OFICINA
DA PALAVRA
CONTEXTO:
A atividade "Oficina da Palavra" foi realizada
em 2006, quando eu cursava Pedagogia na Universidade de Brasília (UnB). A atividade
fazia parte da disciplina "Processos de Alfabetização". A professora
propôs que cada aluno caminhasse ao redor da Faculdade de Educação observando as
árvores. Em seguida, devíamos escolher uma ou mais árvore e "conversar" com
ela(s), observando a similaridade dela(s) com a nossa própria vida e extrair alguma
lição.
Depois da "conversa" devíamos coletar uma folha da/ de cada árvore e escrever um texto que fosse um diálogo das árvores escolhidas. Eu
escolhi a folha do bambuzal e a folha da amoreira.
Meu texto produzido foi
este:
AS PLANTAS TAMBÉM NOS ENSINAM:
Uma alegoria da "Folha do Bambuzal" e da "Folha da
Amoreira"
Aconteceu numa manhã de quarta-feira.
De repente, vimos um grupo vindo em nossa direção, mas nem suspeitávamos que
aquele seria um dia diferente para nós.
Fomos escolhidas dentre as nossas
colegas. Ela, a Folha da Amoreira e eu, a Folha do Bambuzal.
Aproximamo-nos uma da outra e fomos
levadas para uma roda que o grupo acabara de formar. O que ouvimos naquela
manhã a nosso respeito e de outras colegas foram declarações preciosas,
profundas e carregadas de emoção!
Como sou mais falante, tomei logo a
iniciativa com minha colega Folha da Amoreira. Enquanto conversávamos,
percebemos que ambas usávamos a terceira pessoa do plural. Nosso sentimento de
coletividade falava mais alto.
Disse à Folha da Amoreira do nosso
prazer em tê-las bem a nossa frente com seus galhos espraiados, dia após dia,
sempre convidando os que ali passam para saborear a doçura de suas pequeninas
amoras. Disse-lhe que as Amoreiras são dignas de serem admiradas, dado o seu
exemplo de bondade, generosidade, companheirismo e de trabalho em grupo.
Para nós era admirável sua virtude de
saber conviver com o diferente que se erguia esbelto e majestoso entre seus
galhos.
Além disso, manifestei a nossa alegria
pelos novos brotos, sinal da vida que se renova e da bondade do Criador que as
recompensa. Emocionada, a Folha da Amoreira agradeceu e não poupou palavras
generosas a nós.
A Folha da Amoreira expressou a sua
admiração ao contemplar-nos unidos, à beira da rua, sempre agraciando com uma
brisa refrescante e uma sombra benfazeja os que por ali se assentam ou
transitam. Lembrou-nos com humor da disputa dos carros por nossa sombra logo
pela manhãzinha. Semelhantemente, parabenizaram-nos pelos nossos brotos, também
dádivas do Criador!
Nossa conversa não parou por aí. A
Folha da Amoreira relembrou-nos de outras contribuições que damos à humanidade
como os móveis que amparam os corpos cansados, os que adornam os ambientes e
aqueles que dentre nós são escolhidos para servir o homem nas tarefas mais humildes
como a condução da preciosa água e tantas outras utilidades.
Nós as agradecemos pela maneira como
são úteis além do espaço que ocupam. Pois afinal, poucos são os que resistem a
uma geleia ou torta dos saborosos frutos de nossas amigas.
A conversa estava boa, mas a manhã
havia se passado. Estávamos felizes por termos sido escolhidas. Não voltaremos
para contar as novas para as nossas amigas. Estamos certas de que elas comungam
conosco do mesmo sentimento que justifica a nossa existência. Vivemos e
morremos para servir! Morremos despertando consciências, quem sabe até então,
desapercebidas da beleza, singularidade, diversidade e do valor da vida que as
rodeiam. Para nós a morte não é o fim e nem motivo de entristecimento. A morte
para nós é uma prova de amor incondicional!
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"O amor que se dá
enriquece infinitamente mais que o amor que se recebe".
A. Borçóis- Macé
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