QUAL O PROBLEMA COM O MUNDO?
Lição referente ao dia 13/04/2020, publicada no whatsapp da EBD "Cartas Menores do Novo Testamento" da Primeira Igreja Batista de Sobradinho, Brasília-DF, para os alunos estudarem em suas casas por ocasião do período de pandemia no Brasil. Professora: Raquel Sueli de Almeida Alcantara da Silva.
Texto Base: I João 2:15-18
INTRODUÇÃO:
O título da lição de hoje é bem
sugestivo para a nossa meditação. Desde que o pecado entrou no mundo (Gênesis 3)
a Criação enfrenta grandes problemas em várias áreas; eis algumas delas:
física, moral, espiritual, emocional, financeira, social, política, ambiental e
outras.
Antes de prosseguirmos, vamos definir a
palavra “mundo”.
A
palavra “mundo” é de origem grega “kosmos” e significa “o mundo organizado”. É
usada no Novo Testamento, algumas
vezes no sentido de “universo, o mundo criado” e no Antigo Testamento no sentido de “todas as coisas” ou como “o céu e a terra” (Atos 17:24 NAA[1]
- O Deus que fez o mundo e tudo
o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários
feitos por mãos humanas”). Nesse
sentido, o “mundo” foi criado pelo Verbo (João 1:10 NAA - O Verbo estava
no mundo, o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o conheceu”.) e
era justamente desse “mundo” que Jesus falava quando afirmou – “De que
adiantará uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará
uma pessoa em troca de sua alma?” (Mateus
16:26 NAA) [2].
Entretanto,
a humanidade é a parte mais importante do universo, por esta causa,
o vocábulo “kosmos”
é mais frequentemente utilizado no sentido limitado de seres humanos, sendo
então sinônimo da expressão grega hẽ oikoumenẽ gẽ, “a terra habitada”
que em português é igualmente traduzida por “mundo” no Novo Testamento[3].
Assim sendo,
desde que o pecado entrou no mundo, a humanidade está em rebelião contra Deus,
conforme nos dizem Salomão, em Eclesiastes 7:20 NAA “Não há nenhum justo sobre a terra que faça o bem e que
não peque” e o apóstolo Paulo em Romanos 3:23 NAA -“pois todos pecaram e
carecem da glória de Deus”. Além da rebeldia, o
pecado produziu consequências universais. O mundo se transformou em um lugar desordenado
e está debaixo do domínio do maligno conforme o apóstolo João nos informa em I
João 5:19 NAA -“Sabemos que somos de Deus e que
o mundo inteiro jaz no Maligno”.
O mundo em que vivemos não é mais o mundo que Deus desejava,
mas antes é o “mundo” em oposição a Deus, seguindo a sua própria sabedoria
humana e seu viver à luz de sua própria razão – I Coríntios 1:21 NAA “Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu
por sua própria sabedoria, Deus achou por bem salvar os que creem por meio da
loucura da pregação” . O comentarista
Douglas nos esclarece que
As duas características dominantes desse mundo são o orgulho,
originado do fato que o homem não aceita a posição de criatura nem sua
dependência do Criador, e que o leva a agir como se ele mesmo fosse o senhor e
doador da vida; e a cobiça, que o leva a desejar e a possuir tudo
quanto é atrativo aos seus sentidos físicos (I João 2:16 NAA - Porque tudo o que há no mundo - os desejos da carne, os
desejos dos olhos e a soberba da vida — não procede do Pai, mas procede do
mundo).
Creio que já deu para perceber o que
está acontecendo com o mundo, mas vamos continuar nossa reflexão sobre o texto
bíblico proposto na lição.
I.
A
VIDA QUE NÃO TEM FUTURO (2:15-17)
O
comentarista bíblico Barclay[4]
nos informa que na antiguidade, os judeus da dispersão entraram em contato com
a religião dos persas, o zoroastrismo; e essa religião deixou rastros no
pensamento judeu.
O
zoroastrismo via o mundo como o campo de batalha entre as forças opostas da luz
e das trevas. O deus da luz era Ahura-Mazda, e o das trevas Ahura-Mainyu. Havia
entre os dois um conflito eterno, e a grande decisão na vida era decidir de que
lado servir. Todo homem devia decidir aliar-se ou com a luz ou com as trevas.
Os judeus conheciam muito bem esta concepção religiosa.
A religião também faz parte
da cultura dos povos e revela a visão que cada povo tem do mundo. Toda cultura
tem algo que aproxima ou assemelha às verdades transmitidas da Palavra de Deus
e outras que destoam, distorcem ou se distanciam da Palavra inspirada por Deus.
Precisamos estar atentos a isso.
À luz da Palavra de Deus,
existe uma batalha invisível, mas real que está sendo travada entre o Bem e o
Mal, ou seja, entre Deus e Satanás desde que o pecado entrou no mundo – “Porque a nossa luta não é
contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas
regiões celestiais” (Efésios
6:12 NAA). O alvo desta batalha são os seres humanos. Nós sabemos que
Satanás já está derrotado, mas até que ele seja preso eternamente, a guerra
continua. O diabo não está amarrado coisa nenhuma! Ele está solto e ativo no
intuito de arrebanhar para si as vidas preciosas que Deus criou e deseja salvar.
Quando o apóstolo João diz “Não ameis o mundo...” (v. 15a) ele
não está aconselhando, mas ordenando. O cristão não deve se enamorar e nem amar
o mundo caído, depravado e desornado pelo pecado. O cristão deve amar e servir
a Deus, este é um mandamento proferido por Deus na Lei mosaica – “Portanto, ame
o SENHOR, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua
alma e com toda a sua força. Estas palavras que hoje lhe ordeno estarão no seu
coração” (Deuteronômio
6:5,6) e reiterado por Jesus Cristo - “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu
coração, de toda a sua alma, com todas as suas forças e todo o seu
entendimento.” (Lucas 10:27a).
Da mesma maneira, “...nem as coisas que há no mundo” (v.15a) devem ser o alvo do
amor do cristão. E o que há neste mundo desfigurado pelo pecado? O apóstolo
Paulo nos apresenta claramente em Gálatas 5:19-21 que no mundo existem obras
provenientes de corações humanos caídos pelo pecado. São obras produzidas pela
carne – “ Ora, as obras
da carne são conhecidas e são: imoralidade sexual, impureza,
libertinagem, idolatria, feitiçarias, inimizades, rixas, ciúmes, iras,
discórdias, divisões, facções, invejas, bebedeiras, orgias e coisas
semelhantes a estas. Declaro a vocês, como antes já os preveni, que os que
praticam tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (NAA).
João continua ensinando aos cristãos que “Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele”
(v. 15b). O amor ao mundo pode
ser visto na maneira como a pessoa fala, se comporta, age e faz suas escolhas.
Jesus advertiu que é impossível viver uma vida dupla, amando o mundo e dizendo
que ama a Deus – “Ninguém
pode servir a dois senhores; porque ou irá odiar um e amar o outro, ou irá se
dedicar a um e desprezar o outro” (Mateus 6:24a NAA). Quem ama
o mundo tem uma visão de amor distorcida e egoísta. O comentarista bíblico Champlin[5]
nos diz que
O amor do Pai libera o amor ao próximo, pois o amor ao
próximo, é na realidade, uma forma de amor a Deus, segundo se vê em Mateus
25:35-40 - Porque tive fome, e vocês me deram de comer;
tive sede, e vocês me deram de beber; eu era forasteiro, e vocês me hospedaram; eu
estava nu, e vocês me vestiram; enfermo, e me visitaram; preso, e foram me
ver.” — Então os justos perguntarão: “Quando foi que vimos o senhor com fome e
lhe demos de comer? Ou com sede e lhe demos de beber? E quando foi que
vimos o senhor como forasteiro e o hospedamos? Ou nu e o vestimos? E
quando foi que vimos o senhor enfermo ou preso e fomos visitá-lo?” — O Rei,
respondendo, lhes dirá: “Em verdade lhes digo que, sempre que o fizeram a um
destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizeram”. Portanto, o amor a Deus
nos “envolve” no mundo; mas na capacidade de servir aos outros, e não em
capacidade egoísta [...] O amor a Deus exige que nos interessemos pelos outros,
que sejamos servos de todos.
Assim sendo, o cristão que tem o amor Pai é aquele que vive e
age guiado pelo fruto que o Espírito Santo produz em sua vida - “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria,
paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio
próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus
crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos no
Espírito, andemos também no Espírito” (Gálatas 5:22-25).
O verdadeiro
amor vem de Deus, pois Deus é amor – “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de
Deus, e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não
ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (I João 4:7,8). O verdadeiro amor é cultivo do Espírito Santo
conforme vimos em Gálatas 5:22-25 e ele fornece a base para uma vida de santidade
e nos torna cada dia mais parecidos com a imagem de Cristo.
A seguir, João
apresenta três origens do pecado aos quais o cristão não deve jamais amar – “porque tudo que há no mundo, a concupiscência
da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai,
mas procede do mundo” (v. 16).
Definindo o significado de Concupiscência: O Novo Dicionário da
Bíblia[6]
explica que na língua hebraica, o termo hebraico concupiscência “nephesh”
expressa “ânsia ou desejo e traz em si a promessa de satisfação; e, na língua
grega a palavra se traduz como “epithimia” e expressa qualquer desejo violento, onde o
contexto ou adjetivo qualificativo determina sua natureza, boa ou má como por
exemplo: O puro desejo de Cristo declarado em Lucas 22:15 NAA – “Então Jesus lhes disse: — “Tenho desejado
ansiosamente comer esta Páscoa com vocês, antes do meu sofrimento”; e o
desejo do apóstolo Paulo em estar com Cristo manifesto em Filipenses 1:23 NAA -
“Estou cercado pelos dois lados, tendo o desejo de partir e
estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” . Entretanto,
em I Pedro 4:3 NAA – “Porque
basta que, no passado, vocês tenham feito a vontade dos gentios, tendo
andado em práticas libertinas, desejos carnais, bebedeiras, orgias, embriaguez
e em detestáveis idolatrias” a palavra concupiscência esta palavra
está em uma lista de vícios praticados pelos gentios e junto aos adjetivos: “mundana”
em Tito 2:12 NTLH[7] – Essa
graça nos ensina a abandonarmos a descrença e as paixões mundanas e a
vivermos neste mundo uma vida prudente, correta e dedicada a Deus” ; “maligno/maus
desejos”, em Colossenses 3:5 NAA - Portanto, façam morrer tudo
o que pertence à natureza terrena: imoralidade sexual, impureza,
paixões, maus desejos e a avareza, que é idolatria” ; “da
mocidade”, em II Timóteo 2:22 NAA “Fuja das
paixões da mocidade. Siga a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de
coração puro, invocam o Senhor” e do “engano” em Efésios 4:22 ARA[8] – “no sentido de que, quanto ao trato passado, vos
despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do
engano”.
1. “Concupiscência da carne”: a “concupiscência da carne” está diretamente ligada aos apetites sensuais, aos
desejos da carne e pela carne.
A seita herética dos gnósticos era muito perigosa e
ameaçava a igreja primitiva durante os primeiros três séculos. O Gnosticismo se origina
da palavra grega gnosis, a qual significa “saber”, pois os gnósticos acreditam
que possuem um conhecimento mais elevado, não da Bíblia, mas um conhecimento
adquirido por algum plano místico e superior de existência. Os gnósticos se
enxergam como uma classe privilegiada e mais elevada sobre todas as outras
devido ao seu conhecimento superior e mais profundo de Deus. Influenciado por
filósofos como Platão, o Gnosticismo é baseado em duas premissas falsas.
Primeiro, essa teoria sustenta um dualismo em relação ao espírito e à matéria.
Os gnósticos acreditam que a matéria seja essencialmente perversa e que o
espírito seja bom. Como resultado dessa pressuposição, os gnósticos acreditam
que qualquer coisa feita no corpo, até mesmo o pior dos pecados, não tem valor
algum porque a vida verdadeira existe no reino espiritual apenas[9].
O gnosticismo é um sério perigo à nossa fé cristã ainda
nos dias de hoje. A Palavra de Deus ensina que o nosso corpo pertence a Deus e
é a habitação do Espírito Santo – “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo,
que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?
Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (I Coríntios 6:19,20 - ACF[10]). Sendo o templo do Espírito Santo, nossos corpos devem ser apresentados e consagrados a Deus – “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional; e não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1,2 TB[11]).
Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (I Coríntios 6:19,20 - ACF[10]). Sendo o templo do Espírito Santo, nossos corpos devem ser apresentados e consagrados a Deus – “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional; e não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1,2 TB[11]).
2. “Concupiscência dos olhos”: A “concupiscência dos olhos” também está relacionada à concupiscência da
carne, porém o apóstolo João a menciona porque ele quer enfatizar que a visão,
ou seja, os olhos são a porta de entrada de desejos ilícitos. Foi através dos
olhos que Satanás seduziu Eva levando-a a pecar – “Vendo a mulher que a árvore era boa para se
comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar
entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido e ele comeu” (Gênesis 3:6 ARA).
O pecado entra através dos sentidos do corpo humano, que
produz o pecado no coração. É por isso que Deus é o maior interessado em nosso
coração – “Dá-me,
filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus
caminhos” (Provérbios 23:26).
A concupiscência dos olhos é o desejo de possuir o que vemos
e não temos, ou seja, as coisas com forte apelo visual. Satanás usa dessa
estratégia para atacar os discípulos de Jesus, fazendo-os cair em pecado e isso
acontece conosco também, algumas vezes abertamente e em outras de forma camuflada,
sorrateira e quase imperceptível. A respeito disso, Jesus nos adverte – “Os olhos são a lâmpada do
corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz; se, porém, os seus olhos forem
maus, todo o seu corpo estará em trevas. Portanto, se a luz que existe em você
são trevas, que grandes trevas serão!” (Mateus 6:22,23).
Vale aqui transcrever o texto de Vanderlei L. Bokorski
publicado em seu blog “Príncipe da Paz” [12]:
A concupiscência dos olhos abarca a cobiça, as conquistas
materiais, a ambição não do ser, mas do ter. Por essa concupiscência muitas
pessoas abandonam a Deus, seus caminhos para tornarem-se adictos do trabalho
(escravos), sem tempo para a família, para aproveitar o dom da vida e
principalmente para dedicar tempo e disposição para as coisas de Deus. Um bom
exemplo disso é Judas Iscariotes. Apesar de ter andado com Cristo, aprendido
com Cristo, visto as obras de Cristo, foi capaz de vender sua lealdade por 30
moedas [...] Satanás o tentou com a ambição, ambição já demonstrada
anteriormente pelo relato do Apóstolo João que refere-se a ele (Judas) como
ladrão. (João 12:6 NAA – “Ele disse isso não porque
se preocupava com os pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa do
dinheiro, tirava o que era colocado nela”)
Portanto, é necessário estar alerta e saber discernir as
astutas artimanhas do diabo, o nosso adversário, que “... anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para
devorar” (I Pedro 5:8b - ARA).
3. “Soberba
da vida”: uma vez que os olhos são atraídos despertando o desejo de
TER, como consequência, o desejo de SER acompanha a descida para o pecado da
soberba da vida. Os olhos de Eva viram que o fruto da árvore era bom
para se comer e agradável aos olhos; isso despertou nela as papilas
gustativas e o gosto por levar à boca e provar. A função das papilas gustativas
é enviar mensagens ao sistema nervoso central dizendo
se o alimento é bom ou não, identificando seu gosto. Eva também viu que
o fruto era desejável para dar entendimento, mas este entendimento não
era vindo de Deus, senão uma falsa promessa que o diabo despertou em Eva.
A mentira e a usurpação são
próprias da natureza de Satanás. Nem mesmo Jesus foi poupado quando foi tentado
(ver Mateus 4:1-10).
Bokorski[13]
ainda diz sobre a soberba da vida:
A soberba da vida
abarca a ambição não do Ter, mas do Ser. É a busca pelo reconhecimento.
Soberba, arrogância, prepotência são alguns dos frutos dessa vaidade. Em geral
esse mal aflige aqueles que já conquistaram fortuna, mas isso não é o bastante,
almejam também fama e poder. Particularmente acho esse mal o mais letal, porque
é comumente encontrado nas igrejas assim como no mundo. Quantos não são os
homens de Deus que vendem seus ministérios por um conchavo político, que
toleram o pecado dentro da igreja para manter o templo cheio, e com isso obter
prestígio (Ap 2:20 ARA – “Tenho, porém,
contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara
profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a
prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos” ). Sem contar
que esse tipo de concupiscência traz também em seu bojo condutas imorais,
corrupção e toda sorte de mazelas. É por esse tipo de canal que se estabelece
teologias materialistas, como a da prosperidade e da confissão positiva (que
são quase sinônimas). Um bom exemplo de alguém que vendeu seu ministério é
Balaão, Profeta de Deus, mas que pelas promessas de reconhecimento, de poder
ensinou a Balaque a lançar tropeços diante do povo de Deus. "Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque
tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar
tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da
idolatria, e se prostituíssem” (Apocalipse
2:14 ARA).
João não deixa dúvidas ao afirmar que a concupiscência da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida presentes no mundo NÃO
têm a sua origem em Deus, o Pai. Elas procedem do mundo e do diabo.
Prosseguindo, o apóstolo João mostra porquê este mundo em
que vivemos não tem futuro. Ele diz: “Ora, o
mundo passa, bem como a sua concupiscência; (v. 17a). O mundo em que vivemos
é passageiro, tem um tempo de existência limitado por Deus e, tudo o que nele
existe também tem sua finitude.
Deus revelou ao apóstolo João na Ilha de Patmos que Ele
(Deus) há de criar um novo céu e uma nova terra, livre do poder do pecado, da
presença e do domínio de Satanás – “E vi
novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar
já não existe” (Apocalipse 21:1 NAA).
João também anima os cristãos e assegura que “aquele, porém, que faz a vontade de Deus
permanece eternamente” (v. 17b). As pessoas são importantes para Deus. Ele as ama, quer
salvá-las por meio de Jesus Cristo e habitar nelas através do Espírito Santo.
Deus não tem prazer na morte das pessoas, mas em que vivam com a Trindade Santa
na eternidade – “O Senhor
não retarda a sua promessa, ainda que alguns a julguem demorada. Pelo
contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que
todos cheguem ao arrependimento” (II Pedro 3:9 NAA).
Mais à frente, João
assegura aos cristãos de seu tempo e a nós, a quem pertencemos e registra outro
motivo pelo qual este mundo em que vivemos não tem futuro – “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro
jaz no Maligno” (I João 5:19).
II.
O
TEMPO DA ÚLTIMA HORA (2:18)
“Filhinhos,
esta é a última hora. E, como vocês ouviram que o anticristo vem, também agora
muitos anticristos têm surgido; por isso sabemos que é a última hora” (v. 18).
Após a seção de ensino e exortação,
João passa a advertir os cristãos para que fiquem alertas para os sinais que
precedem a vinda do Senhor, a Parousia, à qual ele chama de “a última
hora”. O apóstolo expressa seu carinho e amor pelos cristãos chamando-os de “Filhinhos”. É também uma forma carinhosa
do idoso apóstolo se referir ao seu querido rebanho eclesiástico.
O comentarista Champlin[14]
afirma que a expressão “a última hora” aparece somente nesta passagem e deve ser
considerada equivalente às expressões “último dia” e últimos dias” e que,
quando João a utiliza, está reforçando o fato de que dias “críticos” estão por
vir.
João chama a atenção dos cristãos para
a realidade de que o aparecimento do “anticristo”,
aquele que há de se opor à Cristo, é certa; bem como o aparecimento de seus
seguidores, os falsos profetas gnósticos, os “anticristos” que se opunham e se opõem a Deus, à pessoa e obra
de Jesus Cristo, à Igreja e sua tarefa no mundo. A respeito desses opositores,
Jesus predisse em Mateus 24:23-28 – “Então, se alguém disser a vocês: “Olhem! Aqui
está o Cristo!” ou: “Ali está ele!”, não acreditem. Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas,
operando grandes sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios
eleitos. Eis que tenho predito isso a vocês. Portanto, se disserem a vocês: “Eis que ele está
no deserto!”, não vão lá. Ou, se disserem: “Eis que ele está no interior da
casa!”, não acreditem. Porque, assim como o relâmpago sai do Oriente e
brilha até o Ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem. Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os
abutres”.
Como
cristãos, precisamos ler e meditar na Palavra de Deus a fim de não sermos
enganados.
CONCLUSÃO:
A solução para o problema do mundo está
em Deus.
É de Deus que vem a salvação e é NELE
que está a nova vida. Deus enviou Seu Único Filho para morrer pela humanidade.
Jesus veio, morreu, ressuscitou venceu a morte, subiu ao Céu e voltará para
levar para Si todos quantos o receberam como Salvador e Senhor de suas vidas.
Enquanto isso não acontece, é nosso dever, como cristãos que somos, propagar a
mensagem do Evangelho até que Ele venha.
Estamos vivendo dias críticos e não nos
resta muito tempo neste mundo desfigurado pelo pecado. Que possamos trabalhar
para ganhar o máximo de almas para o Senhor enquanto aguardamos a bendita
esperança de Sua vinda em glória.
Porque o
Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a
trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão
primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados
juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares, e,
assim, estaremos para sempre com o Senhor. Portanto, consolem uns aos
outros com estas palavras. (I Tessalonicenses 4:16-18)
[1]
N.A.A: Versão Nova Almeida Atualizada.
[2]
DOUGLAS, J. D. (Org.). O Novo Dicionário da Bíblia. Tradução: João
Bentes. Volume II, São Paulo: Edições Vida Nova, 1962 [ Reimpressões:
1978,1979,1981,1983].
[3]
Idem nota n° 2.
[4]
BARCLAY, William. Comentário de I João. Tradução: Carlos Biagini.
Disponível em https://files.comunidades.net/pastorpatrick/1Joao_Barclay.pdf.
Acessado em 01.abr.2020 às 11:15.
[5]
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por
Versículo. 1ª. Edição, Volume VI (Tiago, I Pedro, II Pedro, I João, II
João, III João, Judas, Apocalipse). São Paulo: Milenium Distribuidora Cultural
Ltda, 1979.
[6]
Idem nota n° 2
[7]
NTLH: Nova Tradução na Linguagem de Hoje.
[8]
ARA: Almeida Revista e Atualizada
[9]
O que é gnosticismo cristão?. Disponível em https://www.gotquestions.org/Portugues/Gnosticismo-Cristao.html.
Acessado em 03.abr.2020 às 11:04.
[10]
ACF: Almeida Corrigida Fiel.
[11]
TB: Tradução Brasileira.
[12]
BOKORSKI, Vanderlei L. Concupiscência da Carne, concupiscência dos olhos e
soberba da vida. Disponível em http://jesuscristoprincipedapaz.blogspot.com/2011/08/concupiscencia-da-carne-concupiscencia.html.
Acessado em 03.abr.2020 às 17:09.
[13]
Idem nota n° 12.
[14]
Idem nota n° 5.
Nenhum comentário:
Postar um comentário