sexta-feira, 6 de novembro de 2015

OFICINA DA PALAVRA

CONTEXTO:
A atividade "Oficina da Palavra" foi realizada em 2006, quando eu cursava Pedagogia na Universidade de Brasília (UnB). A atividade fazia parte da disciplina "Processos de Alfabetização". A professora propôs que cada aluno caminhasse ao redor da Faculdade de Educação observando as árvores. Em seguida, devíamos escolher uma ou mais árvore e "conversar" com ela(s), observando a similaridade dela(s) com a nossa própria vida e extrair alguma lição.
Depois da "conversa" devíamos coletar uma folha da/ de cada árvore e escrever um texto que fosse um diálogo das árvores escolhidas. Eu escolhi a folha do bambuzal e a folha da amoreira. 
Meu texto produzido foi este:



AS PLANTAS TAMBÉM NOS ENSINAM:
Uma alegoria da "Folha do Bambuzal" e da "Folha da Amoreira"




Aconteceu numa manhã de quarta-feira. De repente, vimos um grupo vindo em nossa direção, mas nem suspeitávamos que aquele seria um dia diferente para nós.
Fomos escolhidas dentre as nossas colegas. Ela, a Folha da Amoreira e eu, a Folha do Bambuzal.
Aproximamo-nos uma da outra e fomos levadas para uma roda que o grupo acabara de formar. O que ouvimos naquela manhã a nosso respeito e de outras colegas foram declarações preciosas, profundas e carregadas de emoção!
Como sou mais falante, tomei logo a iniciativa com minha colega Folha da Amoreira. Enquanto conversávamos, percebemos que ambas usávamos a terceira pessoa do plural. Nosso sentimento de coletividade falava mais alto.
Disse à Folha da Amoreira do nosso prazer em tê-las bem a nossa frente com seus galhos espraiados, dia após dia, sempre convidando os que ali passam para saborear a doçura de suas pequeninas amoras. Disse-lhe que as Amoreiras são dignas de serem admiradas, dado o seu exemplo de bondade, generosidade, companheirismo e de trabalho em grupo.
Para nós era admirável sua virtude de saber conviver com o diferente que se erguia esbelto e majestoso entre seus galhos.
Além disso, manifestei a nossa alegria pelos novos brotos, sinal da vida que se renova e da bondade do Criador que as recompensa. Emocionada, a Folha da Amoreira agradeceu e não poupou palavras generosas a nós.
A Folha da Amoreira expressou a sua admiração ao contemplar-nos unidos, à beira da rua, sempre agraciando com uma brisa refrescante e uma sombra benfazeja os que por ali se assentam ou transitam. Lembrou-nos com humor da disputa dos carros por nossa sombra logo pela manhãzinha. Semelhantemente, parabenizaram-nos pelos nossos brotos, também dádivas do Criador!
Nossa conversa não parou por aí. A Folha da Amoreira relembrou-nos de outras contribuições que damos à humanidade como os móveis que amparam os corpos cansados, os que adornam os ambientes e aqueles que dentre nós são escolhidos para servir o homem nas tarefas mais humildes como a condução da preciosa água e tantas outras utilidades.
Nós as agradecemos pela maneira como são úteis além do espaço que ocupam. Pois afinal, poucos são os que resistem a uma geleia ou torta dos saborosos frutos de nossas amigas.
A conversa estava boa, mas a manhã havia se passado. Estávamos felizes por termos sido escolhidas. Não voltaremos para contar as novas para as nossas amigas. Estamos certas de que elas comungam conosco do mesmo sentimento que justifica a nossa existência. Vivemos e morremos para servir! Morremos despertando consciências, quem sabe até então, desapercebidas da beleza, singularidade, diversidade e do valor da vida que as rodeiam. Para nós a morte não é o fim e nem motivo de entristecimento. A morte para nós é uma prova de amor incondicional!


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"O amor que se dá enriquece infinitamente mais que o amor que se recebe".
A.    Borçóis- Macé


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