Primeira Igreja Batista de Sobradinho
EBD – Classe Cartas Menores do Novo Testamento
Brasília, 17 de maio de 2020
Professora: Raquel Sueli de Almeida Alcantara da Silva
NÓS AMAMOS COMO DEUS NOS AMA?
TEXTO BASE: I João 4:7-12
INTRODUÇÃO
O
título da lição de hoje nos chama para uma reflexão. Nós bem sabemos que a
resposta a essa pergunta é NÃO. Por nós mesmos, com a nossa velha
natureza adâmica, caída e pecaminosa, não conseguimos amar na mesma medida e
proporção com que Deus nos ama. O salmista bem afirma esta verdade – “Eu sou pobre e necessitado,
...” (Salmo
40:17a NAA).
Nós
só conseguimos amar como Deus nos ama quando o próprio Deus faz uma mudança radical
em nós. Isso acontece quando Deus vem habitar em nós através do Espírito Santo,
aí SIM é que conseguimos ver as coisas e as pessoas sob o prisma de
Deus; então somos capacitados por Deus a amar e a perdoar como Ele; e, para que
isso aconteça, devemos orar como Davi – “Cria
em mim, ó Deus, um coração puro e
renova dentro de mim um espírito inabalável” (Salmo 51:10).
Vamos
refletir nas palavras inspiradas do apóstolo João. Vemos na passagem que o
autor da carta é bem didático em nos ensinar que Deus é amor. Um Deus amoroso
não deixaria a sua criatura perecer; portanto, Deus manifestou Seu amor
enviando Seu Filho Amado para realizar a propiciação pelos nossos pecados. Veremos
o significado de propiciação mais a frente, no v. 10. Diante de tal
manifestação de amor por nós, o que nos cabe é praticar o amor de Deus em nossa
vivência e relacionamento diários com nossos semelhantes. Desde o Antigo
Testamento, a Palavra de Deus aponta para a cruz de
Cristo como um lugar de encontro, de Deus com a humanidade e, do ser humano com
o seu próximo.
I. DEUS É AMOR (I João
4:7,8)
“Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor
procede de Deus... (4:7a)
Já falamos da forma
carinhosa que João trata e conquista a atenção de seus leitores. Ele os chama
de “Amados”. Na carta de I João notamos que a palavra “amados”
aparece 6 vezes; “filhinhos” 9 vezes e “amor” 19 vezes.
O comentarista bíblico
Guilherme W. Orr [1]
menciona que a carta de I João...
... é uma carta familiar do Pai
Celestial para os Seus filhinhos. O mundo é visto como estando lá fora. Aqui
Deus está preocupado com o procedimento de Seus filhos [...] Aqui a família é
importante [...] as cartas de João nos fazem sentirmo-nos em casa [...] João
está preocupado com a nossa proximidade com o Pai.
Vemos,
portanto, o quanto João foi um escritor movido pelo amor e zeloso com o rebanho
que Deus colocou sob a sua responsabilidade.
Guilherme Orr diz ainda que a carta de I João é escrita ... para filhos,
isto é, “os filhos de Deus, em outras palavras, apenas para os crentes” e que
“o capítulo 4 usa a palavra amor mais do que qualquer outro capítulo da Bíblia”.
João declara que “Deus é amor (4:8), mas a verdadeira manifestação desse amor é
mostrada no versículo 9”.
É
bom ressaltar que a carta é dirigida aos crentes e, portanto, são os cristãos
que devem ser a luz no mundo que jaz nas trevas conforme Jesus Cristo disse: “Vocês são a luz do mundo. [...] Assim brilhe também a luz de
vocês diante dos outros, para que vejam as boas obras que vocês fazem e glorifiquem o Pai de vocês, que está nos céus” (Mateus 5:14a,16 NAA).
João
estimula os crentes ao amor fraternal. Escrevendo sobre o amor fraternal, o
escritor e teólogo Daniel Conegero [2]
diz que
[...] na Bíblia
o amor fraternal significa um sentimento de bondade e afeição que vai além dos
laços sanguíneos. O amor fraternal enfatizado nos textos bíblicos caracteriza o
relacionamento dos verdadeiros cristãos que através de sua união com Cristo são
recebidos por Deus em sua família. No Novo Testamento o termo traduzido com o
sentido de “amor fraternal” geralmente é a palavra grega philadelphia. Curiosamente na literatura grega esse
termo e seus correlatos sempre são empregados para se referir ao sentimento de
pessoas da mesma linhagem familiar. Até mesmo no Antigo Testamento a ideia de
fraternidade estava muito restrita à comunidade judaica. Palavras como “irmão”
ou “próximo” normalmente significam algo como “compatriota israelita” (cf.
Levítico 19:17).
João ensinou o que ele aprendeu com Jesus. Ao contar a
parábola do bom samaritano, Jesus ensinou o amor fraternal. O samaritano
pertencia a um povo ao qual os judeus não viam com bons olhos e não se
relacionavam, entretanto, Jesus mostrou que aquele homem excluído demonstrou amor
fraternal a um desconhecido. O samaritano se compadeceu do estado daquele homem
semimorto. Ele não quis saber se o moribundo era judeu, ou até mesmo se era
outro samaritano. O seu amor o levou a agir em favor de um desconhecido. O samaritano
socorreu o homem moribundo prestando cuidados imediatos de assepsia ao colocar
óleo e vinho nos ferimentos; prosseguiu a viagem à pé, pois cedeu o seu animal
para carregar o ferido; proveu hospedagem e um cuidador para o pobre homem; pagou
pelo tratamento e se responsabilizou por cobrir o valor que excedesse ao que
ele estava pagando de imediato. (Lucas 10:30-37). O samaritano deu um grande
exemplo de amor pelo próximo, ele teve uma atitude muito diferente do sacerdote
e do levita judeus que se achavam tão santos e cumpridores da Lei, mas que
passaram pelo homem semimorto no caminho e o deixaram lá abandonado. O
verdadeiro amor, o Amor de Deus, move o nosso interior levando-nos a fazer algo
pelo outro.
“... e todo aquele que ama é nascido de Deus
e conhece a Deus” (4:7b)
João prossegue abordando
sobre o novo nascimento. Em seu evangelho ele menciona o diálogo de Jesus com
Nicodemos sobre esse assunto. Vamos conferir em João 3:1-21. Nicodemos era um
homem de proeminência em sua classe social. Ele pertencia a um grupo de judeus
que eram devotos à Torá, ou seja, os cinco primeiros livros da Bíblia, também
conhecidos como a Lei Mosaica.
O teólogo e escritor Tiago
Rosas[3]
nos informa sobre o termo Fariseu:
Segundo o Dicionário Wycliffe, é incerta a
origem tanto da palavra quanto do grupo religioso judeu que recebe este nome,
mas provavelmente, como sugere a palavra hebraica “parash”, fariseu
queira dizer “separado” e faça alusão ao partido
religioso que ao menos em tese pretendia demonstrar uma vida moral elevada e
distinta dos impuros. Provavelmente surgiram durante o cativeiro de Judá em
Babilônia ou durante o período interlinear, naqueles quase quatro séculos antes
de Cristo.
Nicodemos conhecia Jesus de
ouvir falar e isso despertou nele o desejo de conhecer o Mestre pessoalmente.
Mas como isso poderia acontecer se ele era um homem influente na sociedade? O
que as pessoas pensariam dele? Sua posição social estaria comprometida e
Nicodemos não queria se expor e se mostrar vulnerável.
Mas havia uma sede naquele coração,
algo que o impelia a conhecer os ensinos do Mestre. Nicodemos programou um
encontro pessoal com Jesus à noite (v.1). Frente a frente com Jesus, Nicodemos não
teve receio de declarar que reconhecia a autoridade divina de Jesus (v.2). O
Mestre, todavia, conhecedor do que estava no mais secreto do coração de
Nicodemos faz uma declaração que dá início ao diálogo que poderia mudar a vida
daquele homem – “A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se
alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (v.3 ARA). O comentarista bíblico Joel Bueno [4]
diz que
A observação de Nicodemos à
declaração de Jesus era a expressão viva de sua imaturidade espiritual. Até uma
criança teria o mesmo raciocínio! E é nesse ambiente de uma fé infantil e
humilde que o Espírito Santo traz discernimento e a inteligência espiritual
indispensáveis para o acolhimento da verdade que há no Evangelho. [...] o novo
nascimento ocorre quando o Espírito Santo faz uso da Palavra de Deus e gera no
pecador a fé que ele precisa para acolher a Graça de Deus, isto é, o amor de
Deus imerecido pelo pecador. Nos momentos seguintes daquela noite, Nicodemos
teve a oportunidade de ouvir o plano de Deus para a salvação pessoal dele e da
humanidade. O novo nascimento é espiritual e é a porta de entrada no Reino de
Deus. [...] O que Nicodemos ouviu foi suficiente para nascer de novo. Os frutos
do renascido o identificam como filho de Deus”.
Aquela noite de encontro
pessoal com Jesus certamente mudou a vida de Nicodemos. Por ocasião da Festa
dos Tabernáculos, Jesus foi para o templo e ensinava. Além do povo, estavam
presentes os principais sacerdotes e fariseus. Houve um embate entre Jesus, os
principais sacerdotes e os fariseus, e o povo foi incitado a se voltar contra
Jesus, pois esses líderes não criam que Jesus era de fato o Messias enviado por
Deus – “Nós,
todavia, sabemos donde este é; quando, porém, vier o Cristo, ninguém saberá
donde ele é”
(João 7:27). Esses homens
procuravam um motivo para prender Jesus e mandaram os guardas prenderem o
Mestre – “Os
fariseus, ouvindo a multidão murmurar estas coisas a respeito dele, juntamente
com os principais sacerdotes, enviaram guardas para o prenderem” (João 7:32).
Ao ouvirem Jesus, os
guardas não o prenderam, mas voltaram e testemunharam para os principais
sacerdotes e fariseus: “Jamais alguém falou como este homem” (João 7:46). Houve entre esses líderes uma suspeita de que
algumas autoridades e fariseus possivelmente teriam crido em Jesus – “Porventura, creu nele
alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus?” (João 7:48). Nicodemos estava ali no
grupo dos fariseus e ele se manifestou, discretamente, sobre a ordem dos demais
de seu grupo em mandar prender Jesus – “Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus,
perguntou-lhes: Acaso, a nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber
o que ele fez? (João
7:50,51).
Depois
que Jesus morreu, José de Arimateia foi até Pilatos requisitar o corpo de Jesus
para sepultar. Nicodemos também estava lá, acompanhou o sepultamento de Jesus e
colaborou levando perfumes para envolver o corpo do Mestre – “Depois disso, José de Arimateia, que era
discípulo de Jesus — ainda que em segredo, porque tinha medo dos judeus —,
pediu a Pilatos permissão para tirar o corpo de Jesus. E Pilatos deu permissão.
Então José de Arimateia foi e retirou o corpo de Jesus. E Nicodemos,
aquele que anteriormente tinha ido falar com Jesus à noite, também foi levando
cerca de trinta e cinco quilos de um composto de mirra e aloés. Tomaram,
pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os óleos aromáticos, como
é costume entre os judeus na preparação para o sepultamento” (João 19:38-40).
Para
estar entre os seguidores de Jesus e sepultando o corpo do Mestre, Nicodemos
precisou romper muitas barreiras, a começar, deixando o grupo dos fariseus e
optando estar entre os seguidores de Jesus. Creio que naquele momento, mais
abertamente, Nicodemos estava dando testemunho de seu novo nascimento,
corroborando assim o que a Palavra de Deus: “Porque, assim como os céus são
mais altos do que a terra, assim os meus caminhos são mais altos do que os seus
caminhos, e os meus pensamentos são mais altos do que os pensamentos de vocês.
Porque, assim como a chuva e a neve descem dos céus e para lá não voltam, sem
que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente
ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: não
voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a
designei”
(Isaías 55:9-11).
O novo nascimento nos dá
discernimento para conhecer intimamente a Deus e forças para romper com tudo
aquilo que nos prende e nos afasta de Deus. O novo nascimento tira de nós tudo
o que nos oprime, o medo, o anonimato e nos dá alegria e intrepidez para
declarar que somos de Cristo.
II. O AMOR DE DEUS
MANIFESTO AO MUNDO (I João 4:8-10)
“Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (4:8)
Deus é real e a Sua
natureza se revela pelos seus atributos. O comentarista Bíblico Bancroft [5]
nos ensina que
Os atributos de Deus, portanto, são
aquelas características essenciais, permanentes e distintivas, que podem ser
afirmados a respeito de Seu Ser. Seus atributos são Suas perfeições,
inseparáveis de Sua natureza e que condicionam Seu caráter”.
Os
atributos de Deus se dividem em Naturais e Morais. Os atributos Naturais de
Deus são:
1)
Deus é Vida – “Porque assim como o Pai tem a vida em si mesmo, também concedeu
ao Filho ter a vida em si mesmo”
(João 5:26).
2)
Deus é Espírito – “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em
espírito e em verdade” (João
4:24).
3)
Deus é Pessoa – “Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás
aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros” (Êxodo 3:14).
4)
Deus é Triuno – “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão
do Espírito Santo sejam com todos vós” (II
Coríntios 13:13).
5)
Deus auto-existe – “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe,
sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos
humanas; nem é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma
coisa, pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais. De
um só homem fez todas as nações para habitarem sobre a face da terra, havendo
fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua
habitação; para buscarem Deus se, porventura, tateando, o possam achar,
ainda que não esteja longe de cada um de nós; pois nele vivemos, nos
movemos e existimos, como alguns dos poetas de vocês disseram: “Porque dele
também somos geração” (Atos 17:24-28).
6)
Deus é eterno – “Antes que os montes
nascessem e tu formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és
Deus” (Salmo 90:2).
7)
Deus é imutável – “Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó,
não sois consumidos”
(Malaquias 3:6).
8)
Deus é onisciente – “A palavra ainda nem chegou à minha
língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda” (Salmo
139:4).
9)
Deus é onipotente – “Jesus, fitando neles o olhar, disse-lhes:
Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível” (Mateus 19:26).
10) Deus é onipresente – “Para onde me
ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá
estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo
as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda ali a tua mão me
guiará, e a tua mão direita me susterá” (Salmo
139:7-10).
Os
atributos Morais de Deus são:
1)
Santidade – “Porque escrito está: Sede santos. Porque eu sou santo” (I Pedro 1:16).
2)
Retidão - “Para anunciar que o Senhor é reto. Ele é a minha rocha, e nele
não há injustiça” (Salmo 92:15).
3)
Justiça - “Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, benigno em todas as
suas obras” (Salmo
145:17).
4)
Amor – “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (I João 4:8).
5)
Misericórdia - “Benigno e misericordioso é o SENHOR, tardio em irar-se e de
grande clemência”
(Salmo 145:8).
6)
Graça - “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de
vós, é dom de Deus” (Efésios
2:8).
Vimos
então, que o Amor é um atributo moral de Deus. Isso nos mostra que é sempre
Deus quem toma a iniciativa para se comunicar com o ser humano; e é Ele, somente
Ele, que tem o melhor para a humanidade. Quando a pessoa conhece a Deus por
meio do sacrifício vicário de Jesus Cristo, então é capaz de amar, pois o
atributo moral de Deus é compartilhado no coração humano. Deus nos dá do Seu
amor – “Vede
que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de
Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele
mesmo” ( I João 3:1).
O amor de Deus é gratuito e está disponível a toda a
humanidade agora mesmo!
“Nisto se
manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho Unigênito
ao mundo para vivermos por meio dele” (4:9)
João
escreve aos cristãos e relembra-os que Jesus Cristo é a manifestação perfeita
do amor de Deus em nós. Bancroft [6]
diz que
A Pessoa de Jesus Cristo não somente
está firmemente engastada [7]
na história humana e gravada nas páginas abertas das Escrituras Sagradas, mas
também é experimentalmente materializada nas vidas de milhões de crentes e
entrelaçada no tecido de toda a civilização digna desse nome.
É Jesus é quem dá sentido à
nossa razão de viver. Fora de Jesus Cristo não há vida. A vida eterna está
NELE, porque Jesus é o Cordeiro perfeito que satisfez o pagamento pelo pecado,
pela ofensa a Deus - “Jesus, porém, tendo
oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra
de Deus”
(Hebreus 10:12).
A iniciativa de salvar o mundo partiu
de Deus em enviar seu Filho. Em Gênesis 3:15 temos a primeira profecia do envio
de Jesus Cristo, o Filho amado de Deus e de Sua obra redentora pela humanidade.
Gênesis 3:15 é o proto-evangelho no Antigo Testamento; isso quer dizer que foi
a primeira vez no mundo que houve um vislumbre ou um reflexo de luz do
Evangelho, das Boas Novas de salvação. E o mais maravilhoso é que esse
proto-evangelho foi pregado e prometido pelo próprio Deus.
Deus comunicou
imediatamente ao Diabo o proto-evangelho [8]
e fez com que o Diabo soubesse em primeira mão que ele já estava derrotado,
pois o Filho Único e perfeito de Deus, “... o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo...” (João 1:29) haveria de derrotá-lo e
destruí-lo para sempre. O Diabo conseguiu fazer com que Adão e Eva pecassem desobedecendo
o Criador e como consequência o casal e toda a humanidade que deles procederam também
estão espiritualmente separados de Deus, sujeitos a uma vida terrena
pecaminosa, perecível e destinados à morte física e espiritual. O que parecia
uma vitória do Diabo se tornou em sua derrota e juízo, pois os planos de Deus
são eternos e jamais são frustrados. Temos de Deus esta abençoada promessa: “Visto que a morte veio
por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim
como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (I Coríntios 15:21,22).
Em Cristo temos a vida
plena, eterna e a vitória sobre Satanás e a morte.
“Tragada foi a morte
pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória?
Onde está, ó morte, o
teu aguilhão?
O aguilhão da morte é o
pecado, e a força do pecado é a lei.
Graças a Deus, que nos
dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.
(I Coríntios 15:54d-57)
“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus,
mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos
pecados” (4:10)
Quando Adão e Eva pecaram
eles sentiram medo e se esconderam. Em seu esconderijo buscaram uma solução
paliativa e efêmera para cobrir a sua nudez e se apresentarem perante Deus.
Agora eram pecadores, desfigurados espiritualmente e incapazes de resolver a sua
salvação. Deus, em Sua infinita misericórdia, providenciou uma roupa de peles
de animal. Com isso, Deus estava ensinando-os o sentido da expiação pelo
pecado.
O pecado produziu a
inimizade entre Deus e a sua criatura. A única maneira de estabelecer as pazes
novamente, ou seja, a reconciliação, seria o derramamento do sangue de
um inocente. A vida está no sangue. Um inocente estava morrendo no lugar do
casal para que eles pudessem ser cobertos, purificados e se apresentassem
perante o Seu Criador sem a mácula do pecado. A iniciativa e o ensino de Deus estava
apontando para o futuro e para a obra que Jesus faria na cruz, expiando,
pagando pelos nossos pecados através do derramamento de Seu sangue em favor dos
pecados da humanidade desde o Éden até hoje. Quando aceitamos pela fé a Jesus
Cristo em nossa vida como nosso Senhor e Salvador, estamos fazendo as pazes com
Deus e somos aceitos por Ele. Deus olha para nós e vê o sangue do Cordeiro Santo
e Imaculado. Deus vê Jesus Cristo! – “no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos
pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Efésios
1:7).
Deus não implora o nosso amor por Ele e
nem impõe condições para O amarmos. O amor de Deus é incondicional – “Mas Deus demonstra o
seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando éramos ainda pecadores” (Romanos 5:8). O amor de Deus se move de íntima compaixão
pelas mais de 7 bilhões e 700 milhões (7,7) [9]
de vidas que habitam o planeta Terra hoje. Ele conhece cada uma dessas pessoas
particularmente. Isso quer dizer que você e eu não passamos despercebidos aos
olhos de Deus.
E porque somos tão
preciosos e especiais para Deus, por amor a nós Ele fez de Seu Filho querido a
propiciação pelos nossos pecados. A palavra propiciação descreve um aspecto
importantíssimo da salvação, ela está ligada ao fato de aplacar ou acalmar a
ira de Deus. Vimos no versículo 7 que Deus é Amor. Deus também é Santo, Justo e
Reto. Portanto, todo e qualquer pecado e perversão estão sob a ira de Deus – “A ira de Deus se revela
do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela
injustiça” (Romanos
1: 18).
O propiciatório que estava
no tabernáculo era a tampa da arca da aliança. Uma vez por ano o sumo sacerdote
entrava no Santo dos Santos e colocava no propiciatório o sangue do sacrifício de
animais feito pelos pecados do povo de Israel. O sangue era um pedido de perdão
pelos pecados cometidos, ao mesmo tempo em que apresentava a Deus a morte de um
animal perfeito e inocente no lugar do povo. O sangue no propiciatório tinha
como objetivo reconciliar os pecadores com o Deus Santo, Justo e Reto.
No Novo Testamento, o propiciatório é a cruz onde Jesus Cristo foi crucificado
e derramou o Seu sangue em favor de muitos, de uma vez por todas - “... porquanto derramou
a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si
o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu. Quando, porém, veio
Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais
perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não
por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou
no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção” (Isaías 53:12b; Hebreus 9:11,12).
Ah! Como é grande o Amor de
Deus por nós! Não merecemos, mas Deus nos dá abundantemente. Que nossos
corações agradecidos cantem exaltando nosso Salvador:
Lindo, lindo, lindo és. Glória, glória eu
Te dou, Jesus, Jesus.
Lindo, lindo, lindo és. Glória, glória eu Te dou, Jesus, Jesus...
Lindo, lindo, lindo és. Glória, glória eu Te dou, Jesus, Jesus...
III.
RECOMENDAÇÕES À PRATICA DO AMOR DE DEUS
(I João 4:11,12)
“Amados,
se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros” (4:11)
Depois de ensinar sobre o Amor de Deus
e como Ele se manifestou no mundo, o apóstolo João passa a recomendar aos
cristãos a prática do amor de Deus. Seu ensino é conclusivo “Se Deus de tal
maneira nos amou”. João chama a atenção dos cristãos para a grandeza do amor de
Deus manifesto na pessoa e obra de Jesus. O amor de Deus é imensurável “de tal
maneira”. O ensino de João sobre o amor de Deus está em sintonia com o ensino do
apóstolo Paulo aos efésios – “E assim, pela
fé, que Cristo habite no coração de vocês, estando vocês enraizados e
alicerçados em amor. Isto para que, com todos os santos, vocês possam
compreender qual é a largura, o comprimento, a altura e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo
entendimento, para que vocês fiquem cheios de toda a plenitude de Deus” (Efésios 3:17-19).
Impelidos
pelo amor de Deus derramado em seus corações os cristãos são conclamados à
prática do amor fraternal, à mutualidade cuja reciprocidade é valorizada e
incentivada. Os cristãos da igreja primitiva nos dão o exemplo de amor uns para
com os outros. Havia amor mútuo; todos perseveravam na sã doutrina pregada
pelos apóstolos; a comunhão no partir do pão e nas orações eram notadas no
Corpo de Cristo; todos tinham tudo em comum, de maneira que não havia
desigualdade social e cristã; a liberalidade era incentivada e praticada; a unanimidade
de espírito, a assistência assídua no templo e a comunhão ao redor das mesas
nos lares eram motivos de alegria e singeleza de coração; o louvor e o
testemunho eram características que contagiavam e atraíam as pessoas de fora para
dentro da igreja - “Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (Atos 2:47).
A Igreja cresce quando o Corpo de
Cristo vive a prática do Amor de Deus!
“Ninguém
jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu
amor, é em nós, aperfeiçoado” (4:12)
João faz referência ao que ele escreveu
no seu evangelho – “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio
do Pai, é quem o revelou” (João
1:18). Nenhum olho mortal viu a Deus, nem mesmo a Moisés foi permitido ver a
Deus por ser isso algo impossível (Êxodo 33:15-20), então, qual é o propósito
de João ao iniciar o versículo com esta afirmação? A resposta vem logo em
seguida. Quando nós amamos o nosso próximo e nossos irmãos uns aos outros por
meio de ações concretas, as nossas vidas evidenciam a existência de Deus e a
Sua presença viva em nós. O exercício do amor aperfeiçoa a obra de Deus em
nossa vida como igreja e revela Deus ao mundo.
Quando Deus nos transforma segundo a
imagem de Cristo, o amor, que é um atributo moral de Deus, entra em nós e assim
passamos a evidenciar que Deus habita em nós através do Espírito Santo.
O comentarista Champlin [10]
diz que “amar é ter aperfeiçoada em nós a extensão da presença do Pai” e
que “amamos a Deus amando a outros; ninguém pode desvincular as duas
realidades”.
CONCLUSÃO
Vimos
que Deus é amor e que Jesus Cristo, o Seu Unigênito Filho, é a mais perfeita
manifestação de amor que Deus nos deu.
E agora? Será que é
possível amarmos como Deus nos ama? Sim, é possível, pois quando amamos o nosso
próximo, nós o estamos amando com o amor de Deus que foi derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo (Romanos 5:5). Ao mesmo tempo, a prática do amor
fraternal é um modo de proclamarmos às pessoas que Deus existe, que Ele tem um grande
amor por elas e quer tê-las não somente como criaturas, mas como filhos e
filhas eternamente.
Que possamos nos dispor
para sermos proclamadores das Boas Novas de salvação e bons discípulos na
prática do amor cristão conforme o apóstolo João carinhosamente nos orienta – “Meus filhinhos, o nosso amor não deve ser somente de
palavras e de conversa. Deve ser um amor verdadeiro, que se mostra por meio de
ações” (I João 3:18 NTLH).
[1]
ORR, Guilherme W. 27 Chaves para o Novo Testamento: um manual prático para
estudo bíblico. São Paulo: Imprensa Batista Regular do Brasil, 1981.
[2] CONEGERO, Daniel. O que
é amor fraternal. Disponível em https://estiloadoracao.com/amor-fraternal/.
Acessado em 12.abr.2020 às 10:48.
[3]
O que significa “Fariseu”? Disponível em https://www.gospelprime.com.br/o-que-significa-fariseu/.
Acessado em 04.mai.2020 às 10:17.
[4]
BUENO, Joel Evangelista. João apresenta Jesus: estudos bíblicos – Volume I –
Caps. 1-10. São Paulo: Primeira Igreja Batista Bortolândia/Ministério de
Educação Cristã/EBD. Disponível também em http://vidacristasempre.blogspot.com/.
Acessado em 19.abr.2020 às 10:48.
[5]
BANCROFT, Emery H. Teologia Elementar: doutrinária e conservadora. São
Paulo: Imprensa Batista Regular, 1983.
[6]
Idem nota 5.
[8]
Proto significa: primeiro ou início. Evangelho significa: Boas Novas. O
proto-evangelho é o início das Boas Novas.
[9]
Informação disponível em https://www.overpopulationawareness.org/pt/.
Acessado em 10.mai.2020 às 17:03.
[10]
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por
Versículo. Volume IV [Tiago a Apocalipse].
São Paulo: Millenium Distribuidora Cultural Ltda, 1983.