata, mas era sombra de um bem vindouro. O maná, portanto, é um tipo da Palavra de Deus: é o alimento que vem do céu para o sustento do seu povo - “Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. (Mateus 4.4)".[6]
O
maná descia do céu, à noite, enquanto as pessoas dormiam (Êxodo 11:9). O Salmo
127:2 nos diz que "Unútil vos será
levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes;
aos seus amados Ele o dá enquanto dormem". Deus cuida dos Seus!
Ao
amanhecer os israelitas deviam colher a porção do dia para a família. No sexto
dia, deviam colher e preparar em dobro do que colhiam cada dia (Êxodo 16:4,5),
já prevendo para o dia de sábado. Essas orientações de Deus visavam ensinar o
povo: Organização; 2. Pensar uns nos outros; 3. Ser moderado; 4. Evitar o
desperdício; 5. Preservar o meio ambiente; 6. Guardar o dia de descanso
semanal.
A
consistência do maná e o modo como devia ser preparado está em Êxodo 11:7-8.
Nos
vs. 32 e 33 Jesus esclarece às
pessoas sobre o que acabaram de se referir ao maná. Ele faz com que elas
atentem para o fato de que Deus é maior do que Moisés, sendo Deus o provedor
tanto no tempo da peregrinação no deserto como naquele presente. Jesus mostra
também que o maná no deserto saciou a fome daquele povo, mas que Deus havia enviado
o verdadeiro Pão do Céu que desceu ao mundo para saciar a fome da humanidade e
dar vida. Em outras palavras, Jesus estava dizendo que "os seus ouvintes
tinham maior privilégio que os ouvintes de Moisés". (Ryle, 1985, p. 76)[7]
Hendriksen
(2004, p. 305)[8]
apresenta um quadro comparativo muito interessante e elucidativo sobre esses
versículos:
|
Assim
como a mulher samaritana em João 4:15
pediu a Jesus que lhe desse a "água da vida", a multidão pede a Jesus
que dê a eles o "pão da vida" (v.34).
Jesus então, claramente se apresenta como O Pão da Vida (v.35) e acrescenta "... o que vem a mim jamais terá
fome; e o que crê em mim jamais terá sede". Jesus Cristo tanto dá como
sustenta a vida. A saciedade em Jesus Cristo é completa!
·
EU SOU O
QUE SOU / EU SOU
Quando
Moisés foi enviado por Deus a Faraó para solicitar a saída dos israelitas do
Egito, instruiu Moisés a responder, quando alguém perguntasse quem o tinha
enviado, que EU SOU O QUE SOU / EU SOU é quem o tinha enviado (Êxodo 3:13,14).
EU SOU O QUE SOU se refere ao "Eterno, Aquele que sempre existiu, com um
nome que está além de qualquer outro, pois descreve quem e o que Deus é. Antes
de todas as coisas: EU SOU. Além de todas as coisas: EU SOU. Tudo e todos
envelhecemos, mas não o EU SOU. Tudo deixa de existir, mas não o EU SOU. O
grande EU SOU é o Ancião de Dias, pois Deus existia antes mesmo de o tempo
existir. Mas o EU SOU é eternamente jovem, tão novo como o orvalho que cobre a
vegetação pela manhã, pois a existência infinita se estende perante Ele"[9].
No livro de
João encontramos Jesus também se identificando como EU SOU. São expressões a respeito de Si mesmo que só podem ser
aplicadas à Sua divindade:
1.
Eu sou o Pão da Vida (6:35,38)
2.
Eu sou a porta (10:9)
3.
Eu sou o bom pastor (10:11)
4.
Eu sou a ressurreição e a vida (11:25)
5.
Eu sou o caminho (14:6)
6.
Eu sou a verdade (14:6)
7.
Eu sou a vida (14:6)
Como
dissemos anteriormente, Jesus conhece o íntimo do coração do ser humano. Ele
bem sabia que aquelas pessoas ainda não O conheciam e nem criam NELE, o verdadeiro
Pão do Céu (v.36). Segundo o comentarista bíblico Bruce (1990, p.139), "As
palavras 'embora me tenhais visto, não
credes' são um eco de João 5:36-38... eles tinham visto Jesus providenciar
alimento para a multidão, mas não penetraram no verdadeiro significado do que
Ele fez... Diferente do evangelista [João] e seus colegas, eles [a multidão]
não tinham "visto a Sua glória"(Jo. 1:14); por isso ainda não podiam
receber do pão da vida... A cegueira humana não pode frustrar a obra
salvadora de Deus".
5. JESUS REVELA OS PLANOS E A
VONTADE DO PAI (6:37-40)
v. 37:Todo aquele que o Pai me dá, esse
virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.
v.
38: Porque eu desci do céu,
não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.
v. 39 E a vontade de quem me
enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o
ressuscitarei no último dia.
v. 40: De fato, a vontade de
meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu
o ressuscitarei no último dia.
É
maravilhoso tomar conhecimento dessas assertivas de Jesus Cristo a respeito dos
planos e da vontade de Seu Pai.
Desta
passagem extraímos:
1.
Jesus tinha certeza de que muitos haviam de
vir e crer NELE pela fé.
2.
Cristo veio ao mundo para oferecer a todos
uma salvação gratuita.
3.
Todo o que vem a Cristo é tocado e movido
pelo Pai.
4.
Na obra de salvar todo pecador, o Pai e o
Filho estão unidos.
5.
Todos quantos o Pai envia a Jesus estarão sempre
protegidos e em segurança.
6.
O salvo em Cristo pode descansar e confiar
no Pão vivo que desceu do céu, o pão que dá vida a todos.
7.
Jesus cumprirá cabalmente toda a vontade do
Pai e, a vontade do Pai é "... boa,
agradável e perfeita..." (Romanos 12:2b).
8.
A vontade de Deus é salvar; é garantir que o
ser humano salvo e redimido pelo sangue de Jesus Cristo tenha a vida eterna
(João 3:16) e seja participante da ressurreição do último dia. A expressão
"último dia" é o tempo indicado em João 5:28,29 quando "todos os
que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão...".
9.
A vontade de Deus não pode ser mudada
(Filipenses 1:6).
10.
O Bom Pastor, que dá a vida pelas ovelhas,
jamais deixará seu rebanho cair nas garras de Satanás, mas recolherá para Si no
Céu cada alma pela qual deu a Sua vida. Jesus garante que ninguém
arrebatará qualquer salvo de Suas mãos (10:28).
Com Jesus temos a segurança de vida
eterna e a garantia de que ninguém nos arrebatará das mãos de nosso Salvador.
Aleluia! Maranata!
[1] Estudo do Evangelho de João. Lição
14: Escola Bíblica Dominical da Primeira Igreja Batista de Sobradinho-DF.
Lecionada por Raquel Alcantara.
[3] HALLEY, Henry H. Manual Bíblico: um comentário abreviado da
Bíblia. Traduzido por David A. de Mendonça. São Paulo: Sociedade Regiosa
Edições Vida Nova, 1970.
[5]
OLIVEIRA, Rodrigo M. De.
Tipologia Bíblica- parte 1 (o Tabernáculo). Disponível em http://www.atosdois.com.br/print2.php?codigo=3757.
Acessado em 09.mai.2015 às 14:45.
[6] SUBIRÁ. Luciano P. O
significado do Maná. Disponível em http://www.orvalho.com/o-significado-do-mana-por-luciano-subira/. Acessado em 09.mai.2015 às 11:12.
– Luciano é o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino
bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em
Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.
[7] RYLE, J. C. Meditações no Evangelho
de João. São José dos Campos/SP: Editora Fiel, 1985.
[8] HENDRIKSEN, William. O Evangelho de
João: Comentário do Novo Testamento. Tradução de Elias Dantas e Neuza Batista.
São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004.
[9] EU SOU. Disponível no site Bíblia
Ensina. Disponível em http://www.bibliaensina.com/2012/05/eu-sou.html#.VU5bJPlVikp.
Acessado em 09.mai.2015 às 16:13.
Boa exposição,clareou aí da mais o entendimento
ResponderExcluirMuito bom estudo edificante
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