terça-feira, 5 de maio de 2020

Qual o problema com o mundo?


QUAL O PROBLEMA COM O MUNDO?

Lição referente ao dia 13/04/2020, publicada no whatsapp da EBD "Cartas Menores do Novo Testamento" da Primeira Igreja Batista de Sobradinho, Brasília-DF,  para os alunos estudarem em suas casas por ocasião do período de pandemia no Brasil. Professora: Raquel Sueli de Almeida Alcantara da Silva. 

Texto Base: I João 2:15-18



INTRODUÇÃO:
O título da lição de hoje é bem sugestivo para a nossa meditação. Desde que o pecado entrou no mundo (Gênesis 3) a Criação enfrenta grandes problemas em várias áreas; eis algumas delas: física, moral, espiritual, emocional, financeira, social, política, ambiental e outras.
Antes de prosseguirmos, vamos definir a palavra “mundo”.
A palavra “mundo” é de origem grega “kosmos”  e significa “o mundo organizado”. É usada no Novo Testamento, algumas vezes no sentido de “universo, o mundo criado” e no Antigo Testamento  no sentido de “todas as coisas”  ou como “o céu e a terra” (Atos 17:24 NAA[1] - O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas”). Nesse sentido, o “mundo” foi criado pelo Verbo (João 1:10 NAA -  O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o conheceu”.) e era justamente desse “mundo” que Jesus falava quando afirmou – “De que adiantará uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará uma pessoa em troca de sua alma?”  (Mateus 16:26 NAA) [2].
     Entretanto, a humanidade é a parte mais importante do universo, por esta causa,
o vocábulo “kosmos” é mais frequentemente utilizado no sentido limitado de seres humanos, sendo então sinônimo da expressão grega hẽ oikoumenẽ gẽ, “a terra habitada” que em português é igualmente traduzida por “mundo” no Novo Testamento[3].

         Assim sendo, desde que o pecado entrou no mundo, a humanidade está em rebelião contra Deus, conforme nos dizem Salomão, em Eclesiastes 7:20 NAA Não há nenhum justo sobre a terra que faça o bem e que não peque” e o apóstolo Paulo em Romanos 3:23 NAA -pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”. Além da rebeldia, o pecado produziu consequências universais. O mundo se transformou em um lugar desordenado e está debaixo do domínio do maligno conforme o apóstolo João nos informa em I João 5:19 NAA -“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno”.     
         O mundo em que vivemos não é mais o mundo que Deus desejava, mas antes é o “mundo” em oposição a Deus, seguindo a sua própria sabedoria humana e seu viver à luz de sua própria razão – I Coríntios 1:21 NAA “Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, Deus achou por bem salvar os que creem por meio da loucura da pregação” . O comentarista Douglas nos esclarece que
As duas características dominantes desse mundo são o orgulho, originado do fato que o homem não aceita a posição de criatura nem sua dependência do Criador, e que o leva a agir como se ele mesmo fosse o senhor e doador da vida; e a cobiça, que o leva a desejar e a possuir tudo quanto é atrativo aos seus sentidos físicos (I João 2:16 NAA - Porque tudo o que há no mundo - os desejos da carne, os desejos dos olhos e a soberba da vida — não procede do Pai, mas procede do mundo).

         Creio que já deu para perceber o que está acontecendo com o mundo, mas vamos continuar nossa reflexão sobre o texto bíblico proposto na lição.

I.            A VIDA QUE NÃO TEM FUTURO (2:15-17)
O comentarista bíblico Barclay[4] nos informa que na antiguidade, os judeus da dispersão entraram em contato com a religião dos persas, o zoroastrismo; e essa religião deixou rastros no pensamento judeu.
O zoroastrismo via o mundo como o campo de batalha entre as forças opostas da luz e das trevas. O deus da luz era Ahura-Mazda, e o das trevas Ahura-Mainyu. Havia entre os dois um conflito eterno, e a grande decisão na vida era decidir de que lado servir. Todo homem devia decidir aliar-se ou com a luz ou com as trevas. Os judeus conheciam muito bem esta concepção religiosa.

A religião também faz parte da cultura dos povos e revela a visão que cada povo tem do mundo. Toda cultura tem algo que aproxima ou assemelha às verdades transmitidas da Palavra de Deus e outras que destoam, distorcem ou se distanciam da Palavra inspirada por Deus. Precisamos estar atentos a isso.
À luz da Palavra de Deus, existe uma batalha invisível, mas real que está sendo travada entre o Bem e o Mal, ou seja, entre Deus e Satanás desde que o pecado entrou no mundo – Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais” (Efésios 6:12 NAA). O alvo desta batalha são os seres humanos. Nós sabemos que Satanás já está derrotado, mas até que ele seja preso eternamente, a guerra continua. O diabo não está amarrado coisa nenhuma! Ele está solto e ativo no intuito de arrebanhar para si as vidas preciosas que Deus criou e deseja salvar.
Quando o apóstolo João diz “Não ameis o mundo...” (v. 15a) ele não está aconselhando, mas ordenando. O cristão não deve se enamorar e nem amar o mundo caído, depravado e desornado pelo pecado. O cristão deve amar e servir a Deus, este é um mandamento proferido por Deus na Lei mosaica – Portanto, ame o SENHOR, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e com toda a sua força. Estas palavras que hoje lhe ordeno estarão no seu coração” (Deuteronômio 6:5,6) e reiterado por Jesus Cristo - “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, com todas as suas forças e todo o seu entendimento.” (Lucas 10:27a).
Da mesma maneira, “...nem as coisas que há no mundo”  (v.15a) devem ser o alvo do amor do cristão. E o que há neste mundo desfigurado pelo pecado? O apóstolo Paulo nos apresenta claramente em Gálatas 5:19-21 que no mundo existem obras provenientes de corações humanos caídos pelo pecado. São obras produzidas pela carne –  Ora, as obras da carne são conhecidas e são: imoralidade sexual, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçarias, inimizades, rixas, ciúmes, iras, discórdias, divisões, facções, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas. Declaro a vocês, como antes já os preveni, que os que praticam tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (NAA).
João continua ensinando aos cristãos que “Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (v. 15b).  O amor ao mundo pode ser visto na maneira como a pessoa fala, se comporta, age e faz suas escolhas. Jesus advertiu que é impossível viver uma vida dupla, amando o mundo e dizendo que ama a Deus – Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou irá odiar um e amar o outro, ou irá se dedicar a um e desprezar o outro” (Mateus 6:24a NAA). Quem ama o mundo tem uma visão de amor distorcida e egoísta. O comentarista bíblico Champlin[5] nos diz que
O amor do Pai libera o amor ao próximo, pois o amor ao próximo, é na realidade, uma forma de amor a Deus, segundo se vê em Mateus 25:35-40 -  Porque tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; eu era forasteiro, e vocês me hospedaram; eu estava nu, e vocês me vestiram; enfermo, e me visitaram; preso, e foram me ver.” — Então os justos perguntarão: “Quando foi que vimos o senhor com fome e lhe demos de comer? Ou com sede e lhe demos de beber? E quando foi que vimos o senhor como forasteiro e o hospedamos? Ou nu e o vestimos? E quando foi que vimos o senhor enfermo ou preso e fomos visitá-lo?” — O Rei, respondendo, lhes dirá: “Em verdade lhes digo que, sempre que o fizeram a um destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizeram”. Portanto, o amor a Deus nos “envolve” no mundo; mas na capacidade de servir aos outros, e não em capacidade egoísta [...] O amor a Deus exige que nos interessemos pelos outros, que sejamos servos de todos.

      Assim sendo, o cristão que tem o amor Pai é aquele que vive e age guiado pelo fruto que o Espírito Santo produz em sua vida - Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”  (Gálatas 5:22-25).
      O verdadeiro amor vem de Deus, pois Deus é amor – Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus, e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (I João 4:7,8). O verdadeiro amor é cultivo do Espírito Santo conforme vimos em Gálatas 5:22-25 e ele fornece a base para uma vida de santidade e nos torna cada dia mais parecidos com a imagem de Cristo.
      A seguir, João apresenta três origens do pecado aos quais o cristão não deve jamais amar – “porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (v. 16).
Definindo o significado de Concupiscência: O Novo Dicionário da Bíblia[6] explica que na língua hebraica, o termo hebraico concupiscêncianephesh” expressa “ânsia ou desejo e traz em si a promessa de satisfação; e, na língua grega a palavra se traduz como “epithimia”  e expressa qualquer desejo violento, onde o contexto ou adjetivo qualificativo determina sua natureza, boa ou má como por exemplo: O puro desejo de Cristo declarado em Lucas 22:15 NAA – “Então Jesus lhes disse: — “Tenho desejado ansiosamente comer esta Páscoa com vocês, antes do meu sofrimento”; e o desejo do apóstolo Paulo em estar com Cristo manifesto em Filipenses 1:23 NAA -  Estou cercado pelos dois lados, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” . Entretanto, em I Pedro 4:3 NAA – Porque basta que, no passado, vocês tenham feito a vontade dos gentios, tendo andado em práticas libertinas, desejos carnais, bebedeiras, orgias, embriaguez e em detestáveis idolatrias”  a palavra concupiscência esta palavra está em uma lista de vícios praticados pelos gentios e junto aos adjetivos: “mundana” em  Tito 2:12 NTLH[7]Essa graça nos ensina a abandonarmos a descrença e as paixões mundanas e a vivermos neste mundo uma vida prudente, correta e dedicada a Deus” ; maligno/maus desejos”, em Colossenses 3:5 NAA - Portanto, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena: imoralidade sexual, impureza, paixões, maus desejos e a avareza, que é idolatria” ;  da mocidade”, em II Timóteo 2:22 NAA Fuja das paixões da mocidade. Siga a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”  e do “engano” em Efésios 4:22 ARA[8]no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano.
         1. Concupiscência da carne: a concupiscência da carneestá diretamente ligada aos apetites sensuais, aos desejos da carne e pela carne.
A seita herética dos gnósticos era muito perigosa e ameaçava a igreja primitiva durante os primeiros três séculos. O Gnosticismo se origina da palavra grega gnosis, a qual significa “saber”, pois os gnósticos acreditam que possuem um conhecimento mais elevado, não da Bíblia, mas um conhecimento adquirido por algum plano místico e superior de existência. Os gnósticos se enxergam como uma classe privilegiada e mais elevada sobre todas as outras devido ao seu conhecimento superior e mais profundo de Deus. Influenciado por filósofos como Platão, o Gnosticismo é baseado em duas premissas falsas. Primeiro, essa teoria sustenta um dualismo em relação ao espírito e à matéria. Os gnósticos acreditam que a matéria seja essencialmente perversa e que o espírito seja bom. Como resultado dessa pressuposição, os gnósticos acreditam que qualquer coisa feita no corpo, até mesmo o pior dos pecados, não tem valor algum porque a vida verdadeira existe no reino espiritual apenas[9].

O gnosticismo é um sério perigo à nossa fé cristã ainda nos dias de hoje. A Palavra de Deus ensina que o nosso corpo pertence a Deus e é a habitação do Espírito Santo – Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?
Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus”
(I Coríntios 6:19,20 - ACF[10]). Sendo o templo do Espírito Santo, nossos corpos devem ser apresentados e consagrados a Deus – Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional; e não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1,2 TB[11]).
2. Concupiscência dos olhos: A concupiscência dos olhos”  também está relacionada à concupiscência da carne, porém o apóstolo João a menciona porque ele quer enfatizar que a visão, ou seja, os olhos são a porta de entrada de desejos ilícitos. Foi através dos olhos que Satanás seduziu Eva levando-a a pecar – Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido e ele comeu” (Gênesis 3:6 ARA).  
O pecado entra através dos sentidos do corpo humano, que produz o pecado no coração. É por isso que Deus é o maior interessado em nosso coração Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos  (Provérbios 23:26).
A concupiscência dos olhos é o desejo de possuir o que vemos e não temos, ou seja, as coisas com forte apelo visual. Satanás usa dessa estratégia para atacar os discípulos de Jesus, fazendo-os cair em pecado e isso acontece conosco também, algumas vezes abertamente e em outras de forma camuflada, sorrateira e quase imperceptível. A respeito disso, Jesus nos adverte – Os olhos são a lâmpada do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz; se, porém, os seus olhos forem maus, todo o seu corpo estará em trevas. Portanto, se a luz que existe em você são trevas, que grandes trevas serão!” (Mateus 6:22,23).  
Vale aqui transcrever o texto de Vanderlei L. Bokorski publicado em seu blog “Príncipe da Paz” [12]:
A concupiscência dos olhos abarca a cobiça, as conquistas materiais, a ambição não do ser, mas do ter. Por essa concupiscência muitas pessoas abandonam a Deus, seus caminhos para tornarem-se adictos do trabalho (escravos), sem tempo para a família, para aproveitar o dom da vida e principalmente para dedicar tempo e disposição para as coisas de Deus. Um bom exemplo disso é Judas Iscariotes. Apesar de ter andado com Cristo, aprendido com Cristo, visto as obras de Cristo, foi capaz de vender sua lealdade por 30 moedas [...] Satanás o tentou com a ambição, ambição já demonstrada anteriormente pelo relato do Apóstolo João que refere-se a ele (Judas) como ladrão. (João 12:6 NAA Ele disse isso não porque se preocupava com os pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa do dinheiro, tirava o que era colocado nela”)

Portanto, é necessário estar alerta e saber discernir as astutas artimanhas do diabo, o nosso adversário, que “... anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (I Pedro 5:8b - ARA).
3. “Soberba da vida”: uma vez que os olhos são atraídos despertando o desejo de TER, como consequência, o desejo de SER acompanha a descida para o pecado da soberba da vida. Os olhos de Eva viram que o fruto da árvore era bom para se comer e agradável aos olhos; isso despertou nela as papilas gustativas e o gosto por levar à boca e provar. A função das papilas gustativas é enviar mensagens ao sistema nervoso central dizendo se o alimento é bom ou não, identificando seu gosto. Eva também viu que o fruto era desejável para dar entendimento, mas este entendimento não era vindo de Deus, senão uma falsa promessa que o diabo despertou em Eva.
A mentira e a usurpação são próprias da natureza de Satanás. Nem mesmo Jesus foi poupado quando foi tentado (ver Mateus 4:1-10).
Bokorski[13] ainda diz sobre a soberba da vida:
A soberba da vida abarca a ambição não do Ter, mas do Ser. É a busca pelo reconhecimento. Soberba, arrogância, prepotência são alguns dos frutos dessa vaidade. Em geral esse mal aflige aqueles que já conquistaram fortuna, mas isso não é o bastante, almejam também fama e poder. Particularmente acho esse mal o mais letal, porque é comumente encontrado nas igrejas assim como no mundo. Quantos não são os homens de Deus que vendem seus ministérios por um conchavo político, que toleram o pecado dentro da igreja para manter o templo cheio, e com isso obter prestígio (Ap 2:20 ARA – Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos” ). Sem contar que esse tipo de concupiscência traz também em seu bojo condutas imorais, corrupção e toda sorte de mazelas. É por esse tipo de canal que se estabelece teologias materialistas, como a da prosperidade e da confissão positiva (que são quase sinônimas). Um bom exemplo de alguém que vendeu seu ministério é Balaão, Profeta de Deus, mas que pelas promessas de reconhecimento, de poder ensinou a Balaque a lançar tropeços diante do povo de Deus. "Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem”  (Apocalipse 2:14 ARA).

João não deixa dúvidas ao afirmar que a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida presentes no mundo NÃO têm a sua origem em Deus, o Pai. Elas procedem do mundo e do diabo.
Prosseguindo, o apóstolo João mostra porquê este mundo em que vivemos não tem futuro. Ele diz: “Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; (v. 17a). O mundo em que vivemos é passageiro, tem um tempo de existência limitado por Deus e, tudo o que nele existe também tem sua finitude.
Deus revelou ao apóstolo João na Ilha de Patmos que Ele (Deus) há de criar um novo céu e uma nova terra, livre do poder do pecado, da presença e do domínio de Satanás – E vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Apocalipse 21:1 NAA).
João também anima os cristãos e assegura que aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (v. 17b). As pessoas são importantes para Deus. Ele as ama, quer salvá-las por meio de Jesus Cristo e habitar nelas através do Espírito Santo. Deus não tem prazer na morte das pessoas, mas em que vivam com a Trindade Santa na eternidade O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a julguem demorada. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento”  (II Pedro 3:9 NAA).  
Mais à frente, João assegura aos cristãos de seu tempo e a nós, a quem pertencemos e registra outro motivo pelo qual este mundo em que vivemos não tem futuro – Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno”  (I João 5:19). 

II.         O TEMPO DA ÚLTIMA HORA  (2:18)
“Filhinhos, esta é a última hora. E, como vocês ouviram que o anticristo vem, também agora muitos anticristos têm surgido; por isso sabemos que é a última hora”  (v. 18)
Após a seção de ensino e exortação, João passa a advertir os cristãos para que fiquem alertas para os sinais que precedem a vinda do Senhor, a Parousia, à qual ele chama de “a última hora”. O apóstolo expressa seu carinho e amor pelos cristãos chamando-os de “Filhinhos”. É também uma forma carinhosa do idoso apóstolo se referir ao seu querido rebanho eclesiástico.
O comentarista Champlin[14] afirma que a expressão “a última hora” aparece somente nesta passagem e deve ser considerada equivalente às expressões “último dia” e últimos dias” e que, quando João a utiliza, está reforçando o fato de que dias “críticos” estão por vir.
João chama a atenção dos cristãos para a realidade de que o aparecimento do “anticristo”, aquele que há de se opor à Cristo, é certa; bem como o aparecimento de seus seguidores, os falsos profetas gnósticos, os “anticristos” que se opunham e se opõem a Deus, à pessoa e obra de Jesus Cristo, à Igreja e sua tarefa no mundo. A respeito desses opositores, Jesus predisse em Mateus 24:23-28 – Então, se alguém disser a vocês: “Olhem! Aqui está o Cristo!” ou: “Ali está ele!”, não acreditem. Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando grandes sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos. Eis que tenho predito isso a vocês. Portanto, se disserem a vocês: “Eis que ele está no deserto!”, não vão lá. Ou, se disserem: “Eis que ele está no interior da casa!”, não acreditem. Porque, assim como o relâmpago sai do Oriente e brilha até o Ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem. Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres”.
Como cristãos, precisamos ler e meditar na Palavra de Deus a fim de não sermos enganados.

CONCLUSÃO:
A solução para o problema do mundo está em Deus.
É de Deus que vem a salvação e é NELE que está a nova vida. Deus enviou Seu Único Filho para morrer pela humanidade. Jesus veio, morreu, ressuscitou venceu a morte, subiu ao Céu e voltará para levar para Si todos quantos o receberam como Salvador e Senhor de suas vidas. Enquanto isso não acontece, é nosso dever, como cristãos que somos, propagar a mensagem do Evangelho até que Ele venha.
Estamos vivendo dias críticos e não nos resta muito tempo neste mundo desfigurado pelo pecado. Que possamos trabalhar para ganhar o máximo de almas para o Senhor enquanto aguardamos a bendita esperança de Sua vinda em glória.

Porque o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Portanto, consolem uns aos outros com estas palavras.           (I Tessalonicenses 4:16-18)






[1] N.A.A: Versão Nova Almeida Atualizada.
[2] DOUGLAS, J. D. (Org.). O Novo Dicionário da Bíblia. Tradução: João Bentes. Volume II, São Paulo: Edições Vida Nova, 1962 [ Reimpressões: 1978,1979,1981,1983].
[3] Idem nota n° 2.
[4] BARCLAY, William. Comentário de I João. Tradução: Carlos Biagini. Disponível em https://files.comunidades.net/pastorpatrick/1Joao_Barclay.pdf. Acessado em 01.abr.2020 às 11:15.
[5] CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. 1ª. Edição, Volume VI (Tiago, I Pedro, II Pedro, I João, II João, III João, Judas, Apocalipse). São Paulo: Milenium Distribuidora Cultural Ltda, 1979.
[6] Idem nota n° 2
[7] NTLH: Nova Tradução na Linguagem de Hoje.
[8] ARA: Almeida Revista e Atualizada
[9] O que é gnosticismo cristão?. Disponível em https://www.gotquestions.org/Portugues/Gnosticismo-Cristao.html. Acessado em 03.abr.2020 às 11:04.
[10] ACF: Almeida Corrigida Fiel.
[11] TB: Tradução Brasileira.
[12] BOKORSKI, Vanderlei L. Concupiscência da Carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida. Disponível em http://jesuscristoprincipedapaz.blogspot.com/2011/08/concupiscencia-da-carne-concupiscencia.html. Acessado em 03.abr.2020 às 17:09.
[13] Idem nota n° 12.
[14] Idem nota n° 5.

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