quinta-feira, 27 de julho de 2017
terça-feira, 25 de julho de 2017
A Unidade da Fé
A UNIDADE DA FÉ[1]
Texto Base: Efésios 4:1-6
1 Rogo-vos,
pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que
fostes chamados, 2 com toda a humildade e mansidão, com longanimidade,
suportando-vos uns aos outros em amor, 3 esforçando-vos diligentemente
por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; 4 há
somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança
da vossa vocação; 5 há um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
6 um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos,
age por meio de todos e está em todos.
Introdução:
Mais
uma vez Paulo se identifica como o “prisioneiro do Senhor” assim como o fez em
3:1 e Filipenses 1:13 “de maneira que
as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda
pretoriana e de todos os demais”. Ao se declarar prisioneiro do
Senhor, o apóstolo não está se queixando de estar privado do seu direito de ir
e vir; pelo contrário, ele considera uma honra estar preso por causa do
Evangelho de Cristo. E mais, Paulo mostra que a Palavra do Senhor não estava
presa com ele, pois além da guarda pretoriana, suas cartas saíram da prisão e
chegaram até as igrejas onde foram lidas e, por sua vez, chegaram até nós.
Vamos
estudar mais detalhadamente os versículos do texto base.
1.
O NOSSA VOCAÇÃO (v. 1)
“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no
Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamado,”
Após
orar pelos cristãos efésios pedindo a Deus que fossem fortalecidos com a força
concedida pelo Espírito Santo, Paulo continua ministrando ensinamentos falando
sobre a Unidade da fé. Ele o faz rogando, pedindo com insistência e súplica aos
crentes para que andem, ou seja, “vivam de uma
maneira que esteja de acordo com o que Deus quis quando chamou vocês”
(NTLH).
Quem nos chama e nos
vocaciona é Deus. Ao nos vocacionar, ou seja, ao nos salvar por meio de Jesus
Cristo, Ele nos fez participantes de uma Missão especial, a de proclamar as Boas
Novas de Salvação ao mundo; Deus também nos capacita para fazermos a Sua obra.
Paulo afirma que “... os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis”. (Romanos 11:29). Isso quer dizer que
tudo aquilo que Deus planeja para nossa vida vai acontecer. Mesmo que a vontade
humana siga por outros caminhos que a seus olhos são mais agradáveis ou tidos
como certos. Deus nunca é pego de surpresa, os Seus planos para o mundo e para
as pessoas nunca mudam e nunca falham – “O coração do homem
planeja o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos” (Provérbios
16:9).
Fomos chamados e vocacionados
para sermos luz e sal da terra:
“Vós sois o sal da terra; ora,
se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta
senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do
mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se
acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e
alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a
vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:13-16).
Fomos chamados e vocacionados para sermos embaixadores de
Cristo:
“De sorte
que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso
intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (II Coríntios 5:20).
Fomos chamados e vocacionados para proclamar as
grandezas de Deus:
“Porém, vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa,
povo de propriedade exclusiva de Deus,
cujo propósito é proclamar as grandezas daquele que vos convocou das trevas
para sua maravilhosa luz” (I Pedro 2:9).
Por
essas e outras razões é que o apóstolo se preocupa em alertar para que andemos
de modo digno da nossa vocação.
2.
O ANDAR DO CRISTÃO VOCACIONADO (v. 1)
“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no
Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados,”
O
cristianismo é essencialmente prática. O autor aos Hebreus diz que tanto mundo
físico como o espiritual observam os cristãos. Pensando nisso, é bom considerar
o alerta: “Portanto,
também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas,
desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia,
corramos com perseverança, a carreira que nos está proposta” (Hebreus
12:1).
A
maneira de andar, de viver e de se comportar do cristão diante do mundo e no
mundo é assunto do apóstolo Paulo em várias de suas cartas e do apóstolo João
também. Vejamos algumas maneiras como devemos andar:
a. Andar
em novidade de vida:
“Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo
batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do
Pai, assim também andemos nós em novidade de vida” (Romanos 6:4).
b. Andar
no Espírito:
“a
fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a
carne, mas segundo o Espírito”
(Romanos 8:4).
“Digo,
porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gálatas
5:16).
“Se vivemos no Espírito, andemos também no
Espírito” (Gálatas 5:25).
c. Andar
por fé
“visto
que andamos por fé e não pelo que vemos” (II Coríntios 5:7).
d. Andar
em amor:
“e
andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós,
como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Efésios
5:2).
e. Andar
na verdade:
“Não
tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam na verdade” (III João v.
4).
f. Andar
como filhos da luz:
“Pois,
outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da
luz” (Efésios
5:8).
g. Andar
dignamente:
“Andemos
dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e
dissoluções, não em contendas e ciúmes” (Romanos 13:13).
h. Andar
segundo os mandamentos de Cristo:
“
E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este mandamento, como
ouvistes desde o princípio, é que andeis nesse amor” (II
João v. 6).
i. Andar
como Jesus Cristo andou:
“aquele
que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (I
João 2:6).
j. Andar
como sábios:
“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e
sim como sábios” (Efésios
5:15).
Vale
aqui complementar citando o conselho do sábio Salomão: “O temor do SENHOR é o princípio da
sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência” (Provérbios 9:10).
Paulo
ensina aos cristãos de Éfeso e a nós, que tanto os líderes como os demais
membros da igreja, tanto os judeus como os gentios, foram “perdoados,
redimidos, salvos, chamados, predestinados, eleitos, herdeiros, amados,
fortalecidos e graciosamente beneficiados com todo tipo de bênçãos”[2] por Deus, através do sacrifício redentor de
Jesus Cristo, o Filho de Deus. Paulo deixa bem claro que a salvação não foi
mérito concedido a judeus e gentios, mas foi um ato da vontade e da graça
soberana de Deus, através da fé dos que creram, creem e os que virão a crer – “Porque pela
graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de
obras, para que ninguém se glorie” (Efésios
2:8,9).
O Evangelho
não é privilégio apenas de uma nação, ou de um povo, ou de uma tribo, ou de uma
língua; o Evangelho, que são as boas novas de Jesus Cristo, é para TODO o mundo. Jesus afirmou: “E será pregado este evangelho do reino por TODO o mundo, para
testemunho a TODAS as nações. Então, virá o fim” (Mateus 24:14).
Para que todas as nações sejam alcançadas, Jesus ordenou
que a mensagem fosse pregada. – “E disse-lhes: Ide por TODO O MUNDO e
pregai o evangelho a TODA CRIATURA” (Marcos
16:15). O mundo não é um aglomerado de pessoas, mas é constituído por
indivíduos, cada qual formado por um corpo, alma e espírito importantes,
valorizados e alvos do amor de Deus.
Deus se importa tanto com cada um de nós que Ele sabe quantos
fios de cabelo nós temos – “Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não
temais! Bem mais valeis do que muitos pardais” (Lucas 12:7).
3.
O ANDAR DO CRISTÃO NA PRÁTICA (v. 2,3)
“com toda humildade
e mansidão, com longanidamidade, suportando-vos uns aos outros em
amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito
pelo vínculo da paz”
O
apóstolo Paulo diz que o parâmetro sob o qual se apoia o andar, o proceder e a
maneira de viver do cristão é o fruto do
Espírito.
Conforme
vimos no estudo de Gálatas 5:22-23, o amor
e a paz são atitudes do cristão para
com Deus; a humildade e a longanimidade
são atitudes do ser humano com o seu
próximo e a mansidão é a atitude do
cristão para com ele mesmo.
O Amor, palavra grega ágape, traduzida por amor, inclui tanto
amor a Deus como o amor ao próximo. Há quatro termos para a palavra amor em grego: 1) EROS é o amor de um homem por uma mulher; é o amor imbuído de
paixão; 2) FILIA é o amor caloroso
para com os nossos achegados e familiares. É um sentimento profundo do coração;
3) STORGE aplica-se particularmente
ao amor dos pais pelos filhos; e, 4) ÁGAPE
é o amor cristão e significa benevolência invencível.
O
amor é o centro do Evangelho das Boas Novas
- “Porque
Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Em I Coríntios 13, Paulo
apresenta o hino que fala da prática do amor”.
A paz refere-se fundamentalmente à paz com Deus. A
paz significa não apenas ausência de problemas, mas, sobretudo, a consciência
de que nossa vida está nas mãos de Deus. Paulo usa várias vezes a expressão “o
Deus da Paz” em suas cartas. Deus é Deus da paz e Ele também nos
chamou para a paz.
A humildade é
palavra de origem do latim humilitas que significa “pouca elevação”, ou seja, uma
relação com a ideia de modéstia. A humildade
é a qualidade de
quem age com simplicidade,
uma característica das pessoas que sabem assumir as suas responsabilidades, sem
arrogância, prepotência ou soberba. A pessoa humilde tem a predisposição para
reconhecer suas próprias limitações, com modéstia e ausência de
orgulho.
A longanimidade
significa ânimo espichado ao máximo. É a pessoa tardia em irar-se. Trata-se
de paciência para suportar injúrias de outras pessoas. A longanimidade descreve
o homem que, tendo condições de vingar-se, não o faz.
“A longanimidade ou
paciência é um atributo de Deus (Romanos 2:4; 9:22; de Jesus Cristo (I Timóteo
1:16) e é requerido do homem que se inspira na confiança de que Deus cumprirá
as Suas promessas (II Timóteo 4:2,8; Hebreus 6:12)... a longanimidade é uma
grande arma contra a hostilidade do mundo em sua atitude para com a igreja”
(Hendricksen)[3]
A mansidão
significa dócil submissão, o estado de espírito de alguém
que tem controle e domínio sobre seu temperamento e atitudes; calma; paciência;
controle da situação; domínio próprio. “gentileza
uns para com os outros e para com todos os homens... A mansidão é o oposto
extremo da veemência, da violência e da agressividade ou explosões de ira”
(Hendriksen). É poder sob controle. A palavra era usada para um animal que foi
domesticado e criado sob controle.
Deus, ensina, recomenda, direciona, adverte e
ordena, mas Ele respeita o livre arbítrio do ser humano. A ética faz parte da
pessoa e do caráter de Deus.
O
amor de Deus é elemento, o “parafuso”, a “canga” que sustenta, firma, ampara,
une e reforça o relacionamento entre nós e o nosso próximo. “Suportando-vos
uns aos outros” tem o significado de “ser apoio para alguém”. Lembra bem a
figuras de um aparador de parede e do carro de boi.
Assim
sendo, quando os cristãos “são apoio uns para os outros”, estão colocando em
prática um esforço e um empenho cuidadoso com o outro. Em
outras palavras é o exercício da alteridade.
“Um dos princípios fundamentais da alteridade é
que o homem na sua vertente social tem uma relação de interação e dependência
com o outro. Por esse motivo, o "eu" na sua forma individual só pode
existir através de um contato com o "outro... a alteridade implica que um indivíduo seja capaz de se
colocar no lugar do outro, em uma relação baseada no diálogo e valorização das
diferenças existentes."[5].
O
resultado do suportar e do esforço conjunto dos membros da
Comunidade de fé, do Corpo de Cristo - a Igreja - resultará na Unidade no
Espírito.
4.
A importância do UM e TODOS (vs.4-6)
“há somente um
corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa
vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de
todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos”.
Visto
que a diversidade linguística, étnica e cultural era uma característica da
igreja de Éfeso, o apóstolo Paulo não se cansa de enfatizar a importância da
Unidade. Judeus e gentios salvos agora são espiritualmente “um em Cristo”.
Estar
“em Cristo” significa estar em Seu corpo, ... sendo membros uns dos outros tão
verdadeira e intimamente como o são os órgãos do corpo humano. A unidade é,
realmente, uma unidade espiritual, e, portanto, transcende e ultrapassa
qualquer instituição ou associação que possua suas bases nas coisas deste
mundo. (Francis Foulkes)[6]
Ser
“um em Cristo” implica em viver e pensar não mais no “eu” mas em “nós”.
Nós fazemos
parte de um só corpo, o corpo de Cristo, a Igreja.
“Porque, assim como o corpo é um
e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo,
assim também com respeito a Cristo” (I Coríntios 12:12).
Nós recebemos
um só Espírito, o Espírito Santo enviado por Deus, a terceira pessoa da
Trindade, o Consolador, o Espírito da verdade.
“Pois, em um só Espírito, todos
nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer
livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (I Coríntios 12:13).
Nós temos
uma só esperança, um só Senhor que é Jesus Cristo, uma só fé, um só Deus, um só
Pai.
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com
Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem
obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e
gloriamo-nos na esperança da glória de Deus” (Romanos 5:1,2).
Nós fomos
batizados em um só batismo. O batismo no Espírito, por ocasião de nossa
confissão pela fé e aceitação da obra redentora de Jesus Cristo por nós na
cruz, uma vez por todas; e, o batismo nas águas como sinal exterior dessa fé.
“Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé
em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo
vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas
3:26-28).
Ao
mesmo tempo que somos UM, somos TODOS.
CONCLUSÃO:
A
unidade está em um só Deus e Pai de todos – “todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem
são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo
qual são todas as coisas, e nós também, por ele” (I Coríntios 8:6).
Deus
está acima de TUDO e de TODOS; é por meio de Sua graça, bondade e misericórdia que
TODOS nós vivemos – “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos
consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã.
Grande é a tua fidelidade” (Lamentações 3:22-23).
Deus
habita no cristão, por meio do Espírito Santo, através da fé no sacrifício
completo de Jesus Cristo, o Filho de Deus – “E eu
rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para
sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque
não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará
em vós” (João 14:16-18).
O
melhor exemplo de Unidade é a Trindade Santa. Pai, Filho e Espírito Santo não
disputam entre Si; pelo contrário, cada um tem seu papel e tempo de atuação no
mundo e na vida das pessoas. A Trindade trabalha junta para um fim em comum: a
redenção da terra e da humanidade.
“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira
terra passaram, e o mar já não existe”.
“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.
“Depois, destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém
podia enumerar, de TODAS as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do
trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos”.
“Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o
Fim”.
Bem aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue
do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na
cidade pelas portas” (Apocalipse 21:1; 3:7,11,17,29; 3:6,13,22;
7:9; 22:13,14).
Amém! Vem, Senhor Jesus! (Apocalipse
22:20b).
[1]
Lição ministrada por Raquel Sueli de Almeida Alcantara da Silva, na “Classe de
Gálatas, Efésios e Filipenses” da Primeira Igreja Batista de Sobradinho,
Brasília-DF, em 23/julho/2017.
[2] Bíblia Missionária de Estudo. Almeida
Revista e Atualizada. 2ª
Edição. Barueri-SP: Sociedade do Brasil, 2014.
Comentário de 4:1, página 1223.
[3]
HENDRIKSEN, William. GÁLATAS: comentário do Novo Testamento. 1ª Edição. São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 1999.
[4] VOLIÇÃO.
Disponível em https://www.dicio.com.br/volicao/.
Acessado em 22.jul.2017 à 11:28.
[5]
ALTERIDADE. Disponível em https://www.significados.com.br/alteridade/.
Acessado em 22.jul.2017 às 11:17.
[6]
FOULKES, Francis. EFÉSIOS: introdução e comentário. São Paulo: Sociedade
Religiosa Edições Vida Nova, 1993. (Série Cultura Bíblica).
A segunda oração de Paulo pelos Efésios
A
SEGUNDA ORAÇÃO DE PAULO PELOS EFÉSIOS[1]
Texto Básico: Efésios 3:14-21
Paulo chegou a Éfeso com Áquila e Priscila por ocasião de sua
segunda viagem missionária (Atos 18:18-21). O casal permaneceu na cidade e
Paulo prosseguiu viagem, porém sua intenção era voltar à cidade, o que aconteceu
em sua terceira viagem missionária. Quando retornou a Éfeso, Paulo permaneceu
por dois anos pregando o evangelho na escola de Tirano (Atos 19). Ao todo,
foram 3 anos de ministério em Éfeso.
Depois disso, ele não voltou mais à cidade, mas se encontrou com
os presbíteros da igreja quando estava na cidade de Mileto. Paulo os fez relembrar
da fidelidade com que exerceu o seu ministério, alertou os líderes da igreja
sobre o perigo de falsos mestres que haveriam se manifestar e até entrar no
meio deles, aos quais ele chama de lobo vorazes (Atos 20:29,30) e, por fim, se
despediu dos irmãos encomendando-os ao Senhor e à palavra de sua graça e orou
com eles (Atos 20:17-38).
Quando Paulo escreveu este livro, estava preso em Roma (Efésios
3:1; 6:20).
1. A ORAÇÃO COMO DISCIPLINA ESPIRITUAL
“A disciplina
espiritual da oração é um componente-chave no
nosso relacionamento com Deus, pois é nosso meio de comunicação com Ele. É pela
oração que podemos conversar com nosso Criador. Os relacionamentos dependem de
comunicação e a oração é a principal via para nos comunicarmos com Deus. Quando
vamos diante dEle de Deus em oração, estamos pedindo que Ele participe de forma
ativa em nossas vidas ou nas vidas daqueles por quem estamos intercedendo. A
oração comunica a realidade de nossa situação como um todo, isto é, que
precisamos de Deus e desejamos Sua presença...” (Peter Amsterdam[2]).
“A ORAÇÃO não é uma escolha. A ORAÇÃO é um dos imperativos categóricos da
Palavra de Deus para a vida do cristão; é uma das disciplinas espirituais que
não pode ser excluída da vida cristã. A ORAÇÃO quebra a dureza do coração. Por
isso, há necessidade de orarmos continuamente; porque quando oramos, nosso
coração e mente se tornam mais sensíveis para conhecer a vontade de Deus para a
nossa vida e mais misericordiosos à necessidade do nosso próximo e do mundo”
(Raquel Alcantara – 13/julho/2017). Eis o motivo porque a Palavra de Deus nos
mandar “Orai sem cessar” (I Tessalonicenses 5:17).
A
ORAÇÃO era um dos grandes pilares da vida e ministério de Paulo.
Pela
segunda vez no livro de Efésios Paulo ora em favor dos cristãos da igreja de
Éfeso.
2. O
MOTIVO, A POSTURA FÍSICA E O DESTINATÁRIO DA ORAÇÃO DE PAULO EM FAVOR DOS
CRISTÃOS DE ÉFESO (3:14,15)
“Por esta causa, me ponho
de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como
sobre a terra”.
“Por esta causa”: Diz
respeito aos motivos que levaram Paulo a orar pelos efésios. No capítulo 2 o
apóstolo ensina que Deus concede a salvação pela graça a judeus e gentios
unindo ambos por meio da cruz de Cristo. No capítulo 3:1-13 ele revela que
judeus e gentios são participantes do Corpo de Cristo, ambos formam a Igreja
que é o mistério que estava oculto. Paulo também fala de sua alegria de ter sido
comissionado por Deus para colaborar no plano eterno de alcançar os gentios
através da pregação do evangelho.
O ministério,
o amor, a graça, o poder e o serviço são os motivos da oração de Paulo; por
tudo isso, ele afirma “me ponho de
joelhos”. Embora as Escrituras não
indiquem nenhuma posição corporal necessária ou correta à oração, o pôr-se de joelhos indica sincera
reverência. Para o judeu, a posição mais comum de orar era ficar em pé, mas há
também referências à oração ajoelhado conforme mostram as passagens:
Pessoa
|
Posição
|
Referência Bíblica
|
Salomão
|
Ajoelhado e com as mãos estendidas para os
céus (súplica)
|
Tendo Salomão acabado de fazer ao SENHOR toda esta oração e súplica, estando de
joelhos e com as mãos estendidas para os céus, se levantou de diante do altar
do SENHOR,
(I Reis 8:54)
|
Jesus
|
Prostrado sobre o seu rosto, ajoelhado
|
Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto,
orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe
de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres.
Mateus 26:39
Ele, por sua vez, se afastou, cerca de um tiro de pedra, e,
de joelhos, orava.
Lucas 22:41
|
O fariseu
|
Em pé
|
O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta
forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens,
roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano.
(Lucas 18:11)
|
O publicano
|
Em pé
|
O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda
levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a
mim, pecador!
(Lucas 18:13)
|
Estevão
|
Ajoelhado
|
Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes
imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.
(Atos 7:60)
|
Pedro
|
Ajoelhado
|
Mas Pedro, tendo feito sair a todos, pondo-se de joelhos,
orou; e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te! Ela abriu os
olhos e, vendo a Pedro, sentou-se.
(Atos 9:40)
|
Paulo
|
ajoelhado
|
Tendo dito estas coisas, ajoelhando-se, orou
com todos eles.
(Atos 20:36)
|
Paulo
se põe de joelhos e se coloca “diante do
Pai”, primeiramente exaltando a Deus como o Pai de “toda a família” que habita tanto o céu como a terra. Paulo
considera que a grande família de Deus é constituída pelos crentes que estão
vivos como por aqueles que já morreram antes da dispensação da Graça, da
dispensação do Mistério, que é a Igreja. Para o apóstolo, os que partiram antes
também são dignos de serem lembrados e contados na Família de Deus, visto que a
fé foi o firme fundamento sob o qual viveram (Hebreus 11).
3. O
CONTEÚDO DA ORAÇÃO DE PAULO EM FAVOR DOS CRISTÃOS DE ÉFESO (3:16-19)
“para que, segundo a
riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante
o seu Espírito no homem interior;
e, assim, habite Cristo no
vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor,
a fim de poderdes
compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a
altura, e a profundidade
e conhecer o amor de
Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais tomados de toda
plenitude de Deus”.
Paulo
pede a Deus para que Ele use da medida da “riqueza da sua glória” para abençoar
os cristãos.
A
medida da riqueza da glória de Deus é imensurável e transbordante. A generosidade é um dom de Deus, quando abençoamos alguém
estamos praticando o amor, Deus se alegra disso e derrama sobre nós uma boa
medida, sacudida, recalcada e transbordante !!! - "Dai,
e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente
vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão
também." (Lucas 6:38).
Em
sua oração, Paulo pede a Deus para que os cristãos efésios:
1)
Sejam
fortalecidos com o poder do Espírito Santo
(Atos 1:8)
O Espírito Santo é a terceira
pessoa da Trindade. Pai, Filho e Espírito Santo têm missões específicas na
Bíblia e na história da humanidade. Cada pessoa da Trindade desempenhou um
papel na criação do mundo conforme lemos em:
No princípio, criou Deus os céus e a terra. A
terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e
o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.
(Gênesis 1:1,2)
No princípio
era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no
princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e,
sem ele, nada do que foi feito se fez. (João 1:1-3)
pois, nele, foram criadas
todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam
tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado
por meio dele e para ele. (Colossenses
1:16)
O Espírito Santo foi
prometido por Jesus Cristo como Aquele que haveria de vir e habitar na vida dos
seus discípulos e dos seus seguidores que NELE criam. Isso aconteceu após a morte
de Jesus.
Quando, porém, vier o
Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que
dele procede, esse dará testemunho de mim; e vós também testemunhareis, porque
estais comigo desde o princípio (João 15:26).
Os
discípulos estavam entristecidos com as revelações de Jesus a respeito de sua
morte. Jesus então, explica a eles que seu tempo e sua obra como Filho de Deus
estava chegando ao fim na terra. Havia necessidade DELE voltar para o Pai a fim
de que iniciasse no mundo, na vida dos crentes redimidos, a obra da terceira
pessoa da Trindade.
Mas eu
vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador
não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. (João 16:7).
O
Espírito Santo, chamado por Jesus de O Consolador e o Espírito da Verdade, foi
prometido para estar para sempre com os discípulos e os que viriam a crer na
mensagem do Evangelho.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro
Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade,
que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis,
porque ele habita convosco e estará em vós.
(João
14:16).
Jesus também disse que a obra do Espírito Santo é
ensinar os cristãos as insondáveis maravilhas de Deus e trazer sempre à memória
tudo quanto Jesus fez.
“mas o Consolador, o
Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as
coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (João
14:26).
Outra obra do Espírito Santo, o Consolador é dar testemunho
de Jesus Cristo e capacitar os cristãos com poder para também testemunharem de
Jesus Cristo, Sua obra e plano salvífico para a humanidade.
A promessa de Jesus foi cumprida no Pentecostes registrado em
Atos 2. O poder de Deus foi derramado sobre as pessoas.
2)
Tenham
Cristo morando em seus corações, pela fé.
O Espírito Santo habita
(mora) no crente. Este ato é feito pela fé pela confissão da boca do que crê.
Não sabeis que sois santuário de Deus e que o
Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o
destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado (I Coríntios 3:16).
3) Sejam unidos no corpo de Cristo pelo amor
“arraigados e alicerçados”.
O apóstolo usa duas figuras
de linguagem: a raiz da planta e o alicerce de construção. Ambos tem como
finalidade a sustentação. É através da raiz que a planta se mantém em pé e
recebe os nutrientes que são retirados da terra para se manter viva e viçosa. O
alicerce feito com ferro, tijolo e cimento garante a sustentação do grande
edifício.
4) Compreendam e experimentem o grande amor
de Deus
O amor de Deus é insondável,
imensurável e experimentado para muito além de do nosso entendimento. O amor de
Deus é singular.
5) Sejam
tomados, cheios de toda a plenitude de Deus
A plenitude de Deus é o ápice
do desejo de Paulo em prol dos cristãos de Éfeso.
É comum nos escritos de Paulo o uso de sentenças
encadeadas tais como: e... assim... a fim...que... para que...
São
encadeamentos de ideias que exprimem como a emoção dele vai crescendo, se
avolumando e tomando conta dele até ao ponto de chegar a um ápice de gozo,
alegria e satisfação. É uma maneira bem Paulina de expressar seu amor por Deus
e por suas ovelhas.
4. A DOXOLOGIA
DA ORAÇÃO DE PAULO PELOS CRISTÃOS DE ÉFESO (vs. 20,21)
“Ora, àquele que é poderoso para
fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu
poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas
as gerações, para todo o sempre. Amém!
O apóstolo Paulo exalta a
pessoa de Deus a grandiosidade de Sua obra na vida do crente:
.
Deus é Poderoso;
. A obra de Deus vai muito
mais além do que tudo quanto pedimos ou pensamos;
. Somente Deus é merecedor de
toda a glória;
. Jesus Cristo cumpriu a Sua
missão e glorificou o Pai;
. É responsabilidade da
Igreja - você e eu – dar glória a Deus.
. A glória de Deus é desde a
eternidade, por todas as gerações, para sempre.
Paulo
foi um grande, admirável e verdadeiro apóstolo. Eu não poderia encerrar este
estudo sem destacar "Algumas considerações sobre O VERDADEIRO APÓSTOLO":
1.
O verdadeiro apóstolo é
aquele que tem um compromisso sério com Deus, com o seu chamado, seu ministério
e com o rebanho que Deus colocou sob sua responsabilidade para pastorear - “... Fui constituído ministro conforme o dom da graça de
Deus a mim concedida segundo a força operante do seu poder. A mim, o menor de
todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das
insondáveis riquezas de Cristo” (Efésios
3:7,8).
2.
O verdadeiro apóstolo
mostra pelo exemplo que a vida de oração é tão importante e vital quanto o ar
que respira - “Orai sem cessar” (I Tessalonicenses 5:17).
3.
O verdadeiro apóstolo se
coloca diante do Pai em favor de suas ovelhas - “Por
esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai... não cesso de dar graças por
vós, fazendo menção de vós nas minhas orações.” (Efésios 1:16, 3:14,15).
4.
O verdadeiro
apóstolo serve com alegria a Deus e ao seu rebanho - “Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, fazendo
sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações” (Filipenses 1:3,4).
5.
O verdadeiro apóstolo zela pela saúde integral de
suas ovelhas a fim de que Cristo habite nela e seja fortalecida com a força do
poder de Deus - “para
que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com
poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite
Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em
amor” (Efésios 3:15-17).
6.
O verdadeiro
apóstolo conduz a sua ovelha a conhecer o amor de Cristo - “a fim de poderdes compreender, com todos os santos,
qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o
amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a
plenitude de Deus” (Efésios 3:18,19).
7.
O verdadeiro
apóstolo ensina o seu rebanho que a glória pertence a Deus e não ao
homem - “Ora, àquele que é poderoso para fazer
infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder
que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas
as gerações, para todo o sempre. Amém!”
(Efésios 3:20,21).
8.
O verdadeiro apóstolo é
aquele que não considera a sua vida preciosa para si mesmo - “Porém em nada considero a vida preciosa para mim
mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do
Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (Atos
20:24).
9.
O verdadeiro
apóstolo é aquele que se alegra em diminuir para que Cristo cresça
- “Convém
que ele cresça e que eu diminua” (João 3:30).
Que o SENHOR nos abençoe a sermos fieis em tudo que Ele colocar em nossas mãos para fazer.
[1]
Lição ministrada por Raquel Sueli de Almeida Alcantara da Silva, na "Classe de Gálatas, Efésios e Filipenses" da Primeira
Igreja Batista de Sobradinho, Brasília-DF, em 16/julho/2017.
[2] AS
DISCIPLINAS ESPIRITUAIS: ORAÇÃO. Disponível em https://directors.tfionline.com/pt/post/disciplinas-espirituais-oracao/.
Acessado em 12.jul.2017 às 19:25
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